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Alô? — uma voz masculina atendeu o telefone.

— É... quem é você?

— Quem sou eu? — bocejou a voz desconhecida — Você me liga tarde da noite, me acorda e eu ainda tenho que dizer quem eu sou? Me diga você quem é? — expressou-se em um tom acima do normal.

— Me desculpe. Sou o Tadeu. Estou ligando para minha esposa. Este é o número dela.

— Eu tenho este número a anos. Você deve ter ligado errado.

— Não é possível isso. Está salvo aqui na minha agenda então...

—Desculpe não poder ajudar, mas este não é o número dela.

—Desculpe não poder ajudar, mas este não é o número dela

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— Gabriel? É você?

— Quem é?

— Sou eu, Tadeu. Não desliga, por favor. Eu sei o que está acontecendo. Eu...

— O que você quer? Você some, não dá notícias por anos e sempre que liga volta no mesmo assunto.

— Eu não sei quanto tempo tenho antes que aconteça de novo. Eu preciso falar com a Flávia. Eu preciso explicar o que aconteceu. Você falou com minha mãe recentemente? Ela parece estar mal. Fala para ela que está tudo bem comigo e que vou...

— Tadeu, sua mãe faleceu a uns cinco anos.

— Ela... — Tadeu então começou a chorar. — Eu falei com ela agora pouco... ela... mãe...

— Esteja ou estiver, procure um médico. Um psiquiátrico.

— Preciso falar com a Flávia. Preciso explicar o que aconteceu. Parece loucura, mas não é. Tentei ligar no número dela, mas atendeu outra pessoa. Você tem o número dela?

— Ela não quer falar com você.

— Gabriel, por favor.

— Quem é? — uma voz feminina ressoou do telefone de Gabriel.

Gabriel abafou o microfone do celular, mas mesmo baixo, o som era audível. — É o Tadeu. Ele quer falar com você.

— Diga que não quero. Ele já me causou muita dor.

— Eu falei isso para ele. Mas ele insistiu. Faz tempo que ele não aparece. Dê essa chance. A última.

—Por você. — era possível ouvir o telefone sendo trocado de mãos. — Oi.

— Oi. — Tadeu engoliu seco. A voz de Flávia estava bem mais madura e segura de si. Diferente da Flávia que conheceu. — Eu estou olhando para minha mão ensanguentada e esta dor que sinto é infinitamente menor que a dor que lhe causei. Eu queria me desculpar por ter duvidado de você. Por ter saído de casa no momento em que você mais precisava de mim. Fui infantil.

— Você demorou doze anos para descobrir isso?

— Doze... — respirou fundo — Eu perdi tudo isso? O bebe, digo, a Helena ela... está aí? Eu posso falar com ela?

— Acho melhor não. Ela está com as amigas no aniversário dela.

— Por favor.

Foi a vez de Flávia abafar o microfone do celular. — Ele quer falar com ela. O que você acha?

— Ele é o pai dela. Ele...

— Você que é. Você! Ele não participou em nada. Você fez isso tudo acontecer. Você. — Flávia respirou fundo levando o celular de volta ao seu ouvido — Tadeu, você...

— Você está com o Gabriel? Este desgraçado me traiu e está com você? Eu saio de casa e em menos de uma hora ele vai aí fodê-la na minha cama? No meu sofá? É isso? Eu sempre desconfiei. Eu sabia! Eu... sabia. Como eu posso ser pai? Não sou. Foi ele. Ele foi aí e fez o serviço completo. Eu vou matar esse filho da puta! Ele e você.

— O que você está falando? A minha vida com você acabou a tempos. Sim! Ele me fode gostoso! É isso que quer ouvir? Só que não em sua cama e sim na minha cama. Na minha casa. Ou melhor na casa minha e dele. Ele é muito mais homem e muito mais pai que você nunca foi.

— Avisa para ele que isso tudo vai acabar. Aproveita o dia de hoje, pois será o último entre vocês. Sabe por quê? Estou voltando. Eu sei que posso mudar isso. Eu posso voltar atrás. Tudo será como antes.

—Você enlouqueceu mesmo. — finalizou ela desligando.

FIO CONDUTORWhere stories live. Discover now