Capítulo 23.

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| AVA WILDE |

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| AVA WILDE |

A Vovó Elisa não perguntou porque eu tinha chegado muito cedo, ou porque de tantos lugares na fazenda, optei em ficar escondida no estábulo. Ela tinha coisas para fazer, e tocar a sua fazenda do jeito que gostava, por isso depois de uns minutos ela me deixou sozinha com Leon. 

Eu devia ficar agradecida por ela não ter tentando me fazer dizer o que estava errado. Estava claro que ela tinha percebido, mas a minha avó sabia quando insistir e quando recuar.

Não sabia que a minha expressão tinha deixado transparecer o meu estado de espírito, mas no silêncio que se seguiu depois da minha avó ter ido embora, Leon perguntou. 

— Você está bem? — ele não estava olhando para mim, por isso não daria certo dar de ombros. Ele estava focado na égua. 

Tinha alguns peões chegando, prontos para começar a rotina pesada de cuidar dos cavalos, mas a baía em que estávamos parecia ser afastada o suficiente de ouvidos alheios. Eu também não era burra de achar que existia algo que acontecesse nas terras da minha avó, que ela não saberia ou descobriria. Além dele ser um estranho para mim, não tinha vontade de me abrir. E eu não queria ter que explicar como eu cheguei nessa situação.

— Estou bem. — respondi. E resolvi mudar de assunto rápido. — Faz muito tempo que você trabalha para a minha avó? 

— Não, vai fazer um ano. — ele negou, parecendo a vontade. — Me mudei para Asheville há dois anos, até me acostumar com a cidade e conhecer a sua avó demorou um pouco. 

— Ah, sim. Está explicado porque não o vi antes. — eu disse, e senti uma pontada por negligenciar tanto a minha família e o lugar que eu nasci. Estava virando rotina me sentir mal porque fui ingrata com a minha família. — Sua filha gosta daqui? 

— Ela adora, principalmente o tempo que passa aqui na fazenda. — eu fiquei curiosa, e Leon elaborou. — Ela tem aulas de quitação com Elisa, Lily vem para cá três vezes por semana. 

Sorri pensando na cena, e me senti nostálgica. Eu passei por isso também quando era mais jovem, eu, Liam e Brie corríamos pela fazenda sempre que podíamos. Foi a melhor infância que poderíamos ter. Não tínhamos preocupações além de não nos meter em grandes encrencas.

As pequenas encrencas eram toleradas pelos meus avôs. A vovó Elisa era a que mais achava graça.

Leon falou um pouco sobre a sua filha, mas notei que não tocou no nome da esposa. Fiquei um pouquinho curiosa, mas quem era eu para bisbilhotar assuntos alheios?

Eu já estava me escondendo dos meus próprios problemas. Tinha vergonha de admitir isso, porque antes encarava qualquer situação de frente, mas agora me sentia uma criança nervosa sem saber como agir.

Pelo menos conversar com Leon serviu para me distrair, e foi calmante observar o cuidado do veterinário com a égua. O parto foi como eu tinha imaginado, e acabei me sujando um pouquinho. Foi uma confusão que eu não faria questão de lembrar ou presenciar de novo tão cedo, e quando acabou, eu estava ajoelhada próxima de um potro desengonçado e sujo de sangue e outras coisas que não queria pensar muito sobre.

Leon ainda tinha que verificar algumas coisas antes de ir embora, mas eu já tinha tomado muito do tempo dele e queria me limpar. Pelo menos tirar essa camisa. Me despedi dele, indo em direção da grande casa, querendo esbarrar com a minha avó, mas não a encontrei. 

Eu queria conversar com a minha avó e ao mesmo tempo não queria. Desabafar um pouco faria bem? 

Cumprimentei algumas pessoas que reconheci pelo caminho, no fim foi uma caminhada tranquila e quando entrei na minha casa de infância, acabei procurando pelo meu antigo quarto. Minha avó mal tinha mexido na casa depois que eu tinha me mudado, houve uma reforma na cozinha e na área externa onde ficava a piscina, mas era basicamente o mesmo lar da minha infância, por isso foi como voltar para casa quando entrei no meu quarto.

Estava praticamente o mesmo, intocado pelo tempo, mas totalmente limpo e isso devia ser obra da minha avó. Ela deixou praticamente do mesmo jeito que era na minha adolescência, e ainda havia posters na parede e algumas roupas nos armários. E nenhuma servia mais em mim. 

Eu não estava esperando passar um tempo ajoelhada no estábulo, e não queria voltar para casa de Liam ainda, não sabia se o meu irmão tinha voltado, já que não fazia muitas horas que eu estava aqui, mas ainda não tinha ensaiado uma boa explicação. Eu estava protelando, adiando a decisão óbvia. E eu tinha escolhido a fazenda para me esconder. 

Antigamente eu e Liam não escondíamos nada um do outro, isso era em parte por termos perdido nossos pais muito cedo. Tínhamos aprendido a contar um com o outro, e a vovó Elisa tinha decidido que o quarto dele seria do lado do meu.

Eu tinha perdido as contas de quantas vezes acordei de madrugada com o barulho que Liam fazia ao sair escondido de madrugada. Às vezes o nosso avô o pegava em flagrante, mas na maioria das vezes ele tinha sucesso. 

Liam foi um adolescente sorrateiro, mas que me ajudava sempre que eu precisava. 

Pensar nisso só me deixa mais triste. Mas como eu queria trocar pelo menos a minha camisa, fui no quarto dele. Não demorei pra achar uma camisa de flanela que servisse, e me troquei. 

Fiquei um tempo observando a mesma decoração de anos atrás, porque assim como o meu quarto, o de Liam havia parado no tempo. 

Era tudo mais fácil na época, e me peguei querendo voltar no tempo. Difícil seria escolher em que momento voltaria. Porque bastava um erro e me encontraria cometendo os mesmos enganos. 

Não me arrependo muito de ter saído de Asheville, porque tinha conhecido uma das melhores pessoas da minha vida, a Liv. Mas eu podia ter voltado antes, assim não conheceria Max. Talvez tivesse conhecido Theo antes também. 

Não adiantava nada imaginar esse tipo de coisa, já que o presente era o que tinha na minha frente no momento, e o meu futuro dependia totalmente de mim. 

Sem mais erros. 

Quando eu saí do quarto de Liam, segurando a minha camisa suja na mão, não estava preparada para a cena que encontrei no andar de baixo. 

A vovó Elisa estava parada no final da escada, de costas para mim e olhando na direção da porta da frente. Quando eu cheguei ao lado dela, ela me olhou de esguelha, a expressão minimamente confusa, mas os olhos dela estavam transbordando de humor. Praticamente dançavam de diversão. E isso me deixou instantaneamente alerta. Hmm.

— Eu vou querer saber o que foi isso? — sussurrou e eu finalmente segui o seu olhar. 

Theo estava parado, o homem alto e grande bloqueando um pouco da luz da manhã e os seus braços estavam cruzados. Não entendi porque ele estava ali, e a pergunta que estava na ponta da minha língua para perguntar exatamente isso, morreu ao ver o seu rosto machucado. 

Agora eu sabia onde Liam tinha ido.

E vamos de opiniões? Será que foi Liam mesmo? Quero saber o que vocês estão achando! ❤

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E vamos de opiniões? Será que foi Liam mesmo? Quero saber o que vocês estão achando! ❤

Ferida - Série Bombeiros de Asheville.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora