Ela terminava de pegar a bolsa tiracolo com alça de corrente fininha e guardava o celular.

– Papai, não tem! Tô indo aproveitar com alguns amigos.

– E eu conheço eles? – estreitou o olhar para ela, que bufou por toda aquela extrema proteção controladora.

– Alguns...

– Isso é muito errado! – ralhou aborrecido - é quinta à noite, mocinhas deveriam estar no seu quarto e...

Ela começou a rir e deu um beijo na bochecha dele o interrompendo.

– Tchau papai, deixei a janta pronta. E... – Ela viu a cara zangada dele – prometo não voltar tarde, é só um barzinho.

– No meu tempo, mulher direita não ia pra barzinho sozinha e ainda mais vestida assim – resmungou.

– Não foi o que a mamãe me disse – Chichi riu e saiu fechando a porta.

Não precisou mais do que dois minutos ali parada, para Yamcha aparecer com o carro para busca-la. Sem perder mais tempo, a garota embarcou no veículo.

– Olha, arrasou! Absolutamente predadora. – disse ao receber um beijo no rosto vindo da amiga – eu pegava, sabe? Com direito a colocar as suas pernas aqui assim – dizia ele apontando para os próprios ombros, conseguindo fazer Chichi rindo. – Toda aberta e aí eu ia fazer um...

– Ai credo, chega! Pervertido! – ela gargalhou – meu pai pensa que você é o cara mais seguro pra cuidar de mim, coitado!

– Eu sou! – disse ele, parecendo chocado ao começar a dirigir – sou mara! Te levo a eventos legais, te tiro desse transe pra tocar e cantar, conhecer gente legal. E claro, como bom amigo, que é muito gostoso como eu sou, e que não pode te pegar por razões óbvias, eu preciso cuidar da sua vida sexual, porque sinceramente, se eu não fizer isso ninguém vai fazer.

– Eu cuido dela! – protestou Chichi.

– Sério? Porque eu escuto sua vagina oprimida gritando: "Socorro! Socorro! Estou seca e não vejo um pau há tanto tempo..."

Chichi tapou a cara com as duas mãos, gargalhando freneticamente dividida entre constrangida e chocada.

– Sério! – ela disse – minha vagina está bem, ela está plena e quietinha aqui – disse apontando para a região íntima, e embora corada, ela continuou – ela está de férias, e bem longas.

– Humrum... Vou achar um bofe gato pra você!

– Passo...

– Então uma piranha gata, gosta de que? Loiras, ruivas? Boazudas, sequinhas?

Ela sorriu negando com a cabeça enquanto chegavam a uma casa de show que eles costumavam cantar uma ou outra vez, e que era até bem bacana. Mais acessível e por isso mais cheia, mesmo num dia de quinta, porque geralmente esse dia era dia de promoções, como naquele dia que era o da dose dupla, quando se pagava por uma e bebia-se duas.

(...)

Quando o sábado chegou, era o dia de apresentação para Chichi e sua banda.

Ela desceu do carro lá pelas oito da noite em frente ao grande lounge bar, que era muito bem localizado, na orla do lago que havia na cidade. Entre o pescoço e o ombro, o celular era usado em uma ligação com a amiga, que já estava lá dentro do lugar com uma mesa para a galera da banda.

– To tão nervosa! – ela sussurrou ao pegar o case com sua guitarra. – Esse lugar parece grande.

– Enorme! – disse Yamcha rindo e olhou para a garota que usava um shortinho preto com muitos apliques de spikes e metal, uma blusinha t-shirt clara de uma banda que ela gostava, botas cano curtíssimo com salto alto fino e um coletinho preto de malha leve com brilho. Os cabelos soltos bem escovados, maquiada, e alguns acessórios. Definitivamente ela estava linda. – A acústica desse lugar é incrível! Quase profissa.

Meu eu em vocêWhere stories live. Discover now