VII

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 Coloco minha mochila nas costas e saio porta afora, seguindo Boun. 

Quando chegamos do lado de fora, sinto meu coração pular do peito quando vejo uma moto grande e preta estacionada. Minhas pernas de repente parecem geléias, eu definitivamente não vou subir naquilo.

— Cadê o seu carro? Eu tento me enganar, ou blefar como se aquela moto monstruosa fosse de algum vizinho e não de Boun. Ele se vira para mim e sorri, exibindo os dentes brancos e perfeitos que só deixa o sorriso dele mais bonito. 

— Prem, conheça a nebulosa.

Eu pisco duas vezes e me seguro para não rir. Ok, a moto monstruosa tinha um nome.

— Você dirige... isso? 

 Ele se posiciona em cima da moto, jogando os cabelos claros para trás enquanto me oferece o capacete.

— A palavra certa é pilota, e sim eu piloto essa belezinha, baby. Vai subir ou não? 

 Viro meu olhar para trás e vejo minha mãe nos observando da janela. Ela dá um "tchauzinho'' quase cúmplice para mim e Boun e eu suspiro, me dando por vencido. 

 Boun havia ganhado a confiança de minha mãe, e ela ter deixado tão fácil eu ir dormir na casa dele só provava isso. Isso ou ela simplesmente não queria Boun ''deixando'' mais uma marca em mim debaixo do próprio teto.

Eu gostaria que Boun tivesse deixado aquela marca em mim, eu queria muito mas no momento tudo o que eu não sei é de onde aquela marca veio e por mais que eu tentasse explicar isso para minha mãe, ela iria continuar achando que eu estava mentindo.


— Vamos, Prem. Não seja teimoso, eu prometo não te deixar cair.

— Eu vou cair, você vai me deixar cair. Eu sei disso. 

 Boun desce da moto colocando o capacete em minha cabeça enquanto ajeita fios de meus cabelos que saem para fora. Com as mãos apoiadas em meus ombros, ele me encara, os olhos escuros cheios de alguma coisa que eu não consigo nomear. Cuidado, talvez?

— Você confia em mim? — Ele pergunta. 

 Eu não respondo, apenas abaixo a cabeça, chutando um fio de terra que passa pela calçada.

Boun se aproxima e ergue minha cabeça que quase pende para trás por conta do capacete.

— Acha mesmo que eu te deixaria cair? 

 Com uma facilidade enorme, Boun passa os braços por baixo de minhas pernas e me coloca sentado na moto. Eu solto a respiração com força, sem perceber que estava segurando.

— Agora, vamos conhecer minha casa. — Ele diz, subindo na moto. Tão perto de mim que posso sentir seu cheiro. — Segure firme em mim.


Eu passo meus braços ao redor da sua cintura e me pergunto se ele está com frio. Sinto o ar gélido através de sua camisa fina. Estamos no meio do verão, mas mesmo assim não vejo marca de suor em lugar nenhum de seu corpo,  ao invés disso sinto uma onda fria passar do seu corpo para o meu, é refrescante porém estranho de uma forma curiosa. 

— Cadê seu capacete? — Eu questiono.

— Eu não preciso de um.


Antes que eu tenha chance de rebater, Boun liga a moto e sai acelerando pela rua. O vento me acerta no rosto com tanta força que sou obrigado á fechar os olhos.

Sweet Blood • BounPremΌπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα