Segunda carta

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26 de maio de 2020.

Laura,

Estou presa no nosso conto porque não consigo escrever mais nada, então apenas releio e releio as coisas antigas. Não consigo focar em escrever nenhuma história, nem me envolver com os personagens que estou tentando criar. Eu não sei o que fazer com todos esses sentimentos porque não consigo mais canalizá-los para escrever alguma coisa triste.

Toda a tristeza pelo seu sumiço foi transformada em raiva inflamada que me consome de maneira assustadora. Tá, tudo bem, eu sou dramática e amo descrever as coisas dez vezes pior do que realmente são.

A verdade é que não consigo ficar brava com você. Você é minha melhor amiga. Eu não sei, talvez você esteja curtindo em algum lugar com uma melhor amiga fantasma, mas sinto sua falta. Por mais que eu tente me acalmar, tudo relacionado a você é visceral, me esmaga por inteiro.

Você não liga se eu sou estranha, se eu não tenho nenhuma habilidade social para lidar com pessoas e nunca digo a coisa certa. Você não liga se eu não tenho jeito com as palavras. Você só... ficou. Por algum motivo, gostou de mim e achou que eu valia a pena.

Ignorando meus sentimentos intensos, obrigada por me acolher. Talvez seja a hora de aceitar que nem tudo é eterno.

Sentindo sua falta,

Alice

Anjos Como VocêWhere stories live. Discover now