Capítulo 23: Guerra escura

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Mulher do vestido preto narrando:

-Soldados, ataquem! -Gritou o papa em um ato definitivo para o começo da grande guerra.

Faz muito tempo que não os vejo... Os que trabalhavam no agora destruído cinema Flores Negras. Arthur está visualmente cansado e Levi se transformou no que deveria ser desde o princípio. A primeira vez que olhei para o filho de Lilith foi surpreendente, apesar de os outros não terem conseguido observar ou sentir, eu vi sua enorme aura escura guardada, contudo, sua força oculta não era nem metade do que agora estou presenciando. Mesmo sendo o filho de Lilith ele nunca chegaria a este nível em tão pouco tempo, este poder não é apenas dele.

Devo admitir que apesar de grotesca, a cena do campo de batalha era incrivelmente linda. Os soldados azuis foram em levas para cima de Lúcifer, enquanto caminhavam e pulavam para acertá-lo, o impacto de seus pés no chão fazia com que as lindas flores negras voasses pelo cenário. Quando eles finalmente chegaram até o pai das trevas, inúmeros prolongamentos negros saíram de seu corpo e atingiram pelo menos metade dos soldados, que morreram com um único golpe fatal. Eram prolongamentos longos e resistentes, qualquer um que fosse acertado por aquilo morreria em um piscar de olhos.

Dentre todos os soldados caindo e sangue jorrando pelo ar, vi um corpo magro e alto desviando de todas as extensões diabólicas e chegando perto do inimigo. Em algo perto de um milésimo de segundo, o homem magro que não consegui ver devido a sua extrema velocidade chegou até Lúcifer e parou em sua frente antes de desferir um soco que fez o ar tremer, porém foi segurado por apenas uma mão do tendeiro.

-E então, filho da traidora, acha que pode me derrotar apenas com isso? -Disse enquanto esmagava a mão de Levi

-Bom... Talvez não sozinho.

Um grande fio dourado passou por todos os prolongamentos enquanto os cortava e os fazia virar pó, assim se aproximando de Lúcifer e desferindo um golpe com sua espada brilhante.

-Como isso é possível? -Disse o papa enquanto via sua espada parada no pescoço do diabo, sem ao menos causar um arranhão nele.

-Eu disse, vocês nunca tiveram chance. -Com uma de suas mãos acertou o papa e o lançou contra os escombros do cinema, com a outra fez os punhos de Levi virarem poeira e o lançou para o mesmo lugar que o papa com um soco que abriu um enorme buraco em sua barriga. Seus golpes e sua própria presença eram tão poderosos que faziam a realidade estremecer. Olhei para o céu, agora está chovendo, a chuva é quente e ácida, mas negra e muito bela.

Ainda restavam muitos soldados, porém todos tinham um olhar sem esperança, como se já soubessem que a morte os aguarda.

Levi olha para mim e sai dos escombros recuperado, mas mesmo assim não parece bem. Receber um golpe do diabo é demais até mesmo para um demônio com alta capacidade de regeneração. Sem perder tempo ele vai até o papa e o tira dos escombros.

-Você está bem?

-Não muito... Não me regenero na mesma velocidade que você, mas não significa que sou mais fraco, ainda consigo lutar.

-Certo, preciso que confie em mim.

-O que pretende fazer?

-Reúna os mais fortes e o segure até eu voltar, se vocês conseguirem isso, talvez nós possamos ganhar.

-Mas o que pretende fazer, Levi?

-Não temos tempo, você terá que confiar em mim.

-Está bem... vou reunir os mais fortes, vamos segurá-lo o máximo que conseguirmos.

Levi narrando:

Eu obviamente havia notado a presença da mulher de vestido negro desde o começo, sua energia não é algo fácil de esconder. Após deixar tudo preparado e contar com a confiança do papa, fui até ela.

-Olá Levi, a quanto tempo. Vejo que está bem diferente de antes.

-Sinto muito, não tenho tempo a perder. Preciso fazer um pedido.

-Sabe Levi... Até demônios são afetados pela minha bebida. Logicamente são afetados menos do que humanos, e como você é um dos mais fortes, será ainda menos afetado. Porém pense bem Levi, parte deste poder não pertence a você, quando perdê-lo as consequências de ter tomado minha bebida e de ceder parte de sua alma e vida para mim começarão a aparecer. Então o que me diz? Aceita minha bebida? -Perguntou enquanto estendia o copo em minha direção.

-Não tenho escolha, me dê. -Disse enquanto pegava o copo de sua mão.

-Antes de beber, qual o seu desejo?

-Quero que me leve até Deus.

-Como é? -Perguntou com seus olhos arregalados. -Garoto, têm certeza que quer isso?

-Sim, e rápido, estou com pressa.

-Não posso te levar até Deus, mas posso te deixar no portão que é guardado pelo anjo mais forte do batalhão divino.

-Certo, então vamos. -Disse enquanto bebia tudo de uma vez só, realmente a sensação era horrível, mas comparado as torturas de Astaroth isso é apenas água.

-Quando desejar retornar, diga 'Ut Corpus Meum".

Um enorme vórtex negro se abriu e nós fomos rapidamente sugados por ele. Em poucos segundos pude abrir meus olhos novamente e me vi em um lugar lindo. O céu era azul com tons de violeta, olho para trás e vejo uma enorme escada que levava a uma cidade dourada milhares de metros abaixo do pico em que eu estava. Não havia muita coisa para se ver, o ambiente era mais vazio do que qualquer outra coisa, porém até a falta de algo era colorida e feliz, praticamente como se qualquer pecado ou sentimento ruim não existissem aqui.

Me viro e vejo uma grande casa dourada em minha frente, parecia ter sido desenhada pelo melhor dos arquitetos. Em sua entrada vejo um homem baixo velho de armadura prateada sentado em uma cadeira simples em frente a porta. Enquanto ando até ele sinto o quanto o ar é fresco e prazeroso de se respirar, o chão é leve de se pisar e as cores são extremamente vibrantes. Antes mesmo de poder descrever tudo, cheguei até o velho.

-Ei, velhote, onde está o anjo que guarda o portão?

-Por que quer saber, demônio?

-Como sabe que sou um demônio?

-Sinto sua energia asquerosa.

-O que? Tá querendo morrer velho?

-Você já está morto desde que pisou aqui, jovem perdido.

-O que disse? -Sinto a raiva em forma de uma densa energia escura cobrir meu corpo, ergo a mão e dou um soco no velho, que para meu golpe com apenas um dedo.

-Como isso é possível? Você é só um velho gagá!

-Então sinto muito meu rapaz, mas este velho asqueroso que está bem na sua frente é o anjo mais forte de Deus. -Não vi o que me atingiu, quando pude começar a entender novamente o que estava acontecendo, eu já estava no chão com um enorme buraco no meu peito ainda se regenerando.

-Pobre ser... É triste ver como as coisas fora do paraíso realmente estão indo de mal a pior. Por isso você e todos os outros que não estão aqui devem morrer.

-Cale a boca... Não me importo se você é o anjo mais forte de Deus ou não, ainda consigo cortar sua cabeça.

-É mesmo? Então tente, mas antes de te matar, quem é você?

Toda a escuridão sai de meu corpo e transforma o ambientes antes claro e vívido em um lugar sombrio e nebuloso. A raiva é grande ao pondo de raios de escuridão jorrarem de meu corpo, quebrando parte do piso quase que transparente do local e o transformando em uma rocha magmática estreita e defeituosa.

-Sou o filho do caos, meu nome é Levi. Guarde em suas lembranças antes de morrer.

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Flores negrasWhere stories live. Discover now