Uma Esposa Para o Hokage.

Gotas Amargas

Era noite quando bateu os nos dos dedos na porta de madeira envelhecida e esperou, cansado e alerta, Ino abrir. Ainda estava bem consciente do risco que corria estando em Konoha, quando Tsunade estava por ali. Teve que praticamente implorar aos Anbus que não anunciassem a sua chegada ao Hokage, porque o assunto ali era rápido e estaria fora da vila no mesmo dia. Ero Sannin se comprometera a espera lo, mas não podia contar muito com a boa vontade de seu velho mestre. Se uma mulher sequer passasse por perto e ao menos sorrisse, apostaria todo seu dinheiro que Jiraya iria sem pensar duas vezes.

Ino abriu a porta devagar, o rosto sonolento, o corpo envolvido em um daqueles roupões que ela sempre usava quando estava em casa. Seus olhos azuis arregalaram se, assustados, mas logo em sua expressão transparesceu o quanto parecia animada em vê lo.

Ela gosta de mim — Naruto concluiu, e o olhar que ela lhe deu melhorou um pouquinho o sabor amargo em sua boca — Não foi tudo uma mentira.

— Naruto! — Ela bradou, animada. Abriu os braços e o envolveu, encostando a cabeça loira em seu peito — Eu não esperava que voltasse tão cedo, cabeça de ovo!

— É mesmo? — Perguntou, passando os braços envolta dela gentilmente.

— Você vai ficar? Pode? Seria ótimo porque eu quero muito que fique para o casamento do Akamaru e...

— Espera — Naruto estreitou os olhos, confuso — Então Akamaru vai casar?

— Claro que vai — Ino assentiu, orgulhosa — Estou providenciando a festa, será nesse fim de semana. Fique! — Os braços dela apertaram se em sua cintura — É pouco tempo...

— Não posso, Ino.

— Peça a Kakashi sensei — Ela sugeriu, as bochechas rosadas de animação — Ele vai deixar, é só alguns dias...

— Eu não poderia nem estar aqui agora. Me convide pra entrar, quero conversar com você.

Ele notou que Ino percebeu que estava diferente. Seus olhos azuis o fitaram por poucos segundos, tentando entende lo, mas ela se afastou da porta e o deixou entrar. Sua casa tinha o mesmo cheiro perfumado de sempre, a organização impecável, as revistas de moda encima da mesa central. Mas Ino, de certa forma, também parecia diferente.

— Fale — Ela pediu, incisiva. Ele não entendia porque Ino se fechava rapidamente, como se a poucos segundos não fosse a garota risonha que conhecia — Oque foi, Naruto?

— Oque foi...— Seus dedos acariciaram as pétalas de um girassol, cuidadosamente colocado em meio a mesa central — Você tem algo para me dizer, Ino?

— Em que sentido? Porque desde que você foi em missão, tem muita fofoca nova sobre o povo dessa vila e...

— Sobre você. Sobre nos — Ela o encarou em confusão, incerta. Precisava ser mais objetivo — Sobre Shikamaru.

A pessoa que o escreveu dissera a verdade e ele não precisou escutar da boca de Ino, porque sua expressão respondeu sua pergunta imediatamente. Ela o encarou em surpresa, mas logo depois abaixou os olhos, mordeu os labios e suspirou.

— Quem contou a você? — Mas ele sentia que ela tinha suas desconfianças. Quem mais sabia? Quem mais olhava para aqueles dois e imaginava que Naruto era um idiota?

— Então é verdade — Sorriu, mas não tinha um motivo sequer. Era só estranho, estar ali, diante de Ino, naquela situação.

Ino arqueou as sobrancelhas, olhos apertados.

— Depende, Naruto. Oque é verdade? Quem te contou, e oque te contou?

Naruto a observou com seus olhos azuis insondáveis.