𝑻𝑹𝑼𝑬 𝑩𝑳𝑶𝑶𝑫: 𝟐 • Jikook/Chaelisa [CONCLUÍDA]

044.

Jimin rolou para o lado. O iratze quase concluído ajudou, mas a dor no peito ainda era forte, e ele sabia, de uma forma distante, que o fato de que estava tossindo sangue provavelmente significava que o pulmão estava perfurado. Não sabia quanto tempo teria. Minutos, provavelmente. Procurou pela adaga onde Taemin a havia derrubado, perto dos restos da mão. Jimin se levantou, cambaleando. O cheiro de sangue estava por todos os lados.

Deu um passo para a frente. Depois mais um. Cada passo parecia como arrastar os pés por cimento. Lisa estava gritando palavrões para Taemin, que ria enquanto lançava o chicote contra o corpo dela. Os gritos atraíram Jimin como se fosse um peixe em um anzol, mas enfraqueciam à medida que se movia. O mundo girava como um carrossel.

Mais um passo, disse Jimin a si mesmo. Mais um. Taemin estava de costas para ele, estava concentrado em Lisa. Provavelmente achava que Jimin já estava morto. E quase estava mesmo. Um passo, disse a si mesmo, mas não conseguia, não conseguia arrastar os pés por mais nem um passo. Sua visão estava sendo tomada pela escuridão, uma escuridão mais profunda que a do sono. Uma escuridão que apagaria tudo que já tinha visto e traria um repouso absoluto. Pacífico. Pensou, de repente, em Jungkook, em como o vira pela última vez, dormindo, com o cabelo espalhado pelo travesseiro e a bochecha apoiada na mão. Naquele instante achou que jamais havia visto nada tão pacífico, mas é claro que ele só estava dormindo, como qualquer outra pessoa dormiria. Não tinha sido a paz dele que o surpreendera, mas a de si próprio. A paz que sentia ao estar com Jungkook era diferente de tudo que já houvesse conhecido.

Sentiu uma dor percorrendo sua espinha e percebeu, surpreso, que, de algum jeito, contra a própria vontade, as pernas o tinham guiado para a frente naquele último passo crucial. Taemin estava com o braço para trás, o chicote brilhando na mão, Lisa deitada na grama, um monte encolhido, e não gritava mais, não se movia mais.

— Sua vadiazinha. — Dizia Taemin. — Devia ter trazido a Espada Mortal, deveria despacha-la para o outro lado.

E Jimin levantou a mão, com a adaga empunhada, e enterrou a lâmina nas costas de Taemin. Taemin cambaleou para a frente, derrubando o chicote. Virou-se lentamente e olhou para Jimin, e Jimin pensou, com um horror distante, que talvez Taemin não fosse humano, que, no fim das contas, talvez fosse impossível matá-lo. O rosto de Taemin estava branco, a hostilidade havia desaparecido, e o fogo escuro dos olhos. Mas não se parecia mais com Theodore. Parecia... assustado.