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1.
"Cinza – do Latim cinis, “material sobrado de um processo de combustão, cinza”.
2.
Por ser uma cor neutra, o cinza não tem nas suas características a capacidade de estimular ou tranquilizar. Como não tem uma carga emotiva, é frequentemente caracterizada como uma cor enfadonha e sem movimento.
Algumas pessoas associam o cinza à perda, depressão, isolamento ou solidão."

FALLON

Quando Leroy Campbell entra em seu escritório, todo o calor, prazer, desejo... Tudo isso se dissipa rapidamente. Atlas é mais rápido que eu, se endireitando e ficando de costas para mim. Percebo que ele faz isso para impedir que seu pai me veja.

Subo meu vestido de forma desajeitada e saio de cima da mesa, no momento em que a porta é fechada e a luz acesa.

— Pai, eu posso explicar. — Atlas começa, ainda mantendo seu corpo perto, como se quisesse... Como se quisesse me proteger.

— Atlas, o quê... — os olhos do prefeito se voltam para mim e ele parece furioso. — Que pouca vergonha é essa e ainda no meu escritório?!

— Pai, nós não estávamos...

— Eu sei muito bem o que vocês estavam fazendo. E você... — ele parece me reconhecer rapidamente. — O que seus pais vão achar disso, senhoria Marshall?

Meu coração para e me odeio, me odeio, por sentir medo.

— Não precisamos tornar isso público... — Atlas tenta falar com o pai mais uma vez.

— Os pais dela precisam saber que tipo de filha estão criando. — e com mais um olhar cortante para mim, o prefeito sai do seu escritório para, com certeza, chamar meus pais.

Atlas solta a respiração que parecia estar prendendo e vira para mim. Não parece arrependido, mas... irritado. Será que está irritado por termos sido interrompidos?

— Você está bem? — mas essa irritação dá lugar a preocupação quando ele me olha.

Balanço a cabeça, assentindo. Não digo a ele que talvez não esteja bem daqui há algumas horas.

Ele abre a boca para dizer mais alguma coisa, mas a porta é aberta e meus pais entram. Engulo em seco quando os olhos de meu pai recaem sobre nós dois e ele percebe o que estávamos fazendo. Meu corpo reage quando seu rosto se contorce de raiva e desgosto, fazendo com que eu dê um passo para trás, batendo na mesa.

— O que o prefeito disse é verdade? — meu pai pergunta. Não que ele duvide do prefeito, apenas quer ouvir isso da minha boca.

— P-pai...

— Estava de sem-vergonhice com o filho do prefeito? — eu quase posso sentir a raiva dele como algo físico. Na verdade, eu sinto mesmo, pois ele me dá um tapa na cara.

Levo a mão ao rosto quando sinto a ardência tão forte que meus olhos se enchem de lágrimas.

— D-desculpe. — sussurro, sentindo cada osso meu tremer, como se eu fosse me desfazer. E se isso acontecesse, meu pai apenas juntaria os meus restos para que pudesse me dar a punição que eu mereço.

— Desculpe? Desculpe? Não pode passar apenas uma noite sem envergonhar sua mãe e a mim? — ele segura meu braço, apertando forte e me sacudindo.

— Parem com isso. Não precisam fazer isso com ela! — ouço a voz de Atlas e me arrisco a olhar para ele, vendo que está sendo mantendo afastado pelo seu pai, como se em algum momento ele tivesse vindo para cima de meu pai, mas seu pai o impediu de fazer alguma besteira.

— Não olhe para ele! — papai rosna, de alguma forma conseguindo apertar meu braço mais forte, lembrando-me que pode quebrá-lo se quiser, como fez quando eu tinha onze anos.

— Pai, faça alguma coisa! — ainda consigo ouvir Atlas, mesmo quando choro baixinho.

— Leroy, controle o seu filho, que da minha filha cuido eu.

— Vamos, Atlas.

Atlas continua dizendo como acha isso errado e pelos sons, acho que não está facilitando para o seu pai, como se tentasse chegar até mim. Mas não dura muito tempo e quando a porta fecha, outro tapa me acerta e dessa vez eu caio no chão.

←↑↓→

Horas depois, estou em meu quarto, deitada em minha cama e encolhida com uma bola. As lágrimas já pararam tem uma ou duas horas, não sei dizer. Parece que uma vida inteira passou desde o momento que meus pais conseguiram nos tirar da festa sem chamar muita atenção.

Ouvi os dois gritarem comigo o caminho todo para casa e ainda posso sentir meu rosto latejando, mesmo que meu pai não tenha me batido mais depois daquele último tapa. Mamãe o convenceu de que ali não era lugar. E acredite, ela não fez isso por mim e sim porque não queria que ninguém ouvisse ou visse o que eles fazem comigo.

Devíamos tê-la mandado para aquele internato, anos antes! — ouço minha mãe dizer no andar de baixo e me encolho mais ainda.

Com que cara vou olhar para o prefeito agora? — tenho certeza que ele não está se referindo ao fato de ter me estapeado e sim de sua filha ser uma vadia sem vergonha.

Você pediu por isso, sabia que era errado mexer com Atlas Campbell.

Sim, sim eu sabia, mas... Eu não consegui evitar. Não consegui ignorar aquela sensação de que precisava dele, que me tocasse. Precisava de seus lábios em minha pele e sei que ele gostou. Vi em seus olhos o quanto me queria também. E pela primeira vez, não me senti usada por ninguém. Todos os garotos que transam comigo, apenas fazem porque sabem que sou fácil e que com apenas algumas doses de álcool ou algum baseado, eu pego o primeiro que aparecer. Mas Atlas... Ele tem algo de puro nele... Como se fosse um diamante recém lapidado e brilhava, mas brilhava tanto que eu quis... quis sentir como era ter luz. E deve ter sido a coisa mais egoísta que já fiz na vida, mas que com certeza nunca vou me arrepender. Meu pai pode me bater mais dez vezes, mas nunca vou me esquecer de como foi bom ser olhada daquela forma, ser tocada com tanta delicadeza.


•~•

Coitada da minha pitica.

Isso foi apenas um pouco – infelizmente – do que a Fallon sofre e passa nas mãos dos pais, além do ódio que ela sente de se mesma.

Desculpa pelo Capítulo pequeno, mas alguns serão assim e outros maiores, pq né, equilíbrio é tudo.

Obrigada vcs que chegaram agora, tô simplesmente amando os comentários de vcs <3

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2bjs, môres♥

O Colorido No Meu Preto E Branco Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum