1

32 9 16
                                    

Oi Flávia.

— Tadeu, onde você está?

— Eu... precisava sair. Respirar.

— Eu estou bem triste com isso, sabia?

— Você... triste? Eu não queria. Você sabia. Como pensou que eu reagiria?

— Diferente de sair sem falar nada. Para mim isso é especial. Sabemos que não era o momento, mas aconteceu. O que você pensou que eu faria?

— Eu não queria, só isso. Meus planos. Você sabe os planos que fizemos...

— Foda-se os planos! Aconteceu! Você quer que eu aborte?

O silêncio permaneceu por um período suficiente para irritar aquela voz feminina ao telefone.

— Você não tem coragem mesmo de dizer. Saiba que eu não farei isso. Jamais!

—Eu não estou com cabeça para isso, Flávia. Preciso de um tempo para pensar.

— Tempo para pensar... — falou baixo com voz debochada — Existem certas coisas ou atitudes que não precisam de tempo para serem ditas ou feitas. O que você fez não foi legal. Eu preparei este momento para te contar. Comprei uma roupinha. Fiz cartazes. Sairíamos para comer fora. — o silêncio novamente reinou — Você acha que fez certo dar um soco no espelho e sair de casa?

— Eu me cortei, sabia? Está sangrando bastante mesmo com a blusa enrolada.

— Eu já te mandei ir a merda Tadeu? Onde você está? Não vai vir para casa não?

—Estou perto da entrada da cidade. Estacionei o carro naquele viaduto que picharam a bandeira da China na versão brasileira. Estou caminhando sem direção. Eu de fato preciso colocar a cabeça no lugar e pensar sobre essa nova situação.

—Fica aí pensando na porra da situação enquanto eu estou aqui carregando seu filho na barriga. — finalizou desligando o celular sem dar chance de respostas.

FIO CONDUTOROn viuen les histories. Descobreix ara