Capítulo Vinte e Três

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Ponto de vista de Henry

Eu chorava com Sophia nos meus braços, seus olhos olhavam diretamente para o teto, olhar frio. Eu nunca iria me perdoar por essa morte, eu não queria ter matado ela.

Xinguei todos os meus antepassados, por ter causado isso, eu a amava.

- Sophia.- tirei seu cabelo do rosto.

Então tudo foi tomado por luz branca, fui puxado para trás quase caindo do altar, desci os degraus com o braço nos olhos que doíam pela luz branca.

Os piratas pararam de lutar, os esqueletos gritaram.

A luz branca diminuiu e eu olhei para o altar novamente.

- Sophia?- murmurei, não, não era ela.

Era Aleksandra.

O corpo de Sophia agora estava em pé deixando o rastro de sangue na mesa, o rosto dele estava vivo, seus olhos agora estavam com íris quase que como ouro, os cabelos brancos com uma coroa de ouro na cabeça.

A roupa antes manchada de sangue agora mudou para um azul escuro com detalhes dourado e branco com saia volumosa e tinha um véu azul escuro preso no seu cabelo. Suas mãos foram para frente da sua barriga, uma auréola dourada brilhava atrás da sua cabeça.

Todos se ajoelharam, até eu me ajoelhei, a Santa em pessoa estava na nossa frente, no corpo da mulher que eu amei.

No início eu achava que era apenas um amor passageiro, mas ontem quando ela me disse que eu tinha que matá-la, eu não iria conseguir, foi naquele momento que eu percebi que não queria que ela fosse embora da minha vida, que eu a amava.

Quando enfiei a espada no seu coração, parecia que eu enfiava no meu também.

Aleksandra se virou para os esqueletos.

- Há quanto tempo meus guardiões, continuem tomando conta do meu templo.- Sua voz era a mesma de Sophia, mas parecia ter um eco na mesma.

- Minha santa.- os esqueletos abaixaram um pouco os troncos e depois voltaram ao lugar. Aleksandra se virou para os piratas e eu senti um arrepio passar na minha espinha com o seu olhar.

- Finalmente terão o que queriam, a liberdade. Quebraram minha maldição e podem andar pelos continentes novamente.- ninguém comemorou, talvez com medo da santa.- Capitão Maxiel Silverstone.

- Sim?- barba suja tentou abrir os olhos.

- A garota não era a sua prisioneira e nunca será. Odeio homens do seu tipo, então cuidado com suas ações e suas consequências.- o pirata assentiu diversas vezes.

- Capitão Henry Crosswell.

- Sim?- a Santa me olhou, meu coração doeu pensando que aquela não era mais Sophia, ela tinha ido embora, eu a matei.

- Não fique se culpando pelo o que seus antepassados fizeram, eles já tiveram seus julgamentos.- engoli a seco pela forma que ela falou.- Outra pergunta, você gostava da Sophia?

- Eu a amava.- Aleksandra sorriu fraco e olhou para todos.

- Vocês tem minha benção, não cometam os mesmos erros que seus antepassados fizeram, lembre-se que vocês acreditando ou não nos Santos, sempre estamos observando.- Alguns murmuraram preces e outros agradeceram, Aleksandra voltou a me olhar.- Para sua sorte, capitão, a garota também te amava.

A Santa fechou os olhos e uma luz fraca saiu do seu corpo, a auréola sumiu junto com a coroa e o véu, o vestido mudou para um simples vestido azul escuro, os cabelos voltaram para o castanho com uma única mecha branca na frente.

Ela colocou os pés no chão e levantou a cabeça olhando para todos, os olhos castanhos avelã.

- Sophia?- me levantei pronto para correr

- Henry?- Corri subindo os degraus novamente e a abracei, com força, seus braços envolveram minha nuca, voltei a chorar.

- É um milagre? Pelos Santos....

- Aleksandra me fez uma proposta. Eu escolhi voltar, ainda sou a reencarnação dela e quando eu morrer de novo, eu vou me juntar a ela para sempre, ela vai assumir meu rosto na hora de julgar os vivos e mortos.

- Que responsabilidade.- rimos, escutava os piratas comemorando.

Separei o abraço e percebi que os piratas de Maxiel tinham sumido, provavelmente tinham fugido.

- Sophia me desculpa, me desculpa mesmo por...- ela apenas me abraçou.

- Tá tudo bem, já passou. Eu estou aqui. Não estou?- ela separou o abraço e eu assenti, não tinha nenhum ferimento no seu peito ou sangue na sua boca.

Ela deu um selinho nos meus lábios, que eu queria que tivesse durado mais.

Kailani, Jack e Abigail vieram na nossa direção, a sereia abraçou Sophia.

Estava livre, toda minha tripulação estava livre.

Sophia estava bem, estava viva.

Olhei para o templo enquanto Jack abraçava meus ombros, agradeci mentalmente a Santa Aleksandra, no mesmo momento Sophia virou se para mim e sorriu.

Sorri de volta e meu coração se acalmou com seu sorriso.

A Maldição dos SantosWhere stories live. Discover now