Vermelho.

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Meus olhos vagam pelo imenso jardim enquanto me espreguiço na sacada do quarto. Eu sentia a necessidade de agradecer ao céus todos os dias por tudo aquilo, se fosse necessário passar pelo inferno em busca desse paraíso, eu aceitaria.

Há dois anos minha mãe e eu precisamos deixar o Canadá por razões do passado, cruzamos o oceano e viemos morar em Bolsover na Inglaterra, a cidade era pequena havia pouco mais do que onze mil habitantes. Mas era nas ruas, ao cair da noite que a cidade realmente ganhava vida. A temporada de final de ano dos rachas estava chegando, e nada mais justo do que deixar o campeão da última temporada escolher a cidade sede, e se estávamos falando de campeão, obviamente estávamos falando de mim, por isso escolhi Bolsover nessa temporada, não há nada melhor do que ganhar em casa. Antes de voltar para o quarto, avistei dois carros atravessando o portão, e já sabia que se tratava de Ryan e Charles vindo boicotar meu café da manhã, como sempre.

Estou descendo as escadas enquanto as duas maricas falam alto lá embaixo.

Chaz gargalha escandalosamente.

– Pra cima de mim papai? Se você entendesse tanto do assunto, aquela morena não teria te deixado sozinho no hotel – ele debocha e vem na minha direção para me cumprimentar – eaí Justin, tudo certo naquela parada?

– Sim, vamos pra lá daqui a pouco – respondo.

– Eaí Justin, você ta ligado na moral que a Savanna ta com o Chaz? O cara ta de quatro por ela, ta com o pisca alerta ligado "quero foder você, quero fo..." – Ryan se esquiva a tempo de um possível soco vindo de Chaz, enquanto nos dirigimos à mesa.

– A feiticeira loira? – estreitei os olhos na direção dos dois.

Savanna, ou melhor dizendo, a feiticeira loira, era uma das garotas mais irritantes que eu já tinha conhecido, e pior, ela tinha conseguido a proeza de encantar o Chaz, sei lá que porra ela tinha feito para conseguir isso, mas pra mim, ver Chaz interessado em alguém com certeza era coisa digna de feitiço.

– Mano, é porque vocês não a conhecem direito, ela é gente boa – responde ele com uma puta cara de otário.

– "Gente boa?" – Ryan e eu falamos em uníssono, um olhando para cara do outro.

– Porra - Ryan balbucia de boca cheia.

- Caralho.

– Perdemos ele Justin, evacuar o barco, evacuar! Pode ser contagioso.

Até perdemos a fome. Ryan e eu saímos da mesa encenando como se estivéssemos sendo arremessados em alto mar, deixando Chaz constrangido.

Logo após o café, desci para a garagem em busca do meu jaguar azul, era hora de acertar as contas com um otário que tinha cortado os freios do meu carro durante a comemoração de mais uma vitória minha, felizmente consegui perceber antes de pegar potência e me joguei para fora do carro, se não, provavelmente no lugar de mais uma cicatriz, eu estaria estirado em uma cama sem me movimentar.

Sair do Canadá significou o fim de uma vida que eu levava, mas não o fim de inimigos que ainda insistiam em vingança, porém Ryan, Chaz e eu fizemos um código em nome da nossa amizade, daríamos um jeito de acabar com nossos inimigos sem "sujar nossas mãos". Pegar em um revólver significava reviver um passado que, definitivamente queríamos esquecer. E isso funcionou desde que partimos de lá, nossas únicas armas eram nós mesmos e as chaves dos nossos carros.

Felizmente o infeliz tinha facilitado o nosso serviço se escondendo próximo à rota sessenta, debaixo de uma ponte desativada há uns vinte anos. Se ele estava por aqui ainda, era por que certamente tinha sido deserdado do cara que o mandou acabar comigo, por isso antes de tirar a desprezível existência dele, o faria dizer quem estava atrás de mim.

Contra RegraOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz