Capítulo 22

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 1 ANO DEPOIS...

PV SIGYN

Aqui estamos.  1 ano depois de perder Loki. Nossa filha faz 4 meses e lembra o pai a cada dia que passa. 
Eu pedi ao meu pai que continuasse no trono até que seja extremamente necessário que eu assuma. Preciso cuidar de Helena. As pessoas do reino receberam minha filha muito bem e ainda mostraram compaixão com a perda do pai da criança. Eles não sabem quem é, apenas que morreu na batalha que tivemos ano passado. Alguns desconfiam ser Loki até pela semelhança com Helena, mas não têm provas disso. 
Odin, para não me deixar desamparada ofereceu um casamento com Thor, pois se sentiu na obrigação de se redimir depois de todo o caos que enfrentamos.  Eu obviamente recusei. Não pretendia me envolver com ninguém nem tão cedo. Sentia a essência de Loki dentro de mim. Ele não podia estar morto. Depois que falei das minhas suspeitas com Thor, ele começou a investigar por todo o mundo. Afinal, Loki não é fácil de matar. Frigga sentia o mesmo que eu. Principalmente porque  tinha sonhos constantes de Helena e Loki conversando lado a lado. 
A Bifrost ainda estava sendo reconstruída quando um traço de magia que eu bem conhecia surgiu em Midgard. Loki. 
Naquele mesmo dia, Thor usou um dos tesouros de Odin para viajar pelo espaço e chegar até Loki. Ele precisava voltar para casa e ser contido como asgardiano. O que não esperávamos era encontrar um Loki totalmente insano, com lembranças distorcidas, sede de vingança e terrorismo em seus olhos. Eu quase não o reconheci. Estava mais pálido, com olheiras profundas e escuras, seus olhos que antes eram verdes, agora estavam azulados como se estivessem enfeitiçados. Quando o vi chegar em Asgard preso como um criminoso, derramei mais lágrimas do que achei ser capaz de derramar. Parecia o dia de sua morte. Toda aquela dor e sentimento de perdê-lo retornou. Eu precisava encará-lo de frente, mas não conseguia. Ainda existia uma parte dele que fosse humana? Que me amasse? Afinal, ele não voltou por mim. Ele havia descoberto sobre a filha? Todas essas perguntas rodavam minha cabeça, enquanto assistia o amor da minha vida ser arrastado para a sala do trono. 

PV LOKI

1 ano se passou desde o dia da minha queda. Achei que não existisse nada pior do que a infinita escuridão, caindo eternamente no nada. Porém descobri estar errado quando acordei em um planeta desconhecido amarrado e torturado. Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas sabia que a dor era insuportável e eterna. Uma criatura púrpura e asquerosa entrava em minha cabeça todos os dias e revirava minhas lembranças. Aquele fatídico dia foi revivido mais vezes do que pude contar. Cada vez um detalhe a mais aparecia. Por fim, eu lembrava de ter sido empurrado por Thor da Bifrost, de ver Sigyn e o bebê serem assassinados por Odin na minha frente e todos satisfeitos com meu fim. Quando fui liberto, eu só queria vingança. Thor e seu pai pagariam por tudo o que me fizeram. Odin morreria lentamente assim como fez com Sigyn. Eu nunca os perdoaria por isso. 
Com esse pensamento, juntei toda a energia que me restava e lutei para ter Midgard. Não a queria de fato, mas precisava chegar triunfante em Asgard depois de tudo. 
Claro, Thor tinha que aparecer e estragar tudo com a equipe de palhaços dele. 
Fui levado de volta para casa, onde seria julgado por ninguém menos que o causador de tudo isso: Pai de todos.
- Olá mãe, está orgulhosa de mim? - perguntei ao ver minha mãe parada ao lado de Odin. 
- Loki, não piore as coisas.  - ela disse com lágrimas nos olhos. 
- Defina piorar. 
- Basta! Silêncio. - gritou Odin com toda a sua soberba. - você tem ideia do que fez? Atacar um reino inocente? Tudo isso porque Loki queria o trono. 
- Tudo o que eu queria era ser tratado como Thor. 
- E veja onde suas atitudes te trouxeram. 
- Me trouxeram de volta ao inferno. Por favor, se pretende usar o machado, use-o logo. Não é que eu não goste do seus discursos, eu só...não gosto. 
- Não vou te matar em respeito a sua mãe. Frigga é a única razão para você estar bem agora.
- Por que? Pretendia me matar como fez com Sigyn? Devagar e dolorosamente? Me diga, o que ela lhe fez? - lágrimas escorriam pelo meu rosto. Ela não merecia aquilo. Vi em seu rosto a mais pura confusão.
- Como ousa dizer que cometi tal atrocidade? 
- COMO OUSA FINGIR QUE NÃO FOI NADA? - gritei. 
- Loki, do que está falando? Sigyn está bem. Está aqui em Asgard inclusive. - falou minha mãe.
- Não, não é possível. Eu vi. Ela foi morta. 
- Jamais encostaria um dedo em Sigyn. Principalmente quando estava grávida.  - disse Odin.
- Matou meu filho também?
- Loki, Sigyn e sua filha estão bem.
Quando ouvi aquilo, meu coração pulou de alegria. Sigyn estava bem. Minha filha estava bem. O que são aquelas memórias então? Por que lembro dela morta?
- Qual é o nome dela?  -perguntei tentando conter mais lágrimas.
- Helena - respondeu minha mãe. 
- Ela está bem? Está saudável? Estão cuidando dela aqui?
- Sim, filho. Tanto Sigyn quanto Helena estão bem. Não se preocupe. - respondeu Frigga. 
- Por que me lembro delas mortas? Por que tenho a imagem de Odin matando as duas? -perguntei.
- Não sei, meu amor. Vamos descobrir o que for necessário. 
- Posso vê-las? - perguntei emocionado. 
- Não. Seria fácil demais par você. Não chegará perto de nenhuma das duas. - respondeu Odin. - guardas, levem Loki para as masmorras.  
Eu não conseguia nem amaldiçoa-lo. Estava tão feliz por ter uma filha e o amor da minha vida ali, que não pude nem odiá-lo.

NA SALA DO TRONO...

- Meu rei, deixe que Loki veja a filha e Sigyn. Ele nunca pôde conhecer a filha e faz tempo que não vê a mulher que ama. Você mesmo viu a surpresa e alívio ao descobrir que estão vivas. Não sabemos o que aconteceu e porque ele lembra de coisas que não aconteceram. Loki não está bem. - disse a rainha Frigga.
- Mas deve ser punido. Ele atacou um reino em paz. 
- Sim, ele deve. Mas é nosso filho! Precisamos achar a redenção dele. 
- Não acho que ele tenha jeito.
- Mas eu acho. Por favor, deixe-o conhecer a filha. Eu imploro.
Depois de um minuto de silêncio, o rei respondeu:
- Tudo bem, querida. Porém, no momento, ele ficará sozinho. Precisa aprender a lição. 


PV SIGYN

Frigga entrou no quarto de Helena e me contou tudo o que aconteceu. As falas de Loki, as falsas lembranças, o sentimento de alívio ao saber que estamos bem...
Era ele. Apesar de tudo, ainda era o homem que eu sempre amei.
- Acha que poderei vê-lo essa semana? -perguntei. 
- Penso que não, querida. Odin quer que ele fique um tempo sozinho na prisão. Concordei com ele, pois, lembrei de algo que pode criar lembranças falsas: tortura. Se ele tiver sido torturado para modificar suas lembranças, somente em um lugar neutro e boqueado de magia que ele se recuperará. 
- Acha que alguém o torturou?
- Não duvido de mais nada. Com o tempo , saberemos o que realmente aconteceu. Por enquanto, só nos resta aguardar ele recuperar sua sanidade. 
- Quem faria isso com ele?
- Alguém que precisava de um capacho para fazer seu serviço sujo. Não se preocupe, querida. Eu vou entrar na mente de Loki e analisar a situação.
- Pode fazer isso?
- Posso. Ele só não ficará satisfeito. 
Senti um frio na barriga após essa fala de Frigga. Realmente Loki ficaria frustrado e furioso com uma invasão de privacidade dessa, mas era a única forma de entender o que aconteceu e salvá-lo da morte.

