9° Capítulo

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Dirijo pela estrada de terra seguindo por longos minutos até chegar no centro da cidade, vou em direção a um bar que está movimentado, estaciono e tranco o carro antes de atravessar a rua e seguir para dentro, o lugar está cheio e a música toca baixo. Sento no bar, peço a primeira dose de tequila, por ser metade vampira ficar bêbada é um grande desafio, mas se eu tomar rápido ele se torna um pouco mais fácil.

-Posso me sentar? -Olho para o cara ao meu lado, seu cabelo é loiro claro e seus olhos incrivelmente azuis, o mesmo está sorrindo, um sorriso lindo admito.

-Não sou dona do lugar. -Dou de ombros e volto a beber.

-Dia difícil? -O ignoro e ele suspira. -O meu também.

-Duvido que foi pior que o meu. -Falo e continuo a beber. -Sei bem o que está fazendo.

-E o que parece, que estou fazendo? -Toma um gole de sua bebida e eu foco em uma garrafa atrás do barman.

-Dando em cima de mim! -Afirmo e o sinto me olhando.

-E está dando certo? -Dou um sorriso bebendo o restante do meu copo.

-Infelizmente não... -Na verdade está, mas não estou a fim de apagar a memória dele. -Por favor, a conta! -Peço e pego as notas do meu bolso.

-Já vai? Não podemos continuar bebendo? -O encaro por alguns segundos, não consigo ler seus pensamentos, isso só pode significar que ele é um escudo, isso é raro de se encontrar.

-Nem te conheço, então não. -Falo me levantando e ele estende a mão, a olho e reparo na tatuagem em seu punho, uma lua minguante.

-Derek Craine. -Ele se apresenta e fico o olhando. -Vamos lá, quero apenas uma boa companhia para beber.

-Tara Pearce, já aviso que não sou a melhor companhia para isso. -Explico ignorando sua mão estendida, ele dá de ombros olhando em volta.

-Mas será a companhia mais linda daqui. -Ergo a sobrancelha.

-Apenas se parar de dar em cima de mim e de fazer essas cantadas horríveis.

-Beleza, mais uma cerveja. -Ele pede ao barman que acena, volto a me sentar.

***

As horas passam e nunca ri tanto em minha vida como hoje, ele é divertido e adora conversar, nunca falei tanto com alguém como falei com ele, os assuntos surgem e fluem naturalmente.

-Sua casa ou a minha?! -Pergunto terminando de beber, ainda não estou bêbada, cerveja não causa efeitos em mim. Ele me encara sem entender. -O quê foi galanteador? Esperou a noite toda para isso, aproveita, estarei no camaro preto em frente ao bar, espero apenas cinco minutos.

Digo deixando as notas na mesa e saíndo do bar, sinto os olhares e quando entro no carro a porta do passageiro se abre, olho para um cara ruivo que entra e coloca um pano em minha boca e nariz. Na mesma hora, eu me viro e abro a porta ao meu lado, o chuto e caio na rua, me levanto vendo três caras, vejo Derek atrás deles.

-Achou mesmo que ele iria se interessar por alguém da sua raça, vadia? -Um loiro diz, usa camisa regata.

-Nossa, já começamos com os elogios? -Zombo e vejo dois caras com uns cassetetes. -Isso é tudo que vocês têm?

-Não, vaca. -Ele diz e das barras eletricidade começa a fluir.

-Me enganou direitinho, eles sabem que você é um escudo? -Pergunto e Craine desvia o olhar. -Era segredo?

-O que diabos ela está falando? -Fico o olhando, não iria contar, não sou tão traiçoeira a esse ponto.

-Se me derrotarem, o que acho difícil, talvez eu conte. -Provoco e volto minha atenção para eles.

Irritados, os dois partem para cima de mim, um me chuta e eu desvio do choque, dou um soco em seu nariz e chuto o moreno, aperto seu pescoço e arranco seu coração com minha mão, o outro corre em minha direção, vou a seu encontro dando uma chave de virilha e o derrubando, giro e arranco o seu pescoço com minhas unhas.

Levo um chute e caio no chão, ele desfere mais dois golpes, pega uma estaca e enfia em meu peito, mas para o seu azar, errou o coração.

-Vá para o inferno, de onde nunca deveria ter saído. -O mesmo diz e então ouço dois tiros, o que me faz fechar os olhos, constatando que não foram em mim, suspiro aliviada.

-Vem, vamos sair daqui. -Me afasto de seus toques e rastejo no chão. -Ei! Sou confiável, estou do seu lado.

-Do mesmo jeito que foi confiável lá dentro? Chamou eles aqui, falou onde eu estava, então corta essa de bom moço.

-Sim, mas...

-É um caçador, tem um poder incrível em suas mãos e se tornou isso? -Questiono e ele me ajuda a levantar, aceito por estar sozinha.

-Vou te levar para o seu clã. -Nego com a cabeça. -Te deixarei próximo então.

Me pega no colo e me coloca no banco do passageiro, entra no carro e saímos dali seguindo para minha casa.

-Como sabe onde eu moro? -Pergunto baixo e ele suspira.

-Sabemos de muitas coisas sobre vocês e as bruxas, resumindo, tem muitos de onde eu vim.

-Ensinam para eles que vampiros são mortos vivos? Tenho que dizer, estão bem enganados, o que aquele cara disse foi pura idiotice.

-Vampiro é o ser mais impressionante que eu já vi e estudei. -O encaro sem entender. -Como agem, caçam, como conseguem ter poderes?

-Nossa virei matéria de escola... você estuda sobre nós? -O mesmo acena e para o carro. -Quem sabe um dia te dou algumas aulas reais, teremos que nos ver novamente mesmo, para me devolver o carro.

-Do que... -O puxo e o beijo, seus dedos acariciam meu rosto, o afasto e ele me olha.

-Volte para casa e esconda meu carro, até qualquer dia, estudioso Craine.

Digo e saio do veículo, ando devagar até a porta, minha visão fica turva enquanto tento achar a maçaneta, abro e caio de joelhos, a dor é insuportável.

-Chamem Elisa! -Gritam e deito de costas no chão, sinto segurarem minha cabeça e colocarem em cima de uma almofada. -Ela apareceu assim.

-Merda, acertou o coração? -Pergunta ao meu lado. -Aidan, vai buscar sangue. -Rasga minha camiseta e gemo quando tocam na estaca.

-Não acertou... o coração... talvez um pedaço... -Digo e abro os olhos. -Tira isso de mim!

-Vamos fazer uma cirurgia, se tirar assim pode acabar te machucando mais.

-Não vou aguentar até a cirurgia... -Digo e olho para Aidan e Daniele, ele está a segurando pela cintura. -Me deixa morrer... acho que é melhor.

-O que? Está louca. -Diz e vejo as lágrimas. -Nunca vamos permitir isso!

-Precisamos de você, não pode desistir. -Louis fala e sinto o aperto em minha mão.

-Não quero viver em um mundo em que não sou amada...

-Te amamos, é nossa líder, tem o amor do seu clã. -Elisa está chorando. -Por favor, lute, irei tirar e você vai melhorar.

-Já tomei minha decisão, eu ordeno que me deixem morrer. -Falo a olhando e ela cai sentada, se afastando, mas então vejo Aidan.

-Sou teimoso demais para ouvir uma ordem, não vou te perder. -Diz e então grito quando o mesmo puxa a estaca a tirando do meu peito. -Agora beba o sangue antes que eu te obrigue a fazer isso.

Por que ele tem esse poder sobre mim?

Um novo personagem, bom ou ruim?

A EscolhidaWhere stories live. Discover now