Tusso ao ouvir o último nome, não pode ser. Não podia ser o mesmo. Bolsover era uma cidade relativamente pequena, mas era muita coincidência ser o mesmo garoto, não era?

– Justin? – pergunto tentando não transparecer interesse.

Savanna se vira para mim segurando duas blusas, uma vermelha e outra preta, e eu aponto roboticamente na direção da vermelha, na tentativa de que ela me responda logo. Sav então se senta na cama e coloca uma mão sobre minha perna.

– Se você estiver afim de ficar com alguém essa noite, desiste dele. Típico garoto problema, fechado e antissocial, definitivamente não tem nada a ver com você. Até onde eu sei, só tem Chaz e Ryan como amigos, mas acredite se quiser, ele é muito disputado por aqui – alerta ela com um revirar de olhos.

– Ok, e o que seria alguém que tem a ver comigo? – quis saber.

– Bom, alguém que não seja como ele, já é ótimo – responde ela com desdém.

– Às vezes um pouco de problema não faz mal. – finjo inocência, dando de ombros de forma leve e despretensiosa.

– Não esse tipo de problema – diz ela dando ênfase nas palavras – e além do mais, acredite se quiser, ele é superdifícil de se impressionar.

Pisco rapidamente, o que me faz parecer demasiadamente interessada, e então Savanna continua.

– Estranho não é? Mesmo com tudo isso, não é de ficar com todas, talvez seja por isso que ninguém resista a ele – revira os olhos novamente, ela parecia de fato não gostar dele –, mas eu tenho de admitir, ele é bonito vai! Mas realmente aparenta ter algo a esconder por trás daquele ser grosso, talvez seja essa tal coisa subentendida nele que atraia mais atenção que o normal... Não sei, ou talvez seja apenas charme, vai saber. Mas esquece isso, não sei nem porque estamos falando desse ser – ela dá de ombros.

Engulo seco ao captar aquelas vagas informações, realmente o garoto de horas atrás cujo nome também era Justin, se encaixa perfeitamente nas descrições dela, ele tinha um olhar tão vazio, tão sombrio – um frio violento desce por toda a minha coluna, me causando um arrepio interno ao me lembrar daqueles olhos de um bronze intenso, cruzando com os meus e me deixando estranhamente sem jeito. Resolvo não contar nada sobre isso a Sav.

Passamos a tarde inteira planejando o que faríamos em nossas férias, tínhamos praticamente um mês para ficarmos juntas até que eu finalmente voltasse para Londres. Sonhava em seguir o ramo da psiquiatria e sair de uma vez por todas de Bolsover, aparentemente tudo caminhava para o sucesso dos meus planos, e eu agradecia aos céus por isso. Felizmente ou infelizmente, esse ano era minha vez de abandonar as badaladas ruas de Londres, e voltar à Bolsover para passar as férias com ela, já que ano passado ela tinha ido ficar comigo nas minhas últimas férias.

Tirando Sav, meus motivos para pisar ali eram quase nulos. Não tinha uma "família" para realmente chamar de família, apenas um pai extremamente competente e muito bem reconhecido em sua carreira, porém o qual eu fui – mais precisamente falando – proibida de chamar de pai, e, igualmente impossibilitada de ouvi-lo me chamar de filha. Minha mãe morreu após meu nascimento, e essa era a única resposta plausível que eu tinha a respeito da rejeição de Joe, nos falávamos apenas se fosse extremamente necessário. Passei anos sofrendo por isso, e não me sinto totalmente curada da sua rejeição, contudo, costumam dizer por ai que, há males que vem para bem. E graças a esse infeliz acontecimento, fui criada por Diva e Robert, eles eram os governantes da casa desde que nasci, e não tinham filhos. E eram eles o meu sinônimo de família. Eu sabia que apesar de Joe nunca ter me deixado faltar nada materialmente, sua gratidão por Diva e Robert terem me criado, era uma dívida a qual o dinheiro dele não podia pagar.

Contra RegraWhere stories live. Discover now