14- IL MATRIMONIO II (O casamento- parte 2)

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- Que porra de gritaria é essa?

- Eu que pergunto que porcaria você quer com isso. - Ergui os papéis amassados na altura dos seus olhos.

- E você quem é? - ele arqueou a sobrancelha ao indagar.

- Lucrézia, seu idiota!

Ia começar a xingar o moreno ali mesmo no corredor, mas antes que começasse ele me puxou para dentro do quarto e em seguida fechou a porta. Ainda mantendo a distância entre nós. Ele me olhou e disse:

- Está maluca, ragazza?

- Maluca? Foi você que antecipou o casamento depois de quase estourarem nossas cabeças na noite passada. E agora essa palhaçada. - balancei os documentos.- Aliás, não sei quem você acha que é, mas não vou tirar o Caccini do meu nome.

Com um olhar presunçoso, Piero retrucou:

- Amore mio, sou o Don. Eu que mando nessa merda. Capisce?

Durante o tempo que falava, ele ajeitava as barras das mangas da camisa social que vestia, quase toda desabotoada por sinal, exibindo seu tronco malhado. Em reação, involuntária, me aproximei dele e disse com tom sarcástico:

- Quando você, o poderoso Don, fugiu ontem a noite com o rabinho entre as pernas me parecia mais um covarde do que o líder da máfia. Na verdade, não passa de um garoto mimado que está acostumado a ter tudo que quer. - soltei um sorriso de canto.

Não demorou para sentir as mãos grandes de Piero envolverem meus pulsos vigorosamente. Seu corpo está perto do meu, logo pude notar o quão ele era mais alto que eu. E elevei um pouco a cabeça para fitar seus olhos. Ok, eram olhos lindos. Se não viessem acompanhados de um dono tão arrogante.

- Você não sabe do que está falando. Nem sabe quem eu sou ou do que sou capaz, Lucrézia. - Piero respondeu firmemente e de modo quase imperceptível umedeceu os lábios.

- Nossa! Estou morrendo de medo. - o tom irônico tomou conta das palavras.

Então, em resposta, Piero colou seu corpo ainda mais no meu, estávamos tão próximos que podia sentir os gominhos do seu abdômen definido através do tecido fino do vestido e também a respiração calma e densa dele no meu pescoço, enquanto suas mãos rodearam minha cintura, com firmeza e seus olhos recaíram sobre os meus. E instantaneamente um frio na barriga se instalou, tinha algo no toque dele... parecia que ele "eletrizava" todo meu corpo.

Estranhamente, fiquei sem resposta. Pela primeira vez na minha vida não sabia como reagir. A atitude dele me pegou totalmente de surpresa. Só não me surpreendeu mais do que suas próximas falas.

- Sabe, Lucrézia, você é tão bonita quanto dizem. O que, sinceramente, faz com que esse casamento fique bem mais suportável. Porém, não ache que isso vai me fazer aturar seus surtos. - Disse Piero, me olhando de cima a baixo.

- Não acho que seja por isso, mas vai, pois precisa muito mais de mim do que eu de você. - Ri, tentando disfarçar o nervosismo.- Pensa que nasci ontem ou quê? O nosso casamento é puro marketing pro Conselho dos 5 te engolir como chefe. E é bom você abaixar o seu ego, se não o casamento já era.

É óbvio que eu tinha muito a perder se esse casamento fosse um fiasco, mas não deixaria que Piero soubesse disso. Sim, estava blefando e esperava que ele caísse. Ah, Lucrézia você é maluca! Talvez... Contudo, cresci jogada pelos cassinos dos D' Ângelo, o que me fez aprender a ler as pessoas. Pode-se aprender muito com bêbados carentes e jogadores compulsivos.

- Está convencida demais, ragazza! Não se dê tanto valor, você deveria agradecer porque vai se casar comigo. - Ele largou meu corpo, riu e sentou- se na beira da cama, ficou me observando e desejo ficou evidente no seu olhar. Ajeitei minha postura

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now