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Mãe? Você me ligou? Não deu tempo de atender. Estava falando com a Flávia e...

— Tadeu, meu filho. — a voz no telefone começou a chorar.

— Que foi mãe? Não precisa chorar. Estou bem. O que aconteceu? Não fique assim. Está tudo bem.

— Bem? Eu estava desesperada! Você sumiu. Estamos te procurando na cidade inteira. Seus amigos imprimiram cartazes e estão loucos atrás de você. Já a Flávia, tadinha. Três meses! Três... meses. Você sabe o quanto isso é ruim para o bebe? Você é um irresponsável mesmo. O médico mesmo disse que a gravidez é de risco por conta das emoções que ela está passando.

— O que você está falando dona Lurdes? Voltou a beber?

— Seu desgraçado! Você acha que eu estou brincando? Seja homem e volte para sua casa! Vai também sumir igual seu pai? Está seguindo os passos dele e de seu avô?

—Você só pode estar ficando maluca. O que está falando? Se soubesse que reagiria desta forma, nem teria te ligado. Estou de saco cheio disso. Me deixem em paz! Você e a Flávia conseguiram me tirar do sério. Não tem nem cinco minutos que estou aqui. Eu vou dormir na casa do Gabriel hoje. Está decidido! Que amolação do caralho! — finalizou Tadeu desligando o celular sem direito de resposta de sua mãe.

 Está decidido! Que amolação do caralho! — finalizou Tadeu desligando o celular sem direito de resposta de sua mãe

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— Alô?

— Gabriel? Cara que noite cansativa. Precisamos conversar muito. Aconteceu uma parada que... Eu te conto quando for aí. Falando nisso, vou dormir na sua casa, tudo bem? Amigos é para isso. — disse Tadeu rindo — E já deixa uma garrafa de whisky que hoje estou merecendo.

— Tadeu? — a voz de Gabriel era de surpresa.

— Não! Dunha! Claro que sou eu. Achou que fosse quem?

— Você está bem? Ligou para a polícia? Onde você está?

— Que papo estranho é esse? Já estou começando a me preocupar. O que aconteceu com vocês hoje? É pegadinha? É por conta da gravidez da Flávia? Ela contou para vocês antes, tenho certeza!

— Gravidez... você fala da Helena? Você perdeu o nascimento da sua filha! O que aconteceu com você? Você não vai assumir a paternidade? A Flávia está passando por dificuldade financeira. Estou ajudando-a, mas ela precisa de você.

— Nascimento? Como? Eu... tenho uma filha? — Tadeu gargalhou de nervoso — É pegadinha, só pode. Acabei de descobrir que serei pai e já nasceu? Essa brincadeira já deu o que tinha que dar. Vou falar com a Flávia.

Tadeu desligou o celular e imediatamente ligou para Flávia. O telefone tocou até cair. Então, ligou novamente e, desta vez, conseguiu.

— Flávia?

— Ta... deu? Meu Deus! Você está vivo? Você...

— Para com essa brincadeira! Já deu! Isso já está chato. Você, minha mãe, o Gabriel... para quem mais você combinou de fazer isso?

— Isso o quê? Você está bem?

— Claro que eu estou bem! Só com a mão doendo ainda. Creio que terei que dar ponto. Me desculpa? Fiz cagada. Não deveria ter feito aquilo. Me descontrolei. Poderia ter me machucado muito e...

— Você está falando daquela vez que deu um soco no espelho?

— E o que mais seria?

— O que mais seria? Eu... — pausou ela — A polícia parou de fazer as buscas. Você foi dado como morto a meses. Tivemos que enterrar um caixão vazio. Sua mãe entrou em depressão. Você nos abandou. Você perdeu tudo. Os ultrassons. Ouvir o coração de nossa filha pela primeira vez. O parto. As festas de aniversário dela. Tudo. Isso é imperdoável. Você me magoou de uma forma inimaginável.

— Aniversário? Vai me dizer que ela já tem um ano? debochou ele.

— Ela faz três anos hoje. E graças a Deus que tivemos o Gabriel em nossas vidas. Não sei o que eu seria sem ele...

— Sem ele? Vai se fuder Flávia! Eu te dei de tudo. Estamos juntos a treze anos e você nunca falou desta forma sobre mim. E eu te magoei? Você... nós... isso só pode ser um sonho. Ou melhor, um pesadelo. E um dos mais ruins. Certeza que é um pesadelo. Você menstruou. Não tem como eu ser pai. Ela... ela não pode ser minha filha.

— Como você tem coragem de falar isso?

— Você sabe. Lá no fundo. Eu estou caminhando e pensando nisso desde o momento que você me contou da gravidez. Mês passado eu estava viajando a trabalho. Você... certeza que...

— Desgraçado! Filha da puta! Eu fiquei feliz por ouvir sua voz pois achava que tinha morrido, mas, pensando melhor, você morreu a tempos para nós. Por favor, não nos procure mais. Morra de vez! Eu preciso desligar. A Helena acabou de acordar e está chorando.

— Espera!Eu... — mas o telefone ficou mudo.

FIO CONDUTORWhere stories live. Discover now