VI

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Me sinto deslocado no meu próprio quarto. Eu não sei onde eu deveria ficar, se em pé ou se no canto do quarto ou simplesmente deitado na cama em posição fetal.

Enquanto isso, Boun está apoiado na minha mesa do computador. Parece relaxado, como se já tivesse estado ali várias vezes. Eu não gosto só de olhar para ele, gosto de admirá-lo. Ele é tão bonito.

— Porque está me encarando? — Ele me pergunta, inclinando a cabeça.

— Nada.

Sinto minhas bochechas esquentarem, e acabo decidindo sentar na minha cama.

Boun me lança um sorriso e começa a caminhar pelo meu quarto.

— Você tem tantas revistas em quadrinhos.

— Eu gosto. Gosto de livros também, mas estão todos no sótão.

Ele para de frente para minha foto com o Fluke e sinto seu corpo enrijecer.

— Seu namorado?

Às vezes Boun parecia muito esperto, mas às vezes ele agia como um idiota.

— Não, meu melhor amigo. Ele está em algum lugar na Europa agora, com o namorado dele e futuro noivo.

— Formidável.

A palavra soa estranha ao meu ouvido, como se eu nunca tivesse ouvido antes ou como se eu nunca tivesse ouvido alguém falar antes.

Boun se aproxima e se senta ao meu lado na cama, de repente me sinto exposto demais como se já não me sentisse exposto o suficiente com ele em meu quarto.

— Sobre o que... precisamos conversar? — Eu digo, retorcendo a barra de minha camiseta.

Boun agarra minhas mãos e um arrepio circula meu corpo. Suas mãos são frias, mas isso não me impede de segurá-las.

— Quero que venha comigo.

— Para onde?

— Para minha casa.

— Porque?

Eu ergo os olhos de nossas mãos entrelaçadas e o encaro. Boun se aproxima, seu rosto tão perto do meu que eu poderia me inclinar e beijá-lo.

Me beije, Boun Guntachai.

Boun ergue uma sobrancelha e sorri, mas logo fica sério de novo.

Suas mãos se soltam das minhas e no mesmo segundo eu sinto falta de segurar as mãos dele.

Suas mãos sobem pelos meus braços, ombros e param na curva do meu pescoço me fazendo estremecer. Aos poucos eu começo a inclinar meu pescoço quando ele se aproxima, e a boca de Boun está tão próxima do meu pescoço que eu escuto minha respiração ficar acelerada.

Como uma pluma tocando minha pele, sua boca se fecha em meu pescoço com um beijo, bem em cima da marca desconhecida.

Eu sinto um alívio repentino.

— Eu quero... proteger... você.

O sussurro de sua voz toca minha pele com um ar gélido e desesperado.

Boun se afasta, seus olhos tão escuros me estudam com atenção.

Meu corpo não me obedece mais, e levo minha mão até seu rosto. Eu queria saber explicar, mas eu não sei. Por um momento eu acredito em todas aquelas baboseiras que Fluke vivia me falando, sobre amores de uma vida passada ou sobre você passar sua vida inteira esperando alguém que foi feito para ser seu. Mas, não faz sentido faz? Nada disso parece fazer sentido, porém, pela primeira vez eu gosto de algo que é desconhecido e inexplicável para mim.

Sweet Blood • BounPremWhere stories live. Discover now