A Menina da Casa da Frente

43.5K 1.9K 1.8K
                                    

[Quando estiver em itálico são os sinais - LIBRAS]

(...)

Idade, 6

     A pequena morena de seis anos de idade apoiou as mãos na cintura, analisou seu quarto e sorriu consigo mesma. Fazia alguns dias que ela e seus pais haviam se mudado para a casa nova e depois de duas semanas tendo que dormir no meio de Sinuhe e Alejandro, seu quarto finalmente estava pronto.

     Ela dançou silenciosamente por alguns segundos, passando as pontas de seus dedos pelas paredes amarelas - cor que havia escolhido sozinha. A menininha subiu na cama e pulou algumas vezes contra o colchão macio, rindo alegremente até que sua mãe apareceu na porta.

– Então, minha princesa? O que você achou?

     A menininha não respondeu, apenas levantou da cama e correu em sua direção abraçando suas pernas. Sinuhe riu suavemente e se abaixou para abraçar sua filha.

– Ficou tão bonito, mamãe – ela exclamou quando sua mãe a pegou no colo – Agora eu posso abrir a caixa dos meus bichinhos e das minhas bonecas e da minha música? – ela se balançou ansiosamente, apoiando uma mão no ombro da mulher alta que a segurava.

– Claro que sim, Estrelinha... Seu pai já está no porão trazendo as caixas pra cima.

     Ela bateu palmas e a abraçou com força, animada com a perspectiva de libertar seus amigos de pelúcia.

– E as minhas roupas da dança? Eu posso brincar com elas também?

– Uhum... – Concordou ela, caminhando até o closet e abrindo a porta para revelar todos os vestidos coloridos pendurados em cabides. Os olhos muito escuros da pequena morena brilharam e ela se contorceu até que sua mãe finalmente a colocou no chão.

     Ela correu até suas roupas e escolheu um tutu cor de rosa clarinho.

– Quantos dias faltam pra aulas voltarem, mamãe?

– Um mês, querida...

– Isso é muito tempo! – exclamou ela, batendo o pé. Ela amava suas aulas de dança e canto e estava especialmente ansiosa para entrar no colégio das crianças grandes naquele ano, que nem seu primo Léo, que já tinha oito anos e estava indo para a terceira série.

     Ela adorava o jardim de infância, mas também, como toda a criança, mal podia esperar para crescer.

– Vai passar rápido, você vai ver - Sinuhe respondeu gentilmente, prendendo o cabelo de sua filha em um rabo de cavalo perfeito – A senhora Martines disse que alguns vizinhos têm crianças também... Logo, logo você vai fazer amigos e depois não vai querer mais que as aulas comecem...

     A pequena morena respondeu com um aceno de cabeça distraído, perdendo o foco da conversa ao ouvir a voz de seu pai anunciando que seus bichinhos estavam esperando para conhecer o quarto.

     Depois de três dias se dedicando a explorar o interior de sua nova casa, agora totalmente construída, a pequena morena finalmente decidiu que era hora de investigar os arredores. Era Agosto e o dia estava lindo, aberto e ensolarado. O pátio da casa de tijolos onde morava era amplo e seu pai, Alejandro, trabalhava habilidosamente com um cortador de grama enquanto sua mãe se dedicava em pendurar um balanço na grande árvore plantada no centro do jardim.

     Camila estava sentada na mureta que separava a rua da porta de entrada enquanto observava os dois trabalharem. Ela havia tentado ajudar, mas Alejandro dissera para ela ficar longe até que o cortador estivesse desligado. Ela cantarolava baixinho consigo mesma e olhava em volta, tentando encontrar algum sinal de outras crianças pela vizinhança, mas todas as casas pareciam tão silenciosas e as únicas pessoas na rua eram senhoras que passeavam com seus cachorrinhos e uma mulher empurrando um carrinho azul de bebê.

A Prova de Som (Camren) - EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora