43 | Eu acho que vou vomitar...

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"E eu é que sabia?" Ele interroga com um tom de voz, novamente, elevado e cheio de ironia. Reviro os olhos e com a mão faço-lhe sinal para falar mais baixo. Sinto que a minha cabeça vai explodir a qualquer momento.

"Como queiras."

"Tens ai um copo de água e um comprimido para a ressaca, que eu fui pedir à enfermaria."

Assenti com a cabeça, sem a ousadia de lhe pronunciar seja o que fosse, e pego no copo de água que se encontrava em cima da mesinha cabeceira do meu lado direito. Coloco o comprimido na minha língua e, após o engolir, tento saciar a minha sede imensa com o resto da água que sobrara.

Fico algum tempo a olhar para o fundo do copo e a admirar a ausência de nitidez que o mesmo fazia. Sinto-me tão nauseada que estou capaz de vomitar em qualquer lado, incluindo em cima de mim mesma.

Tentava juntar as peças do puzzle da noite passada mas nada me vinha à mente. Tudo ainda me parecia muito irreal, muito difícil de assimilar, principalmente o facto de nem sequer saber onde Zayn havia dormido. Ainda que não me importasse que tivesse sido ao meu lado iria ser estranho pois nós já não somos nada. Agora nós já não somos nada mais do que professor e aluna.

Felizmente a inconveniência sempre esteve do meu lado, logo, resolvi arriscar.

"Onde dormiste?"

"Não foi contigo, se é isso que estás a pensar."

"Não estava." Eu minto, manifestando indiferença. "Mas então, onde dormiste?"

"Eu não cheguei a dormir."

Assinto com a cabeça e pouso o copo de água no mesmo sítio onde se encontrava anteriormente, mesmo que ainda me apetecesse mais.

Levantar-me da cama para me dirigir até à casa de banho era como se me pedissem para morrer porque, pisar o chão frio e fazer esforço físico não é propriamente a proposta mais tentadora. Contudo, pedir a Zayn para me ir buscar mais água também não pode ser considerado uma opção muito agradável visto que nos estávamos a tratar de forma muito longínqua, distante.

Permito então que a preguiça ganhe esta árdua batalha e decido deixar-me ficar na quente cama, a morrer de sede.

"Eu disse-te alguma coisa ontem?"

"Agora que falas nisso, queria dizer-te que foste bastante desagradável e intolerante."

"Muito?"

"Sim. Muito mesmo, Blair."

"Ótimo. Sendo assim fico orgulhosa de mim."

Vejo-o revirar os olhos e deixo o meu corpo cansado encostar-se à parede que se encontrava atrás da cama. Bocejo devido ao cansado que sentia e esfrego ainda os meus olhos, pedintes de sono. A minha dor de cabeça, cada vez com uma intensidade mais elevada, já se começava a tornar incomodativa.

A minha única vontade é tomar um banho de imersão e mergulhar no esquecimento.

"Eu acho que vou vomitar..."

Levo as mãos à minha barriga e engulo em seco tentando controlar o enjoo. O cheiro que, por vezes, parecia sentir era tal maneira nauseante que fazia com que um líquido amargo me viesse até à garganta. Talvez se eu tivesse feito um jantar em condições, ontem, as consequências não fossem tão desastrosas assim.

"Blair, não vais vomitar na cama!"

Levo uma mão à minha boca e tento respirar fundo de forma a controlar estas terríveis náuseas. O meu problema é que quanto mais eu tentava não pensar nas bebidas mais eu pensava, logo, mais vontade de vomitar eu tinha.

Toxic 》 malikWhere stories live. Discover now