O dever de sangue

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*Benerib*

Entre as areias negras de arrun, além dos rios de sal e das frias correntezas das terras das tormentas, um acontecimento reunia todo o povo em festividade.

Do palácio, grandes tecidos brancos caiam das janelas, com duas esfinges estampadas sobre eles, o povo gritava em comemoração ao futuro soberano do Egito que acabará de nascer.

Nem mesmo a efluência do calor que subia do chão distorcendo o horizonte acalentava os corações eufóricos, era o terceiro dia de bebedeira e ninguém havia saído das pontas das escadarias altas.
Os guardas reais correram e as posicionaram aos degraus, um trio por lado em todos os oitenta metros de escadas, Benerib foi a primeira da família real a saudar a multidão.

O colar de ouro cravejado de rubis, combinavam com o rubro sol do fim de tarde que brilhava em dobro, refletido sobre o rio que cortava a cidade, quase escondido entre as palmeiras que cresciam a margem.

O ar cheirava a cerveja, e qualquer som era incompreensível, seis guardas carecas como Benerib correram até a garota.

-Imaginei que viria para ver a cidade, mas não julguei que romperia o regulamento correndo a frente do amado do todo-poderoso Tesã. Disse Simut se apoiando sobre a lança como um pastor, com o peito subindo e descendo rapidamente recuperando o fôlego.

-Jamais, desrespeitaria meu pai desta maneira.
Apenas vim adiante para que pudesse me esconder atrás da estátua de Herrobhet, sabe que não sou simpática a multidões. - Respondeu Benerib mexendo nos brincos de ouro para disfarçar o nervosismo.
“De qualquer forma é melhor voltarmos para dentro, antes da saída do rei. Pois, alguém pode derramar a irá sobre nossas cabeças.” Disse Nefoth com a voz agitada.

Benerib amava seu pai, mas já entendia em seus treze anos que embora a tratasse com amor, era indiferente para a vida dos servos e de seus súditos.

É que o olhar estampado nos olhos de Nefoth era uma súplica desesperada pela própria vida.

Ela anuiu com a cabeça, e se virou em direção aos portões de cedro, quando der repente, tambores começaram a soar de dentro deles.

-Tarde demais, o rei está chegando.- Disse Simut
Os olhos de todos se arregalaram ao mesmo tempo, e as bocas repuxaram em uma expressão de pavor.

Recuaram da grande estátua de Herrobhet que a cinquenta metros de altura tomava conta do palácio e da cidade.

Todos se ajoelharam em reverência, o grito da multidão virou um só som de alvoroço.

Os trombeteiros foram os primeiros a aparecerem, seguidos dos tocadores de tambor que se recostavam a parede a medida que saiam.

Logo após, a guarda real marchou a frente se posicionando nas escadas e nos cantos, seguidos pelo grande Haroneph “o maior entre todos” e toda a família de sangue real.

As saúvas começaram, e o deus vivo se colocava para o povo a beira da escada, que o saudavam com folhas de palmas, gritos e danças.
-Servos do sol, e senhores de toda a terra assim os saúdo, aqui venho apresentar a está nação sagrada perante os homens e deuses, o futuro governante da nossa sagrada cidade..

Meu filho, venho com todos aqueles que foram feitos da minha carne presentear com as vossas preces, pois, nascemos para reinar, sobre como deuses sobre os reis.-Bradou aquele que é sobre todos.

– Vá para frente da estátua.- Sussurrou uma voz familiar por trás de Benerib.

Que se virando vê Aneksi, a mais velha concubina de seu pai.
-Ele pode se irar se eu aparecer sem permissão.

O despertar dos mártiresOn viuen les histories. Descobreix ara