A Escolhida

Prólogo

Fugir, apenas fugir, esse era meu pensamento enquanto corria pela floresta densa, escura e com o chão molhado por ter chovido há pouco tempo.

Sabia que não deveria ter feito aquele feitiço, mesmo tomando o máximo de cuidado e mesmo sabendo que aquela garota precisava de mim.

Maldita hora em que Berta passou e me viu, era impossível inventar uma desculpa, minhas mãos estavam brilhando, então qualquer um que passasse iria ver.

Me apoio em uma árvore tentando pegar fôlego, ouço os gritos e xingamentos, não quero morrer, sobrevivi por tanto tempo e não vou aceitar o meu fim, volto a correr, limpo minha mão no meu vestido e puxo a barra para cima, consigo correr melhor desse jeito.

-Ela está ali! -Gritam.

Olho para trás vendo as tochas e mais de vinte pessoas furiosas, com certeza estava sendo odiada por todas as pessoas da aldeia.

-Peguem ela! -Outro diz e eu tento respirar, mas é difícil, estou exausta.

Meu coração está acelerado e arfo de dor quando acertam uma pedra em mim, eles começam a me apedrejar, meu corpo é atingido inúmeras vezes.

Para onde eu vou? Onde seria mais seguro? Não sei como fugir, estou desistindo de tentar, minhas pernas doem, clamam para eu parar, mas se parar não irei conseguir mais correr.

Sou forçada a parar quando chego na beira de um penhasco, a água cai e é muito alto, a floresta continua, as pedras estão escorregadias. Tomo coragem para olhar para trás, fico na ponta e todos param me olhando, estão furiosos.

-Bruxas devem morrer! -Grita uma mulher morena.

-Ela estava fazendo alguma coisa com a criança... a enfeitiçando! Eu vi!

-Não sou uma Bruxa Negra para fazer isso, sou uma branca, eu curo pessoas, estava a salvando! -Falo, mas eles ignoram apontando suas armas em minha direção.

Não tenho outra opção, abro os braços e então com os olhos fechados caio para trás, prendo a respiração e afundo na água, fico por um tempo, até que me movo.

Volto para a superfície e todos estão me praguejando, respiro fundo, nado e me deito na terra molhada, suspirando fecho os olhos e deixo as lágrimas rolarem, não quero morrer, preciso me esconder, o mais rápido possível.