02 | Doces Estranhos

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#CaçandoVagalumes

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#CaçandoVagalumes

Quando resolvi me mudar para Seul, não esperava algo grande. Havia apenas inventado uma forma de deixar Sunmi aproveitar a vida dela, tampouco importava-me se minha própria juventude seria deixada de lado.

Tinha planejado passar todos os dias trancafiado em meu quarto, aprendendo os costumes da capital, cozinhando alguma coisa que lembrasse minha casa e relendo os livros que comprei nos anos anteriores em algum festival de Busan. Estive convicto que realizaria meus planos, sem interferências. Contudo, mais uma vez, o destino usou-me como peça de seu tabuleiro e brincou comigo, fazendo com que um pequeno descuido acarretasse uma nova motivação para estar aqui. Não tinha sido a primeira vez que havia esquecido a janela aberta, porém, foi a primeira vez que um gato cinza tomou a liberdade de invadir o meu quarto, aproveitando o tempo sozinho para usufruir da minha nova banheira e ameaçar um duende reclamão, com seu focinho róseo e seu rabo felpudo.

Como um mecanismo de defesa, costumava evitar a todo custo qualquer contato com desconhecidos, usando a timidez apenas como um agravante. Conquanto, talvez somando a adrenalina da viagem, a ânsia pelo novo e o medo do futuro, o resultado fosse uma gota de coragem sendo dispersada pelo meu sangue através dos vasos sanguíneos, cuja levou-me até o portão dos vizinhos do meu pai, com um gato nomeado, curiosamente, com um nome de fruta nos braços, trajando um pijama e pantufas gastas de coelho, sendo minuciosamente observado por uma garota de vestido amassado e encarado por um garoto de aparelho dental que não deixou de sorrir desde que olhou-me nos olhos.

Pigarreei, incomodado com o excesso de averiguação, ainda esperando uma resposta para o questionamento anterior, recebendo apenas o olhar semicerrado do garoto em minha frente, qual sequer se importou em estar com alguns botões da camisa branca abertos, evidenciando a pele alva do pescoço, embora fosse possível notar alguns traços escuros escondidos na derme. Senti meu rosto queimar ao perceber meus olhos vidrados naquela área de seu corpo, todavia, fui incapaz de desviar o olhar, concentrado em analisar os ossos proeminentes da clavícula do outro rapaz.

ㅡ Viu Ji, você paralisou o garoto com essa feiura! ㅡ desviei o olhar para a garota, a vendo com os braços cruzados e o semblante sério. ㅡ Moço, o gato é nosso sim.

Franzindo o cenho levemente, olhei para meu colo vendo Abacate lamber meu colar, me levando a considerar que a ligação direta entre rochas e a natureza estavam atraindo o felino para a joia. Mordi o lábio inferior e afastei o animal do meu corpo, o estendendo com cuidado para a mais baixa, vendo uma careta se formar em seu rosto antes de apontar para o avermelhado, que soprou um riso incrédulo, negou com um movimento sutil do pescoço e segurou o tronco do gato, puxando com leveza para si, acariciando os pêlos cinzas do bichano.

ㅡ Você é um marginalzinho, garoto, precisamos dar um jeito nisso, uh?! ㅡ murmurou para o gato, raspando o nariz arrebitado na pelagem comprida. ㅡ Desculpe, Abacate tem uma mania estranha de entrar na casa dos vizinhos e se aproveitar da bondade deles. Ele não 'tava dentro da sua pia 'né?

Doces Poções • JJk+PJmWhere stories live. Discover now