III

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O medo de acabar magoando ou ferindo os sentimentos de Denki era superior, e mesmo com a consciência gritando para ele parar, nada mudou. 

"Porra onde que tá a merda da carta" Ele pensou, abrindo uma caixa que estava perto da lixeira, do lado da escrivaninha. 

E por destino (ou pura sorte) lá estavam elas. Pequenos envelopes amarelos com os nomes dos destinatários gravados na caligrafia do loiro. Eram tantas que ele até se assustou, mas de uma coisa era certa: os boatos eram verdadeiros. 

Agora… teria Kaminari feito uma carta para Shinsou? Uma carta… de amor? 

Ele procurou pelo seu nome e rapidamente o achou, não estava em um canto fundo da caixa. 

Porém ele demorou demais, passos já eram ouvidos nos corredores da casa. Denki já estava vindo com a barca de sushi que sua mãe tinha comprado e iria pegar Hitoshi no flagra se ele não se apressasse. 

Dito e feito. Shinsou fechou a caixa e se jogou na cama, enfiou o envelope no bolso do moletom e fez uma pose nada suspeita. 

A porta foi aberta com um chute e Kaminari surgiu com as mãos ocupadas e cheias de comida. 

Demorei muito? Minha mãe começou a fazer a droga de um questionário sobre hoje e não me deixava subir 

Na verdade você foi bem rápido, eu tava só testando sua cama pra ver se era tão confortável quanto a minha – Ele se esticou no colchão e se envolveu no edredom com detalhes em amarelo. 

Óbvio que é mais confortável! Agora vem logo me ajudar com essa comida toda antes que eu derrube isso. 

Hitoshi se levantou e ajudou Denki a botar as coisas na escrivaninha, logo os dois estavam se entupindo de sushi e rindo de um seriado qualquer que passava na TV do quarto. 

Claro que eles não foram para a casa de Kaminari para estudar, era só para passar um tempo juntos. Nenhum dos dois admitia os sentimentos que tinham um pelo outro então, aos olhos de todos, eles eram apenas dois grandes amigos de turmas diferentes. 

Horas se passaram e logo Shinsou teve que ir embora e voltar para sua casa. Os dois desceram as escadas e foram juntos até a porta de entrada. 

Te vejo amanhã, certo? 

— Claro, se eu não ficar doente misteriosamente… 

Nem ouse ficar! Amanhã eu vou na sua casa, esqueceu? 

— Ah sim… okay, não ficarei. 

— Vou fazer questão de chegar cedo amanhã, quem sabe tu não recebe uma visita minha na sua sala. 

Soou meio gay, amigão 

— Ah vai a merda Shinsou! Essa fala é minha! 

Os dois riram e deram tchauzinhos. Shinsou entrou no carro do pai que aguardava pacientemente do lado de fora. 

A viagem de volta foi em completo silêncio, o garoto nunca teve uma relação boa com o pai e não sabia muito bem como interagir com ele sem parecer estranho ou forçado demais. E o seu pai não fazia o menor esforço para tentar manter contato com o filho, apenas o buscava quando estava longe demais para voltar a pé. 

Após alguns minutos eles chegaram em casa, Shinsou foi direto para o quarto, deixando o pai na sala ou onde quer que ele fosse ficar. 

Trancou a porta e se jogou na cama do mesmo jeito que tinha feito com a de Denki. Ele enfiou as mãos no bolso e tirou o envelope – agora amassado – e o observou com mais atenção. 

Era amarelo e tinha "Shinsou Hitoshi" escrito com caneta roxa na frente. Um envelope bem simples, para ser sincero. O que o segurava era um adesivo que qualquer caderno tem. 

Hitoshi tirou o adesivo com delicadeza para não rasgar e abriu a tal carta, lá dentro tinha uma folha de caderno dobrada e bastante rabiscada. Todas as folhas estavam preenchidas com palavras que provavelmente foram escritas com uma Bic de tinta preta preta. 

Vamos ver o que Kaminari Denki pensa sobre mim. – Ele disse em voz alta para si mesmo. 

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cap curto pq o próximo vai ser só a carta e eu queria deixar um cap so pra carta pra ser mais organizado JQJJWJSJWJDK

Publicado em: 23/05/2021

Palavras nunca ditas | KamishinWhere stories live. Discover now