Capítulo 24

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PV LOKI

Quando Thor apareceu em frente a minha cela, eu quis acabar com ele. Muito ousado da parte dele vir até aqui depois de tudo o que fez comigo. Pior: veio pedir ajuda para salvar a mortal estúpida. 
- Loki, essa é a sua chance de se redimir com nosso pai. 
- Seu pai. E não ligo para o que ele pensa. Não mais. 
- Quer Sigyn e Helena de volta, não quer? 
Fiquei em silêncio. 
- Sai da minha frente, Thor. 
- Loki, pensa um pouco. Me ajudando você poderá mostrar que é alguém melhor. Sei que estar preso não é agradável, principalmente quando se tem uma filha pequena e a mãe dela esperando por você. Se vier, posso dizer a Odin que já confio em você o suficiente para ficar livre e seguir sua vida com Sigyn. 
- Não preciso de sua confiança.
- E nem terá. Mas é a melhor oportunidade para viver com sua nova família. 
Ele tinha razão. Por mais doloroso que fosse concordar com qualquer coisa que aquele animal dissesse, ele estava certo. Não é por mim mais. Agora eu tenho uma família para cuidar. 
- O que quer que eu faça?
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Confesso que o plano tinha inúmeras falhas. Thor era péssimo nisso. Mas podia funcionar, se eles acreditassem na nossa encenação. 
Obviamente, eu tinha meu próprio plano. Esse era arriscado demais, então podia dar errado. 
Fomos até o inferno vermelho e seco, esperando encontrar os elfos negros. Rapidamente apareceram e começamos a fazer a cena ensaiada. Fingi estar contra Thor, o que nem foi muita atuação. Entreguei Jane para o líder deles, alegando querer ver Asgard queimar. Quando retiraram o poder do corpo da mortal, eu tirei as ilusões de ferimentos que tinha criado e Thor foi destruir o Éter. 
Estávamos satisfeitos com o sucesso do plano. Até que o Éter começou a reunir suas pequenas partículas novamente, reestruturando-se e acomodando-se dentro de seu dono. Estávamos perdidos. Eu precisava fugir disso. Criei uma ilusão minha que pudesse lutar contra eles e, em caso de morte, pudesse parecer real. Eu não posso morrer aqui. Controlei minha ilusão para ajudar Thor na batalha e rapidamente saí do reino dos elfos. 
Vi minha ilusão morrer e fiz até uma cena dramática. Thor chorou como um bebê. Ao ver essa cena, meu coração apertou. Ele, apesar de me destruir, ainda me amava como um irmão. Eu não conseguia odiá-lo, mas não era capaz de fingir que nada aconteceu. Precisava manter distância.
Usei a ilusão para parecer um guarda e ver onde estava Sigyn. Queria admirá-la de longe antes de voltar para a prisão. 
Ela estava brincando com Helena no jardim, colocando-a sentada em um forro de piquenique. Ela batia palmas para a pequena, pois era a primeira vez que ela firmava o corpo sentada. Eu estava tão orgulhoso daquela cena! 
Maldito Odin! Tirou tudo de mim. 
O guarda cuja aparência eu tinha roubado foi até a sala do trono avisar ao rei algo sobre Thor. Espiei por trás do portão.
- Meu rei, temos notícias não muito boas... encontramos um corpo.
- Thor? -perguntou Odin.
- Não. Loki.
Odin acenou com a cabeça em sinal de compreensão. O guarda saiu e eu rapidamente fiquei invisível. Quando estava quase saindo, ouvi Odin dizer sozinho:
- Ah, Loki. O que eu fiz com você, filho? -meus olhos começaram a lacrimejar. A tristeza que vi em seus olhos mostrava arrependimento, sentimento e compaixão. Tudo o que ele precisava fazer era demonstrar isso. Mas agora era tarde. Eu já estava arruinado. 
Voltei a admirar Sigyn e Helena. Me aproximei delas ainda invisível e sorri.
- Sabe, Helena, o papai acha que pode enganar a mamãe. Depois de todos esses anos, ele ainda acredita que pode usar a invisibilidade para se esconder de mim. -disse minha adorável Sigyn com sorriso no rosto. 
- Sabe, você é a mulher mais incrível e inteligente desse mundo. -disse aparecendo e me mostrando como guarda. 
- Generosidade sua. Agora me diz: o que está fazendo aqui? Não ouvi nenhum escândalo de Thor. Deu certo? 
Abaixei a cabeça e lhe contei tudo o que aconteceu. Ela ficou chateada e preocupada com Thor. 
- Ele deve estar em Midgard agora. 
- Não devia ter mentido para ele. Thor deve estar arrasado agora. 
- Farei uma entrada triunfal, não se preocupe. Meu irmão trabalha melhor quando está com raiva. 
- Conheço bem. - ela sorriu enquanto olhava Helena - devia se mostrar logo. Odin não vai ter misericórdia se souber que fugiu. 
- Vou esperar Thor retornar. 
- Só toma cuidado. -sorri com o cuidado que ainda tem comigo. 
- Sempre, moranguinho. Ah, esqueci de te agradecer por me ensinar a deixar as ilusões mais reais anos atrás. Foi bem útil hoje. 
- Eu só aprendo coisas úteis, meu caro. 
- Claro que aprende. 
Rimos juntos e beijei a testa das minhas duas princesas. 
- Vai logo, antes que te vejam comigo. 
- Eu te amo. 
- Também te amo.
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HORAS MAIS TARDE...

