41- SONO I MIEI OCCHI (São meus olhos)

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Nonno costumava dizer que os olhos são as janelas da alma, que eles nos revelam muito sobre as pessoas, e estava certo

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Nonno costumava dizer que os olhos são as janelas da alma, que eles nos revelam muito sobre as pessoas, e estava certo. Os olhos à minha frente, junto com o corpo cambaleante, demonstraram somente ódio e rancor, uma alma fétida e destruída, apenas as cinzas do que um dia foi meu pai.

De todas as pessoas do mundo, Saveiro D' Ângelo é a que mais odiava e repugnava, e que jamais gostaria de rever. Salvo para cravar o "presente de caco" no peito dele e arrancar suas vísceras enquanto ainda houvesse vida, a sua maldita vida.

Meu coração estava prestes a sair pela boca, debatendo-se contra a caixa torácica cheia de antigas fraturas, meus pés, irremediavelmente enterrados no chão, como se um peso tivesse sido amarrado neles, o peso dos traumas e de uma vida subjugada a dor e violência.

Contudo, o ódio crescente dentro de mim que escorria por cada gota de suor frio na minha pele cavava buracos, na tentativa inútil de me tirar dali. Tentei correr, tentei e falhei. Pois a mão pesada agarrou meus cabelos de forma violenta, arrastando meu corpo pela sala enquanto o silêncio sepulcral dava lugar aos gritos de angústia, palavrões e maldições que eclodiram. Mas nunca um pedido de socorro, jamais.

Sempre soube o que precisava ser feito, e quem tinha que fazer.

Não tardou para o primeiro golpe vir, mal chegamos ao centro da sala, bem abaixo do pendente cinza de estilo industrial que Piero chamava de luminária, e Saveiro me ateou no chão. Forte o suficiente para fazer o mundo girar à minha volta e as luzes piscarem só pra mim.

Papai estava de volta, Lucrézia.

Em meio à vista embaçada pela ira e pela possível concussão, vislumbrei os olhos dele acima de mim, se aproximando mais e mais, encharcados de raiva, tanta raiva quanto a minha, as pupilas pareciam mais sombrias do que nunca, as írises verdes contornadas por uma fumaça tempestuosa e colérica. E, fiz o que fazia de melhor, ataquei: Chutei a articulação do joelho direito de Saveiro com todas minhas forças, mesmo fragmentada, contorcida em angústia.

— Vagabunda! — Saveiro urrou, envolto pela dor. A dor mínima comparada a tudo que ele me fez.

Ao passo que arranhava o carpete cinzento, tentando alcançar qualquer coisa para conseguir me defender. A dor era até suportável, mas meus movimentos foram comprometidos em um único golpe seu, uma das proezas nas quais os D'Ângelos eram especialistas.

Então, Saveiro arrancou mais gritos meus quando desferiu outro golpe, um chute, agora mais doloroso e certeiro que atingiu em cheio no abdômen. Tossi gotículas de sangue, sem ar, me revirando no piso e com os espasmos que irradiavam-se desde o ponto atingido até meu último fio de cabelo.

— Como entrou aqui, seu desgraçado de merda? — Gritei junto com a cusparada de sangue nos seus sapatos de couro italiano, em total desprezo.

— O dinheiro abre todas as portas, minha filhinha querida. Achei que já tivesse aprendido isso. — Ele parou por um instante, e voltou a falar com um sorriso monstruoso na face. — Ô, achou mesmo que estaria segura? — Riu, diabólico. — Seu maridinho não é nada, nem você.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia) - 01 [Danatto Sangue]Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu