— Ele? Quem?

— O Dinesh.

Diante do olhar confuso da jovem, Kiran decidia se explicar.

— Ele retornou ao Japão hoje, não sabia?

Miyuki até perdia o fôlego com a informação, negando com a cabeça sem esconder a expressão surpresa. Kiran analisava com um semblante confuso e abria a boca para comentar algo, mas via a sua mãe sair da sala apertando a mão de Masaichi. Então, ele fazia uma breve reverência como despedida e se aproximava de Mahara. Enquanto isso, a jovem permanecia estática tentando assimilar a chegada do seu chefe. Por um motivo que desconhecia, sentia-se nervosa como uma adolescente diante do seu amor secreto.

Eu tenho que me esconder!

Então, ela correu até o elevador apertando desesperadamente o botão e entrando na cabine quando as portas se abrem. Miyuki batia o pé de forma inquieta contra o chão até chegar ao setor da sua chefe, entrando na sua sala de forma apressada.

— Você está pálida, Miyuki. — comenta Youko, preocupada. — Viu algum fantasma?

— Não, não. Eu só... Como posso dizer...

— Está fugindo do Dinesh?

— Sim.

— Por que? Ele é o dono da empresa e frequenta todos os andares em suas vistorias, você não poderá evitá-lo para sempre.

— Eu sei mas estou com medo. — dizia soltando um longo suspiro. — Medo dele ter voltado mais frio e indiferente do que antes... Eu sinto como se essa empresa consumisse toda a energia dele.

Youko abria um sorriso de canto ao entender o motivo do medo da jovem, aproximando-se dela e apoiando a mão em seu ombro.

— E por que você tem medo dele ser indiferente contigo?

— Porque eu... Eu ainda o amo.

— Então, não há o que temer. O Dinesh é muito perceptivo quanto aos sentimentos alheios, por isso não ousaria te tratar mal sabendo do que sente. E se ele ousar, pode me contar que eu dou um puxão de orelha daqueles!

Miyuki ria fraco diante da ameaça de Youko, sentindo-se menos tensa com a volta do indiano. Então, ela a abraçava com força e balança a cabeça em concordância.

— Obrigada.

Durante o restante do dia, Miyuki não saiu da sala de reuniões fazendo anotações e ajudando a estagiária com o relatório a ser enviado para o canal de televisão. As suas passaram boa parte do expediente matinal organizando a questão burocrática para a apresentação do comercial enquanto Youko e sua equipe de publicitários formulavam a propaganda. Na hora de descanso, Miyuki preferiu pedir para que uma de suas colegas trouxesse o almoço para a sua pequena sala. Apesar da sua atitude causar estranhamento, ninguém ousou perguntar o motivo.

— Eu sou uma idiota infantil... — murmura cutucando o arroz com os hashi's. — Eu vou passar a vida toda trancada nessa sala? É impossível.

Após terminar o almoço, voltava ao seu trabalho mas ouvia batidas na porta. Por algum motivo, tinha um péssimo pressentimento com a chegada de Youko em sua sala.

— Poderia entregar esse roteiro para o Masaichi? — dizia estendendo a folha de papel para a jovem. — Está bem resumido como ele pediu.

Ela engolia seco, ficando de pé e pegando cuidadosamente o papel. Youko percebia o receio dela e ria um pouco alto.

— Calma, calma. O Dinesh ainda não chegou.

— N-Não?

— Não, o voo dele atrasou. Talvez nem venha hoje, então não se preocupe.

O filho perfeitoWhere stories live. Discover now