A Última Música

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Eu não faço a menor ideia de como vou ser recebida, principalmente pela minha irmã, faz dois anos que não nos falamos. Desde que fui embora ela não me perdoou, eu entendo ela, deixe ela sozinha nesse inferno, mas eu precisava tentar mudar de vida, por nós duas, infelizmente não tenho muito ainda, ou melhor, não tenho nada. Mas minha faculdade é minha chance de ser uma grande produtora e eu vou conseguir, pena que minha mãe não vai estar aqui para ver.

Como não tinha nenhum voo disponível, tive que esperar quase cinco horas para conseguir embarcar e quase onze horas de voo para chegar em Londres. Que saudades desse lugar, do clima, das pessoas, da minha irmã.

Desço e vou direto para área de desembarque, pego minha mala e vou procurar um táxi.

Peço pra ele me deixar no grill, tenho que tentar entender melhor tudo, antes de ver a Lizzie, não sei como ela vai reagir, nem eu, é minha mãe, eu não estou acreditando ainda.

Coloco meu fone de ouvido, na pasta da série "the vampire diaries" isso mesmo, minha playlist é organizada pala trilha sonora de séries e filmes, e sem dúvidas essa série tem uma das melhores trilha sonora e mais triste que existe, sempre gosto de escutar música quando estou tentando me acalmar.

Seguimos caminho para o grill e sem perceber sinto lágrimas caindo em meu rosto, droga Kat, você não chora, lembra? Você tem que ser forte, pela Lizzie. Mas o medo está me apavorando, eu vou cuidar de uma criança e não sei se estou preparada para ver minha mãe em um caixão, apesar de tudo que aconteceu entre a gente, eu a amava muito e só queria que ela tentasse voltar a ser aquela mulher incrível que ela já foi um dia.

— Senhorita... — o motorista me chama — chegamos — ele diz educadamente.

— Desculpa, estava distraída — procuro o dinheiro em minha bolsa e entrego a ele.

— Tudo bem? — Ele pergunta, acredito que minha cara não está nada boa.

— Não muito, minha mãe acabou de falecer, minha irmã me odeia, minha vida está uma bosta — sou sincera, não tenho ninguém para desabafar, acho que ele foi a única pessoa que perguntou como estou em anos — me desculpa, o senhor não tem nada a ver com isso.

— Não precisa se desculpa, fique o tempo que precisa e saiba que isso é apenas uma fase, tudo pode mudar de uma hora para outra, continue sendo uma pessoa boa, porque você, atraí o que faz, e se você tem uma energia boa, um dia você vai atrair coisas sensacionais.

— Obrigada — sorrio fraco para ele, lhe entregando o dinheiro, mas ele nega.

— Fique, e leve sua irmãzinha para tomar um sorvete, ela vai precisar — agradeço e desço em frente ao grill.

Passo um tempo criando coragem para entrar, aqui foi meu lar por muitos anos, quando meu pai morreu, os donos começaram a tomar conta de mim e da minha irmã, já que minha mãe praticamente abandonou a gente.

Entro e de longe vejo Dona Deise, ela está escorada no balcão com uma vassoura na mão, seus pensamentos parecem longe. Observo o lugar e vejo que está do mesmo jeito, as mesas espalhadas pelo ambiente, duas mesas de sinucas bem ao centro, o balcão do bar man e um pequeno palco onde acontece os shows e karaokê, eu amo esse lugar.

— Precisando de uma mãozinha aí? — Pergunto a ela me olha surpresa, acho que ninguém esperava que eu fosse aparecer e talvez fosse melhor eu nem ter voltado mesmo.

— Filha — ela vem até mim com lágrimas nos olhos e me abraça. Um nó se forma em minha garganta, mas me esforço o máximo para não chorar, eu não posso ser fraca, não agora. — Eu sinto muito — ela segura nas minhas mãos apenas sorrio fraco pra ela.

Como num filmeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora