Superar Juntos - Maratona 1

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Sei que eu não deveria gostar dele já que me sequestrou duas vezes, matou minha amiga mais próxima, e estava tentando assassinar meu noivo, mas ele parecia mudado, parecia melhor. E Helena também parece ama-lo de verdade, quero a felicidade de minha irmã e se para isso ele precisa estar vivo...

A primeira gota de chuva pinga em minha bochecha, sendo acompanhada de outra, e mais outra. Até se tornarem grossas e barulhentas. Abro os braços e fecho os olhos apenas sentindo minhas roupas se grudarem em minha pele e o frio começar a me abraçar.

Eu não consigo mais usar roupas escuras, tenho a sensação de que estão sujas de sangue e eu não consigo vê-lo. Lugares escuros me dão arrepios e eu não consigo ficar sozinha por muito tempo sem achar que todo mundo morreu e eu fui a única a sobreviver, eu e minhas novas paranóias.

Minhas lagrimas quentes se misturam com as gotas geladas, de certa forma isso me conforta. Coloco um braço sobre os olhos e fico aqui deitada apenas ouvindo os trovões e alguns raios distantes, como eu vou sair dessa?

Eu preciso me recuperar logo, não estou sendo justa com Jackson e nem com ninguém. Meu maior medo é não ser capaz de um dia voltar a ser o que já fui... me lembro da sensação de felicidade, alegria e amor, me pergunto quanto tempo ainda irá levar para isso voltar.

Não que eu tenha deixado de amar, mas eu só não me sinto capaz de fazer isso como antes. Eu me fechei de alguma forma, talvez pelo medo de que se eu me apegar demais a alguém essa pessoa vá morrer e eu provavelmente serei o motivo.

Tenho medo de perder quem eu amo, e a única solução que me vem a mente é não deixar que se aproximem demais, pela segurança deles. Sinto uma dor dilacerante toda vez que vejo o olhar de Jackson sempre que eu me esquivo de suas tentativas de se aproximar, mas o que eu posso fazer se essa é a única forma de mantê-lo seguro? De mantê-lo vivo?

Nossa relação está delicada, agimos como um casal normal mas sempre que o assunto se torna mais intenso, mais invasivo uma das partes se esquiva. Estamos pisando em ovos um com o outro.

Eu já cogitei ir embora, mas para onde eu iria? Não tenho dinheiro guardado comigo, não tenho contatos que possam me ajudar, eu não tenho saída! E fugir não faria meus problemas desaparecerem, só me traria outros e mostraria o quão covarde sou.

Não sei ao certo a quanto tempo estou aqui fora, mas sei que o tempo está piorando. Seria melhor eu voltar agora, mas meu corpo está longe de me obedecer. Passos ecoam no fundo de meus pensamentos e começo a achar que estou desenvolvendo esquizofrenia quando ouço meu nome ser chamado. Era só o que me faltava!

- Allice! - tiro o braço do rosto e vejo Jackson parado ao meu lado me olhando preocupado, como se me examinasse para ter certeza de que estou viva. Pelo menos não sou esquizofrênica, eu acho. Relo um dedo em sua perna só para ter certeza de que ele é real.

- Oi. - ele está sério, mas posso ver em seus olhos preocupação e alivio.

- Vamos para dentro. - dobra um dos joelhos e me pega no colo, não me oponho. Seu corpo molhado emite um fraco calor que me conforta. Encolho os braços e encosto a cabeça em seu peito. - Onde estão seus sapatos? - só agora me dou conta de que os perdi.

- Acho que caíram quando eu vim para cá, desculpe. - seus braços ficam mais firme e ele começa a nos levar de volta.

- Não precisa se desculpar, meu amor. - Juliana disse para serem pacientes comigo, que ainda é tudo muito recente e eu preciso de tempo. Com seus passos largos não demora muito para que cheguemos ao palácio, apesar de que eu queria poder ficar mais tempo perto dele.

Ao passar pelas portas todos os olhos se viram em nossa direção, alguns empregados nem disfarçam sua curiosidade. Porém sem dar importância Jackson segue caminho para meu quarto, eu não tenho dormido lá, não consigo passar as noites sozinha então fico no dele, eu ficaria com minha irmã mas ela mal tem dormido também.

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