20- BUONGIORNO, FAMIGLIA! (Bom dia, família!)

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- Me ligando às oito da manhã, Ruggero. Espero que seja um caso de vida ou morte. - Piero esfregou os dedos nas têmporas.

Mal terminou de falar e Piero já estava de pé, sua expressão serena tinha mudado, ele parecia nervoso, prestes a se irritar.

- Andiamo, Matteo. - Mostrou a saída.

- Que foi agora?

- Ruggero está com um suspeito, de ter planejado o atentado no noivado.

- Cazzo, vamos!... Nos vemos mais tarde Lucrézia. - Matteo me deu um beijo na testa e saiu disparado.

- Eu vou também! - Disse Guero.

- Não vai não. Você vai ficar de olho nela. - Apontou pra mim e eu revirei os olhos.

- Porra, Piero! - Reclamou.

- Fratello, quando souber quem tentou matar a mim e a minha querida esposa, eu libero você do posto de babá. Mas por enquanto... - Piero pôs a mão sobre o ombro de Guero, na tentativa de confortá-lo.

Guero concordou, mesmo a contragosto. Em seguida, Piero voltou- se para mim chegou bem pertinho, apoiando os braços no balcão, cada um ao lado do meu corpo, me fazendo ficar presa entre o homem alto e a bancada. E disse com a voz rouca no meu ouvido:

- Adorei esse seu shortinho. Você ficou mais sexy ainda com ele. - Piero mordeu os lábios enquanto falava.

- Obrigada, amore mio! Se quiser eu te empresto o short. - Não faço ideia de como tive forças para respondê-lo pois minha pernas estavam até bambas.

Ele saiu rindo do local e eu pude voltar a respirar novamente.

[...]

Já é de tarde, Piero e Matteo não deram notícias. Eu estou impaciente, meu coração está apertado. Não posso passar mais nenhum segundo aqui, parada, sem fazer nada. Talvez seja estupidez da minha parte, mas vou tentar ver Graziela. Saveiro que se dane!

- Guero, Guero! - Saí gritando pela casa.

- Que foi criatura? - Ele chegou ofegante.

- Preciso de uma carona.

- Por dío, Lucrézia! Pensei que tinha alguém morrendo.

- Vamos logo!

- Ta, ta, ta! Vou pegar as chaves.

- Grazie!

Em menos de uma hora nós já havíamos chegado na mansão D' Ângelo. Dessa vez Guero entrou com carro. Depois eu segui na direção dos seguranças e ele ficou mais atrás, acho que na cabeça de Guero essa era uma forma de me dar pelo menos um pouco de privacidade. Fiz menção de avançar para abrir a porta e fui detida.

- Você não pode entrar!

- Sai do meu caminho, Stefano! - Cerrei os punhos.

- Seu pai viajou e não te quer perto da menina.

- Não é uma decisão que ele possa tomar.

- Bambina ingênua! Ele pode fazer o que quiser. E andiamo, pegue seu rumo.

- Não. Cadê Lázaro? Chame-o agora!

- Lázaro? - Riu. - Deve estar com a boca cheia de formigas.

- O que? - Não pude evitar, arregalei os olhos.

- O chefe descobriu da sua última visita... Descobriu que Lázaro o enganou, então... - Ele levou a mão até o pescoço e puxou, imitando o movimento de uma faca cortando um pescoço.

Pobre Lázaro, não merecia esse fim. Não que ele fosse uma pessoa boa, entretanto não era de todo mal.

- Figlio di putanna! - Engoli a seco, a saliva parecia uma navalha deslizando pela minha garganta.

- Olha a boca, ragazza!

- O que você quer? Dinheiro? Eu posso te pagar o triplo do que o Saveiro te dar? Posso te tornar um homem rico, Stefano. Só me deixe ver Graziela.

- Não seja ridícula, pirralha! Você não tem chance contra o seu pai. - Ele estampou um sorriso sádico no rosto.

- Você é um verme, igual ao Saveiro. - Praticamente cuspi as palavras para fora, tamanho era o meu nojo.

- A sua sorte é que você é bonitinha. Pois, garotas atrevidas costumam morrer cedo. - A perversão ficou notória nas suas feições.

- Porco di merda! - Despejei todo o meu ódio na fala.

Stefano me agarrou pelos punhos e sacudiu.

- Sua putinha, vou te ensinar uma lição.

Ele se preparou para me dar uma bofetada de mão aberta. Me encolhi, já estava pronta para receber o tapa, mas fui surpreendida, ele não veio. Quando olhei vi que o braço de Stefano estava sendo suspenso por Guero.

- Toque nela e será um homem morto! - Guero bradou.

- Solte- me moleque! - O capanga de Saveiro me soltou e empurrou Guero.

- Estou avisando, não vai querer mexer com ela. Nem comigo, cornuto!

- Quem pensa que é? Stronzo! - Deu outro em empurrão em Guero que manteve a postura e apenas deu um tapinha no terno para sacudir a poeira.

- Deixa eu refrescar a sua memória de peixe: Esta, - Guero apontou para mim. - É a mulher do Don. Encoste nela e estará assinando a sua sentença de morte. - Guero o encarou com firmeza enquanto colocava o dedo na cara do segurança.

O homem asqueroso resmungou algo inaudível e voltou para seu posto na entrada da residência. Guero me guiou para o carro.

- Lucrézia, quer falar sobre o que aconteceu lá? - Ele me olhou compreensivo.

- Não. - De cabeça baixa, fixei os olhos nas minhas mãos.

- Giusto!... Mas por que tenho a impressão que essa não foi a primeira vez?

Porque não foi... Como se não bastasse Saveiro me espancar, às vezes ele ficava tão bêbado, a ponto de não se segurar em pé e ordenava que os seguranças me batessem. Stefano em particular, se divertia muito com meu sofrimento. Mas é claro que eu não ia contar isso para Guero. Preferi me calar. No fundo eu me sentia envergonhada de nunca poder reagir, de apanhar por anos a fio, sem revidar. Me sentia fraca, indefesa e eu odiava me sentir assim. Eu odiava a pessoa que eu me tornei. Fontana pareceu entender meu silêncio, ele não tocou mais no assunto e chegamos rapidamente na casa de Piero.





Continua...





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Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now