PV LOKI

Minha cela era especial. Havia uma cama, mesinha de centro e livros. Uau. Me senti muito especial! Obrigado, Odin. Quanta generosidade!
Eu só conseguia pensar em Sigyn e em nossa filha. Eu tinha uma menininha. Só queria saber como ela é, como se parece e quão linda está. Passava a maior parte do tempo tentando pensar em cada detalhe dela. Os olhinhos eram azuis ou verdes? Ela tinha o poder de Sigyn? E os cabelos? Seriam loiros como os da mãe ou pretos como os meus? Eu queria tanto poder vê-la!
Por mais humilhante que fosse estar aos pés de Odin como um animal, eu precisava me conter para poder vê-las. Eu o odeio por tudo o que fez comigo e escondeu de mim, mas, pelo bem da minha filha, eu ficaria calado e não tentaria fugir. 

- Alteza, sua mãe deseja falar com você. - um guarda falou. 
- Bom, eu não posso sair daqui não é? Então traga-a aqui. 
- Sim, alteza. 
Vermes insolentes. Tão burros!
- Loki
-Frigga. Veio conversar e tomar uma xícara de chá? Vai querer algum conselho? -perguntei debochado. 
- Filho, não piore as coisas. Vim até aqui para tentar entender o que aconteceu com você. Por que fez aquilo? O que ganharia invadindo Midgard? 
- Poder. Mostrar a Odin que eu sou capaz de governar. Ter ele arrependido de tudo o que me fez durante todos esses anos. Apenas isso. 
- Você não é assim, Loki.
- Não? Sou um monstro nojento, o que você sabe sobre mim?
- Sei que te criei como o príncipe que é. Que te ensinei tudo o que sei para ser poderoso e governar com sabedoria. 
- Você não entendeu, não é? Nenhum de vocês entendeu que eu não ligo para o trono de Asgard. Quer dar ao Thor? Ótimo, que ele faça bom proveito. Eu só queria ser considerado um candidato digno do trono, ser tratado com a mesma admiração e  orgulho. O problema é que Odin nunca fez nada por mim. Me treinar para governar é apenas um luxo que eu sempre fui grato por ter, mas nunca quis Asgard. Meus planos eram diferentes. Casar com Sigyn e ser rei de Vanaheim com ela. Porém, nem isso eu pude ter. E por que? Simples: eu não sou bom o bastante. 
- Isso não é verdade, filho. Eu te amo tanto.
- Eu nunca a culpei pelas atitudes de Odin, mãe. 
- O que posso fazer por você?
- Cuide de Sigyn e Helena. Não deixe que nada lhes falte. Não deixe nenhum homem estúpido chegar perto delas. Sigyn é sábia e uma excelente monarca. Não precisa de um rei ao seu lado. Sendo mãe solteira, vão exigir que ela se case com alguém que não sente nenhum tipo de afeto. Apenas por acordo de paz. Não deixe isso acontecer.
Frigga me olhou com uma expressão orgulhosa. Segurou minha mão e falou:
- Não se preocupe, amor. Elas ficarão seguras. 
Esse toque de Frigga era tudo o que eu precisava naquele momento, até que senti uma pontada na cabeça e minha visão escureceu. 
- Mãe? O que você está fazendo? 
- Desculpe, querido. Preciso ver através dos seus olhos o que aconteceu. Preciso salvá-lo do machado. 

O outro lado da históriaWhere stories live. Discover now