Capitulo Quatro

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Duas semanas haviam se passado mas Eda não conseguia tirar de sua mente aquela noite que aparentemente somente ela presenciou, mais uma noite de insônia em que Eda não conseguia tirar do seu coração aquele aperto, quase como uma angústia que não a deixava em paz.

Suas primas insistiam que ela estivera totalmente fora de si aquela noite, insistiam que ela devia esquecer, que todas aquelas imagens não passaram de um sonho estranho. Elas sabiam dos boatos, logicamentetodos ali sabiam, Fifi trabalhava na polícia e não era alheia aos rumores de criaturas que comandavam as noites, todos sabiam inclusive da vista grossa que muitas vezes as autoridades faziam para os “negócios” que ocorriam na boateKanlıAy, porém ninguém poderia se machucar, ninguém deveria morrer, esse era o trato, e era isso que foram investigar na boate, por que então de repente Fifi se tornou tão alheia a tudo? Nada parecia fazer sentido para Eda, muito menos para Efe, parceiro de Fifi no caso dos desaparecimentos, tanto que ele insistia que ambos deviam retornar à boate para mais perguntas aos proprietários, porém Fifi apenas o respondeu com um:

- Não é necessário

Aquilo não se encaixava, como todas continuavam suas vidas daquela maneira? Em duas semanas mais tres corpos foram encontrados nas redondezas da boate, e mesmo assim Fifi parecia não ligar, falava para Efe que era apenas uma coincidência, não havia nenhuma conexão com o caso, e tudo isso contribuía para aumentar a aflição de Eda, teria ela presenciado algo maior naquela noite? Algo que ela nem mesmo entendia? Algo que ela temeu a vida toda, e foi ensinada a evitar? Tudo parecia tão confuso para ela, seus estudos estavam sendo negligenciados, sua pesquisa pela pedra de seu amuleto era o único pensamento para o qual ela fugia buscando abrigo, ela sentia finalmente paz ao ler os registros históricos de todos aqueles minérios. E era isso que a deixava calma, isso, e os sonhos, os belos sonhos que ela tinha com o anjo que a salvara naquela noite, as lembranças dos olhos marcantes que ela jamais seria capaz de esquecer. Uma batida na porta a tirou das lembranças

-AllahAllahEda, já são quase duas horas da manhã e você ainda está estudando? Garota qual o seu problema?

-Não conseguia dormir, estava muito concentrada nesse artigo

-AHAM tô vendo mesmo, olhando pro teto com cara de tonta, o artigo deve estar ótimo sim- Melo tinha razão o artigo sobre rubis burmeses era a última coisa em que Eda estava pensando no momento – ainda tendo pesadelos sobre aquela noite na boate?

- Sim Melo, ainda não me conformo que sonhei tudo aquilo, foi tudo tão real, os sons, os cheiros, e principalmente Ele, o homem, eu sonho com ele quase toda noite

- E ele tá pelado nesses sonhos? –Melo se sentou na cama enquanto abraçava o travesseiro pronta para fofoca

- Melo?! Lógico que ele não tá pelado, eu quase não o vi direito, mas eu sempre vejo seus olhos quando sonho com ele, é como se ele estivesse aqui me vigiando com aqueles olhos

- Nossa que chato, se eu fosse sonhar com um deus grego eu lá ia ficar reparando nos olhos? Você é uma boba romântica mesmo – disse jogando o travesseiro na cara de Eda enquanto ria –vem vamos dormir, amanhã 7h da manhã mamãe vai estar gritando pra gente acordar - E com isso Melo saiu a caminho de seu quarto, deixando Eda ali ainda pensando em como a cor verde nunca pareceu tão linda.

E como em todas as noites daquelas semanas, Eda novamente sonhou que estava correndo, fugindo, sentia seu coração bater rápido em seu peito, olhava para trás e não via ninguém, porém quando voltou a olhar para frente la estava ele novamente, sorrindo para ela

- Eu finalmente te encontrei – o homem dizia para ela no sonho – você não sabe por quanto tempo eu te procurei –ele se aproximava agora tocando em seu rosto, Eda se inclinava para ele como um imã, enquanto ele descia os dedos pelo seu pescoço e então descia a mão por seu colo – você é a minha salvação – nesse momento o homem afundou os dedos em seu colo perfurando até o coração, Eda sentia toda a dor, ele agora seguravam seu coração com a mão enquanto sorria – minha para sempre.

Joia de Sangue Where stories live. Discover now