04 | Princípios Adolescentes

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#CaçandoVagalumes

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#CaçandoVagalumes

Por muito tempo, na época em que eu voltava para casa com o rosto molhado de lágrimas e alguns machucados no rosto, anos antes de entrar para a academia de artes marciais, eu criei uma política tão organizada quanto o próprio sistema regido pelo poder executivo do país.

A proposta coube como luva na minha rotina; desistindo de vencer a timidez, a usei como aliada, permanecendo na minha quietude por todo o tempo que conseguia, em seguida, somente quando eu era solicitado ou apenas no final do trimestre, na entrega de trabalhos e provas, colhia o resultado da chamada arrogância. Durante o período comum na escola, poucos humanos se importavam com a minha presença e desses, poderia destacar somente a inspetora do bloco onde estudava, a cozinheira chefe da cozinha e uma das zeladoras que me deixava passar os intervalos num jardim reservado para os professores.

Meu convívio social aos dez anos estava irrevogavelmente conectado à pessoas com mais de trinta anos, consequência, principalmente, pelo convívio exacerbado nos meios de Sunmi e vovó Lee.

Mamãe era enfermeira especializada com o cuidado de idosos, portanto, sua agenda oscilava com três casas de repouso e muitas vezes a acompanhei no trabalho, servindo de companhia para os velhinhos que sentiam falta de crianças ou apenas ouvindo as milhares de histórias de suas vidas; e eu amava ouvir cada detalhe dos contos, sobretudo quando envolviam guerras, revoluções, economia ou paixões.

Entretanto, de todos os meus amigos, o meu preferido era o senhor Moon. Ele morava a algumas quadras da minha casa e todos os finais de semana, eu pegava minha bicicleta violeta e pedalava para a casa com aroma de laranja e cor de pêssego. Lá passava todas as tardes, divagando sobre meus dias monótonos e o ajudando a cuidar das plantas de seu jardim, sendo ouvido com muita atenção, apesar de, na maioria das vezes, contar as mesmas informações, por não haver novos detalhes a serem lembrados.

Conheci o senhor Moon quando o adulto foi visitar sua mãe no asilo próximo da melhor praia de Busan, numa manhã ensolarada e com muito vento: era meu aniversário de doze anos. No primeiro momento, temi sua aproximação por nunca ter visto um homem como aquele na minha curta existência, escondendo-me na recepção como uma criancinha e com medo, tentando encaixar minhas pernas no espaço apertado e, com fome por ser quase hora do chá, aproveitei o tempo quieto para testar os novos feitiços que havia decorado na semana anterior. Por um deslize, quase fui descoberto pelo rapaz que ostentava uma bandana preta com caveiras, tatuagens assustadoras pelos braços desnudos e muitos piercings pelo rosto.

Ele me ofereceu uma rosa branca do buquê em sua mão, amolecendo quase automaticamente meu coração. Perguntou se poderia sentar ao meu lado e quando dei a permissão, ele sorriu bonito e me desejou um feliz aniversário, deixando-me confuso por ele saber da data. Contudo, em meio a nossa conversa, ele havia me dito que uma fada de cabelos azuis tinha contado para ele e, por um segundo, fiquei encantado por ele também poder ver os serzinhos que tilintavam como sinos.

Doces Poções • JJk+PJmOnde as histórias ganham vida. Descobre agora