O meu era a Naomi.

Levantei do sofá. Meu corpo estaba dormente e minha cabeça estava zonza. Fiz força para andar a distância do sofá até a cama dela e penteei os cabelos dela.

Estavam compridos e escuros. Sem vida. A pele dela estava gelada. E muito branca.

Ela estava certa. Eu podia viver sem ela. Eu estava vivendo sem ela. Viajava a trabalho, saía quando o pessoal insistia muito, até conseguia fazer compras para tentar relaxar a mente.

Mas não era bom. Era horrível. Eu não ficava mais ansioso e com o coração acelerado. Eu não sentia mais minhas mãos suando e tremendo de nervoso. E não tinha mais ânimo.

E a partir do meio-dia, seria definitivo.

Eu nunca mais veria nem mesmo o corpo dela.

Se eu pudesse ressuscitava o Smidtch. Só para matar. E ressuscitava de novo. Para matar de novo. E quantas vezes eu pudesse matar aquele desgraçado de novo.

Como alguém podia fazer o que fez com alguém tão puro? Tão bom de coração...

Como eu queria que tivesse sido eu a estar na frente daquela bala...

Olhei de novo para o relógio enquanto fazia um último carinho nos cabelos dela. Dez para o meio-Dia.

Meu peito sufocou de dor. Cada minuto parecia que não passava e, ao mesmo tempo, cada segundo corria numa velocidade incrível.

-Oi. - Ergui a cabeça e enxuguei as lágrimas, sentindo meu coração dar um salto de meio metro.

Encarei Steve, Sam e Natasha. Eles haviam prometido ficar comigo no momento em que desligassem as máquinas. No momento em que o coração dela pararia de bater.

E, por consequência, no minuto em que eu morreria.

-Oi. Precisam de um minuto com ela? - Perguntei.

Eu não queria sair do quarto. Queria ficar até o final. Mas eles eram amigos da Naomi e amavam ela tanto quanto eu.

-Não precisa sair, Bucky. - Natasha veio até o meu lado e segurou a minha mão, olhando para ela.

Sam sentou no sofá e fazia uma força sobrehumana para não chorar. Steve deu um tapinha no meu ombro e foi sentar ao lado de Sam.

-Vai ver, Bucky, vai ser melhor para ela. - Steve disse. - Melhor do que ficar vegetando e sofrendo.

Concordei por concordar.

-Ela vai descansar agora. - Natasha comentou, enxugando os olhos. - Vai ter paz.

Assenti, sentindo o músculo do meu queixo tremer. Eu começava a suar frio e tive que me agarrar na beirada da cama. Eu sentia que podia desmaiar e não sei como não desmaiei quando o médico e as enfermeiras entraram no quarto.

Eles começaram a falar sobre o procedimento de retirada dos aparelhos e todos os tramites legais mas eu não escutava.

Quando me dei conta do que ia acontecer, de que iam desligar, ela ia morrer, me desesperei. Eu precisava tentar uma única vez. Só mais uma única!

A Herdeira. - Bucky Barnes. Where stories live. Discover now