Capítulo Catorze

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- O que foi, Sophia?- Kailani se sentou ao meu lado da cama.

Nesses últimos dois dias eu sentia uma sensação estranha, parecia até uma inquietação. Não tive mais nenhum sonho com a outra parte de mim, as tonturas se tornaram mais leves.

- Eu não sei.- digo, Abigail estava em pé, com os braços cruzados.- O que houve?

- Não sei, tive uma visão...

- Sobre o que?- digo quase que ansiosa.

- Não posso falar, mas ela pode ter muitos significados.

- As vezes parece que você fala com charadas.- a bruxa riu tirando uma de suas tranças do seu ombro.

Então escutamos um barulho alto vindo do convés junto com gritos, eu e Kailani nos levantamos.

- Estão atacando o navio?- Kailani perguntou.

- No meio da noite?- perguntei.

- Vão.- olhamos para a bruxa.

- Como assim?

- Vão para o convés, agora.

- Mas...- tentei argumentar mas a bruxa me olhou com um olhar que fez minha espinha se arrepiar. Peguei a única pistola que tinha.

- Fique aqui, Kailani.

- Mas você...

- Você não tem arma, vai ser pior.- a garota assentiu.

Sai do quarto com os barulhos aumentando, tiros foram disparados, estava na escada quando um corpo rolou dela. Arfei vendo que era um homem e no seu peito tinha arranhões de garras que sangravam.

Pulei o corpo e subi para o convés.

Estava um caos, piratas atiravam para os céus e seguravam rochas de fogo as abanando para expulsar o que tivesse voando.

Olhei para o céu escuro e vi, era uma espécie de morcego gigante, sem olhos, com garras nas patas e asas grandes, a boca cheia de dentes afiados.

Demônios

Algo gritou essa palavra dentro de mim, eram os demônios que vieram atrás de mim.

Um voava na minha direção fazendo eu dar alguns passos para trás assustada, fui arremessada batendo as costas na madeira do mastro e uma pirata que estava ao meu lado foi levada no meu lugar.

Apoiei minhas mãos no chão, sentindo minhas costas doerem, levantei a cabeça. Destravei a pistola e comecei a atirar a onde eu achava que estava as criaturas.

Era mais de uma, possivelmente cinco ou sete, elas davam um grito agonizante e agudo.

Atirei na cabeça de um que pareceu nem sentir a bala atravessar pela mesma.

- Mas o que...

As balas da pistola acabaram e eu me levantei com cuidado. Vi uma criatura vindo na direção de um pirata que estava distraído com outra, me joguei na sua frente, a criatura arranhou minhas costas de raspão.

Cai em cima do pirata, ele agradeceu milhares de vezes, mas eu não o escutei, a dor nas minhas costas era agonizante e sentia sangue escorrer molhando minha camisa.

O homem me ajudou a levantar e eu me apoiei na borda do navio. Não sabia o que fazer, não tinha o que fazer, como eu poderia acabar com esses demônios?

Percorri meus olhos pelo navio, Kailani por teimosia subiu para o convés e estava segurando uma tocha enquanto Jack atirava em uma criatura que ameaçava pega-los.

Olhei para o timão e uma criatura segurava Henry pelo braço, com o braço livre o capitão atirava mas a criatura não o soltava, o timão girava loucamente, fazendo todos no navio cambalearem.

Não, não, não.

Agora, sophia

- Não.- murmurei para mim mesma, meu sangue escorreu das minhas costas e caiu três gotas no chão do convés.

Apenas aceite.

Eu aceitei, mesmo não sabendo o que era.

Então o mundo explodiu em luz branca.

A Maldição dos SantosWhere stories live. Discover now