Disse baixo para Hemmings, dando dois tapas em seus ombros enquanto acompanhava a garota para fora.

    A viagem para Orlando durou pouco mais de uma hora e foi mais divertida do Luke esperava que fosse. Durante todo o caminho cantavam alto a discografia do All Time Low, desde "Dear Maria, Count Me In" até "Guts", isso quando não paravam porque um deles esqueceu de usar o banheiro antes de sair ou porque queriam comprar algo em uma loja de conveniência na estrada. Todos se sentiam como adolescentes no ensino médio em sua primeira viagem sozinhos para uma festa, mesmo que tenham passado a maior parte dos últimos quatro anos longe de casa.

    O grupo foi dividido assim que chegaram no hotel. Ashton, Calum, Michael e Charlotte saíram juntos em busca de um restaurante temático que havia descoberto na internet, Brandon e Peter, outros dois amigos de Nova que estavam a um passo de ter um relacionamento, haviam combinado de fazer um tour pela cidade com um guia e, obviamente, Luke e a garota de cabelos vermelhos foram para a arena, entrando na fila do show da banda que os marcou em algum momento de suas vidas.

    — Nossos assentos são incríveis! — Nova pulava animada assim que percebeu o quão próximos do palco estariam. — Nós vamos ver tudo! E ainda é perto do bar.

    — Você fez a melhor escolha, preciso admitir. — Ele riu. — Quer que eu vá comprar algo para a gente?

    — Sim, claro, vou ficar aqui para cuidar das coisas. — Ela tirou o dinheiro do sutiã. — Esconderijo secreto.

    — Gostei. — Hemmings gargalhou. — Eu já volto.

    Enquanto a banda de abertura começava seu show, Luke esperava seus drinks ficarem prontos na fila do bar, cantarolando uma ou outra música que conhecia. Sua atenção foi chamada quando o celular vibrou em seu bolso e ele o pegou, vendo a mensagem de Ashton brilhar em sua tela de bloqueio.

Ashton 🏆
Não se esqueça do que te falei
Seja você mesmo e tudo vai dar certo

Luke 🦔
Obrigado, eu acho?
E eu não esqueci

Ashton 🏆
Certo
Bom show então, irmão
Te espero no hotel

    — Luke Hemmings? — O barman o chamou, fazendo-o guardar o celular novamente.

    — Eu. — Ele pegou os dois copos. — Obrigado.

    Assim que Luke voltou com as bebidas, não demorou muito para o show começar. Ele e Nova passaram a maior parte da noite abraçados, cantando e dançando juntos todas as músicas da setlist, da mesma forma que haviam feito na noite que se conheceram. As luzes iluminavam o palco e, às vezes, a plateia também, era como nos vídeos que Hemmings assistia no YouTube, a energia do local era de tirar o fôlego e ele tinha certeza que acabaria a noite ao menos sem voz por conta de toda a empolgação.

    Quando as luzes se acenderam novamente e a plateia pareceu se acalmar, tudo que Nova e Luke conseguiram fazer foi se abraçar, como se dissessem silenciosamente um para o outro "cara, nós fizemos isso". Assim eles ficaram por alguns minutos, puxando o ar de volta para os pulmões e sentindo o frio atingir seus corpos quando se afastaram. A maquiagem de Nova levemente borrada e o cabelo de Hemmings completamente bagunçado, eles se sentiam livres.

    — Onde vamos agora? — Luke finalmente quebrou o silêncio, vendo-a apenas sorrir e puxá-lo pela mão em direção a multidão que deixava a arena. — Ei!

    — Confia em mim, bonitinho! — Nova ria. — Tem outra coisa da sua lista para fazermos essa noite.

    A dor da agulha em sua pele não era tão ruim quanto ele imaginava.

