Capítulo Treze

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Meus olhos se arregalaram, não era possível, não podia estar certo.

- O que?

- Eles que foram no templo e fizeram barbaridades, não acreditavam nos Santos e zombaram deles. É por isso que alguns piratas não gostam de mim ou do meu navio.

Não era possível.

Eu era a reencarnação do santo que lançou a maldição e ele era trineto do pirata que foi amaldiçoado.

Os Santos brincam conosco.

Se eu contasse para ele que eu era a reencarnação do santo da maldição, ele iria me odiar, pior, ele poderia me matar com raiva.

- Sophia?- parei de olhar para o nada e bebi outro cole da bebida dessa vez sem limão, para que queimasse minha garganta.

Tossi sentindo ela passar por minha garganta, Crosswell colocou a fatia de um limão na minha boca.

- Você está bem?- mastiguei o limão.

- Estou, apenas me perdi nos meus pensamentos.- tirei a casca da boca e coloquei perto das outras.- Bom, quando você for livre, há muitas coisas a se explorar. Apenas não faça uma bobagem e seja preso, se não você ficará trancado sua vida toda em uma cela.

- Mas então onde está a graça de viver uma aventura?- revirei os olhos e escutei ele rir fraco.

- Há outras formas de viver uma aventura, Crosswell.

- Pode me chamar de Henry.- olhei para o seu rosto, por causa da fraca iluminação, seus olhos pareciam castanhos não verdes. Seu cabelo levemente bagunçado, os pequenos brincos na sua orelha não brilhavam como brilhavam na luz do sol.

Meu coração chegou a errar uma batida.

- Há outras formas de viver uma aventura, capitão Henry.

- Veremos, santa. Veremos.- ele brindou nossos copos e tomamos a bebida.

Acordei com uma dor de cabeça, mas não era igual as que eu sentia por causa da poção, era por causa de ressaca da bebida.

Lembro que terminamos a garrafa durante a madrugada, já estava fora de mim mesma, lembro da minha risada e da de Henry, ambos alterados.

Não lembro como eu cheguei no quarto mas apenas lembro de Henry na minha frente.

- Boa noite, minha santa.- ele segurou meu queixo e sorriu de lado.

Sentei na cama apresada e acabei batendo a cabeça na madeira, me deitei resmungando de dor e com a mão na testa.

Pelos Santos, que memória é essa? O que aconteceu depois? Alguma coisa aconteceu depois? Pelos céus.

- Maldita bebida.- resmunguei para mim mesma.

- Ei, quer abrir a própria testa?- Abigail se aproximou e me cheirou.- Que cheiro de bebida, bebeu durante a madrugada?

- Um pouco, estou com ressaca agora. Não tem alguma poção para curá-la?

- Existe uma coisa que não exige magia, chamado chá de ervas. Vou preparar para você um, vá tomar banho para tirar essa catinga.

Depois de ter sido quase chutada para fora do quarto, fui para o banheiro e tomei um banho, depois coloquei calças, botas e uma blusa verde escura ombro a ombro.

Comi o café da manhã e Abigail me deu o chá, ele era doce para o meu favor.

Subi para o convés vendo alguns piratas limpando ele. Subi as escadas para o timão, onde Jack e Henry estavam, Henry não estava com uma cara boa igual a minha.

- Ressaca?- estiquei a xícara.

- Nunca mais bebo aquele troço.- ele pegou a mesma e bebeu o resto do chá.

- Acho que não deveríamos ter tomado a garrafa inteira.- Henry deu de ombros.

Jack se afastou e eu fiquei sozinha com Henry.

- Ontem...

- O que tem?

- Ontem...aconteceu alguma coisa?

- Não lembro da madrugada toda, mas eu acho que não.- me entregou a xícara vazia, respirei aliviada.- Por que? Você queria que acontecesse, santa?

Boa noite, minha santa.

- Nunca...eu..Ahm...- gaguejei e ele riu, apenas desci as escadas correndo para o andar de baixo, sentindo minhas bochechas vermelhas.

A Maldição dos SantosWhere stories live. Discover now