Capítulo 75

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Jacaré narrando

Depois que eu empurrei a Karina pra fora do carro pq sabia que ela não ia ter coragem de pular, só lembro do carro capotar muito rápido, tiro pra caralho e eu correndo tentando enxergar no meio daquela escuridão toda, minha cabeça e meu braço sangravam muito, até que dei de cara numa árvore e apaguei. Acordei sendo arrastado por dois malucos da federal, já tava de manhã mas eu não conseguia enxergar muita coisa.

Xx: Achamos ele, Freitas. -os dois me largaram-

Freitas: Fala baixo, porra, tu acha que eu quero prender esse merda? -falou baixo- Vamos levar ele pra perto da riacho e lá a gente joga esse infeliz.

Com certeza estava acontecendo uma busca por mim, essa cabeça colada no meu pescoço vale ouro mas eles não estão nem aí pra isso. O certo é me levar preso e fazer todo o procedimento pra eu pagar pelo o que eu fiz contra o estado na cadeia mas eles vão fazer o que fazem quase sempre, matar.

Eu só conseguia pensar na desgraçada, se ela já tinha conseguido ficar segura ou se pegaram essa tonta. Depois de ser arrastado por longos minutos, recebi um chute na barriga me fazendo despertar totalmente.

Freitas: Falei que não tava morto. -falou me vendo tossir- O soninho tava gostoso?

Eu tava fraco de tanto sangue que devo ter perdido, nem falar eu conseguia, meu braço ainda sangrava e fora os machucados pelo meu corpo por ter sido arrastado sei lá quantos metros.

Xx: A gente tem que acabar com isso logo, daqui a pouco as buscas chegam aqui.

Xx²: E tu acha que esse verme merece um "acabar com isso logo"? -falou me olhando- Pena que eu não tô com meu kit tortura.

Freitas: Vamos matar ele mas sem tiro pq vai chamar muita atenção. -agachou do meu lado- Gosta de massagem, meu parceiro? -falou rindo-

Encarei ele sem esboçar reação nenhuma e o desgraçado me deu um socão que fez sangrar meu supercílio na hora. Fiquei desnorteado.

Vai precisar de mais pra me apagar, filho da puta.

Pareceu que ele leu meus pensamentos, o tal Freitas levantou já marcando a bota dele na minha cara me fazendo apagar, depois daquilo só lembro de ver eles se afastando e meu corpo estar na merda de tanta porrada. O que me salvou real foi aquele riacho que eles acabaram não me jogando, morri de fome durante dois miseráveis dias mas água foi o que não me faltou.

Todo dia falava pra Deus que aquela não era a hora e me levar, eu tinha um filho pequeno pra criar e muita coisa pra por no eixo, precisava ficar vivo. E, como o ódio me dá gás, quem fez isso comigo vai me pagar muito caro, eu já até desconfio de quem seja, por mais que eu não queira acreditar. O que eu mais tive foi tempo pra ficar parado pensando nas coisas, já que eu não conseguia nem me mover.

Lidar com a realidade é difícil mas é necessário.

Confiei em Deus e entreguei tudo na mão dele como sempre faço, meus pensamentos só pairavam pelo meu filho, minha mãe, meu morro e a minha garota... Que porra deve ter acontecido com essa mina? Se ela tiver morta, acabo com a raça dessa filha da puta.

- Vou te recompensar por isso, mano. Não se preocupa! -falei observando ele refazer meu curativo-

Elias: Eu já entendi, so. Depois que tu voltou a falar só sabe dizer isso. -ri do sotaque dele- E eu não tô nem preocupado.

Amor IngratoWhere stories live. Discover now