    A pequena lua que tatuava em seu tornozelo havia sido escolhida por Nova, que admirava o pequeno sol que havia feito no mesmo lugar no espelho do estúdio de flash tattoos que havia próximo da arena. Hemmings tinha certeza que já havia se passado da uma da manhã e, algumas vezes, sentia seus olhos se fechando sozinhos pelo cansaço, mas ver a alegria da garota em estar fazendo aquilo com ele o forçava a se manter acordado.

    — Os dois opostos. — Nova sorriu, se aproximando de Luke e segurando sua mão. — Menos um da lista.

    — É, você fez uma escolha legal. — Ele sorriu para ela, que beijou a ponta do seu nariz.

    — Você está exausto, chega a ser adorável. — Comentou baixo, só para ele.

    — Só vou proteger a tatuagem e já libero vocês. — A tatuadora sorriu. — A quanto tempo estão juntos?

    — Juntos? — Hemmings franziu o cenho.

    — Três meses. — Nova respondeu. — Mas somos amigos, até agora.

    — Ah, desculpe. — A mulher riu sem graça, protegendo o pequeno desenho na perna de Luke. — Vocês são adoráveis, pensei que eram um casal.

    — Bem... Ainda não. — A garota disse novamente, olhando para Luke alguns segundos.

    Hemmings a encarou em dúvida, não sabia se estava com muito sono ou se realmente havia escutado aquilo direito. "Ainda", pensou, "isso significa que ela gosta de mim?".

    — Prontinho. — A mulher sorriu. — Podem pagar com o Jeff na porta, foi um prazer atender vocês.

    — Muito obrigada. — Nova sorriu. — Vamos bonitinho, a galera deve estar preocupada.

    E, em silêncio, foram noite adentro em Orlando de volta para o hotel. Luke pensava demais nas simples palavras que haviam saído da boca de Nova, pensava se devia dizer a verdade sobre o que sentia, se devia perguntar o que eles eram para ela, mas não conseguia encontrar as palavras certas para dizer tudo aquilo. Hemmings estava tão apavorado quanto ficava na escola, tão apavorado quanto o garoto de "Try Hard", como se tivesse perdido todo o controle da situação.

    Entraram no quarto que compartilhavam em silêncio, deixando os sapatos próximos à porta e se jogando em suas respectivas camas. Nova suspirou algumas vezes, fazendo com que Luke tirasse os olhos do teto por alguns segundos para olhá-la, mas na maior parte das vezes ela permanecia quieta.

    — Sabe, Luke. — Nova quebrou o silêncio. — Eu não sei se você sabe, ou se eu já te disse isso, mas eu sou muito grata de ter te conhecido. — Ela se virou para ele. — Sei que vou te levar comigo para sempre.

    — Eu realmente espero que isso aconteça. — Imitou o movimento, se virando para ela também.

    — Impossível que não aconteça mais, bonitinho. — Ela deu um sorriso fraco. — Eu sempre acreditei que quando as pessoas dizem "para sempre" elas não pensam que essa palavra pode se referir a muitas coisas — contou. — Uma dessas coisas são as memórias, já que carregamos elas até o resto de nossas vidas e, sendo sincera, se for para levar nesse sentido você vem me dando o melhor "para sempre" que eu já tive.

    Hemmings ficou em silêncio por alguns segundos, sem saber muito bem o que falar. Nova pareceu perceber seu nervosismo, levantando-se de sua cama e deitando-se ao lado dele na pequena cama de solteiro, assim como faziam quando ela invadia seu quarto na faculdade. A garota passou os dedos nos cabelos do garoto, que a encarou por alguns segundos antes de conseguir falar.

    — Você também vem me dando meu melhor "para sempre" — Luke fez aspas. — Mas eu não me perdoaria se perdesse você.

    — Você não vai. — Ela continuou o carinho, puxando o cobertor para si e respirando fundo. — Boa noite, bonitinho, espero que não se importe que eu durma aqui.

    E, em silêncio, os dois caíram no sono, entrelaçando suas pernas e puxando-se mais para perto a cada hora que se passava naquela madrugada.

Bucket List | LRHWhere stories live. Discover now