Capítulo 2 - Refeitório

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Marxos não era um nome exatamente comum, mas quem disse que ele era um comum? Marxos tinha um metro e oitenta e cinco, cultivava músculos que eram levemente marcados pela camisa pólo e pela calça jeans. Ele tinha olhos verdes e um largo sorriso, sua pele era alva rosada e carregava uma barba por fazer.

As aulas de calculo não deveriam ser um problema para mim, porque afinal de contas eu era bom em calculo, mas ter ele como professor me deixava sem jeito, porque afinal de contas eu o fiz cair no chão no primeiro dia de aula. Mas, além disso, algo me chamou a atenção.

Seus olhos.

Eles me seguiam com freqüência e minha mente começava a pensar coisas que não deveriam nem ser de longe reais ou possíveis, a aula se passou e só percebi isso quando o sinal soou alto de mais e me tirou do meu pequeno mundo particular. Neverland? Que nada. Disney World é bem mais minha cara.

Juntei meu material e segui Sara pelos corredores ate o refeitório no segundo andar. Ele estava amontoado de alunos que iam e vinham com aquelas bandejas que cá pra nós era uma versão bem capenga dos filmes americanos.

Como estava sem apetite me sentei em uma das mesas. Sem dizer uma única palavra Sara deixou seus livros na mesa e caminhou em direção a fila que se formava nos balcões próximo a mim.

- Oi. – disse à voz que eu reconheceria em qualquer lugar desse mundo.

- Matheus. – disse sem emoção.

Matheus era do time de futebol. O que vocês precisam saber sobre o time é que todos em sua maioria são fortes, porque é pecado dizer que eles são gordos e mal educados e se metem a valentões na escola. Quanto a esse padrão Matheus não se encaixa, ele possui um metro e oitenta, cabelos loiros e lisos, olhos azuis como o céu de um cristalino único que fazem você se perder neles se não tomar cuidado. Seu corpo era malhado e não era um aluno ruim e sempre tinha seu escudeiro Rafael.

- Será que podemos conversar Gui...

“Gui” apelido carinhoso que ele e colocou na época em que estávamos juntos. Sim, estivemos juntos, mas ele fez o que todo cara faz, me traiu com uma “amiga” segundo ele e desde então ele se empenha em me reconquistar.

- Sobre? – o olhei vagamente.

- Será que você pode me perdoar? Eu já disse que não sei como fui parar na cama da Rebeca. Você nem me deixou explicar.

- E o que haveria para explicar? Vocês sem roupa na sua cama, eu compreendi a mensagem completamente.

- Gui eu te amo, você sabe disso.

- Que estranha forma de amar. – retruquei.

- Por favor, me de uma chance de explicar as coisas. É a única coisa que eu peço.

Ele me olhou como aqueles cachorros que não tem dono e estão famintos. Esse sempre foi meu ponto fraco. Então derrotado suspirei.

- Tudo bem, amanha as sete.

- Yes! – ele pulou e me beijou o rosto. – Obrigado.

E com um largo sorriso no rosto ele se afastou com Rafael que chegou e saiu sem dizer uma única palavra, fora que eu não compreendia a forma como ele me olhava. Era esquisito. Não sabia o que poderia ser. Quando Sara finalmente voltou, ela estava com uma bandeja lotada de guloseimas e a olhei boquiaberta.

- Você vai comer tudo isso?

- Trouxe para você também. – disse ela em meio a um sorriso largo. – Então será que o professor Marxos vai pegar no seu pé?

- Alguém disse meu nome? – a voz ecoou em meus ouvidos. – Bom dia meninos. – disse ele pousando a mão em meu ombro e a apertando.

- Bom dia professor... – dissemos em uníssono.

- Bem do que falavam?

- De como Gui adora as suas aulas, não é Gui? – disse ela ao me chutar pode debaixo da mesa.

- Ai!... Claro, calculo é minha matéria preferida.

- Que bom – disse em meio a um sorriso – Espero que o professor também seja.

Vermelho.

- Bem vou indo. Tenham um bom dia garotos. – disse ele ao se afastar dali.

- você ouviu o que eu ouvi?

- Depende do que você ouviu e como ouviu.

Porque eu via maldade nos olhos de Sara.

- Não é nada. – disse em meio a um sorriso.

- Ah não seja mal... Fala vai. – insistiu ela.

- No!

Então ela pega um pedaço de bolinho e joga na minha cara e faz bico, eu apenas dou um sorriso. Mal eu sabia que a minha vida normal iria virar de cabeça pra baixo antes do que eu imaginava.

Eu sou Gay - Livro I | Romance BLOnde as histórias ganham vida. Descobre agora