Thor havia retornado da missão. Destruiu o elfo negro, salvou o dia como todo patético heroi e aqui estamos. Na sala do trono. Depois de descobriu sobre a minha morte, Odin foi para os seus aposentos, o que me permitiu realizar algo ainda mais interessante. 
Peguei a aparência de Odin e conversei com Thor. Senti uma pitada de felicidade quando o mesmo me defendeu, dizendo que morri como um heroi. Então, decidi que estava na hora de fazer uma entrada triunfal. 
- Obrigado, meu pai. - disse Thor após eu lhe dar minha benção para voltar a Midgard. 
Acenei com a cabeça e o assisti sair do salão. Quando ele estava quase saindo, eu voltei a minha aparência e disse:
- Não, eu que agradeço.
Nesse momento, Thor se virou e, em choque, disse:
- Loki? Mas...como? Cadê nosso pai? Eu vi você morrer. 
- Não se preocupe. Odin está em seus aposentos descansando. Quanto a minha morte, não achou mesmo que eu fosse participar do seu estúpido plano sem uma rota de fuga programada não é? O que morreu era apenas uma ilusão. Eu escapei assim que seu plano falhou. 
- E me deixou sozinho?
- Claro que não. Coloquei minha ilusão para defender você. Morri te salvando, se lembra? - perguntei segurando o riso. 
- Eu chorei por você...
- Nossa, me sinto honrado. - debochei. 
- Eu quero muito te matar agora. Não acredito que está vivo! 
Sorri ao ver sua expressão de alívio. Acho que, com o tempo, talvez, eu consiga enxergar Thor como meu irmão novamente. 
- Chame Odin. Vamos acabar logo com isso. 

PV DA AUTORA

Odin chegou a sala do trono e se assustou com o que viu. Depois de horas de discussões sobre o que aconteceu e como Loki devia ser punido, Odin decretou o que aconteceria com seu filho adotivo:
- Por mostrar lealdade a seu irmão e cumprir sua palavra de retornar para a prisão, eu, Odin, pai de todos, te liberto das masmorras e decreto que sua punição será cumprida em Vanaheim. Viverá lá a partir de agora e, como castigo, não poderá voltar em Asgard pelos próximos 8 anos. 

Frigga chorou de alívio e saudade. Ficar tanto tempo sem ver seu filho lhe partia o coração. Porém, sabia que ele poderia ser feliz agora. 
Sigyn correu para os braços de Loki, chorando de felicidade. 
Thor sorria e agradecia seu pai pela misericórdia. 
Depois de toda a comoção, Loki chegou até o trono e falou:
- Eu não acho que conseguirei perdoá-lo pelo o que fez comigo. Tanta coisa poderia ser evitada se tivesse sido sincero! Mas sou grato por me libertar e me permitir, finalmente, viver o que eu queria desde o início: uma vida ao lado de Sigyn. 
Odin acenou com a cabeça e disse: 
- Seja feliz, meu filho. Trate Helena como a princesa que é. Aprenda com meus erros e com seus próprios. 
- Faremos isso, meu rei. -disse Sigyn fazendo uma reverência com Helena no colo. 
Ao ver o pai, a menininha esticou os bracinhos pedindo colo. O deus da trapaça não podia estar mais feliz. 
- Vamos para casa? -perguntou Loki. 
- Vamos. - Helena fez uns sons nesse momento e todos sorriram. 


2 MESES DEPOIS...

PV SIGYN

Quando chegamos em Vanaheim, meus pais nos receberam muito bem. Meu pai ficou um pouco receoso com Loki, mas logo foi reparando em como ele me tratava e me respeitava, o que acabou deixando-o mais tranquilo. Minha mãe sempre apoiou nosso relacionamento, então, para ela, foi a maior alegria.  
Tivemos alguns conflitos dentro do vilarejo, mas Loki apresentou ao meu pai estratégias usadas em Asgard para acalmar o povo, então foi rapidamente resolvido. Provavelmente isso fez meu pai confiar mais em Loki. Sabia que Vanaheim estaria em boas mãos com nós dois. Hoje, eles são amigos. 
Agora, estou sentada de frente para o espelho colocando, como toque final, o colar que Loki me deu no meu aniversário de 23 anos. Combinou muito com meu vestido de noiva. Sim, noiva. 
Daqui a 5 minutos, eu entrarei na capela para me casar com o amor da minha vida. Ah, não será apenas um casamento. Seremos coroados hoje também. Estou tão feliz! No fim das contas, Frigga tinha razão. Minha história com Loki estava só começando.  

O outro lado da históriaWhere stories live. Discover now