Capítulo Três - A Aldeia dos Dominados

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O dia já estava cedendo e a noite já começava a se revelar. No muro da vila, os guardas de vigia continuavam atentos a quaisquer movimentos suspeitos. Faltava um dia e meio para o natal e a ameaça da profetiza continuava criar pressão para os gorgonvinianos que dominavam a vila.

Na floresta, a aparência sombria e seca das árvores, não combinava com a tão importante época para o povo da região de Salem. Dentro dela uma estrada se revelava ligando até o portão principal, nela, figuras saindo da penumbra. Um menino e um homem, Jagur e Aiolos. O Cavaleiro estava sem sua armadura, seguia apenas com seu cavalo e o garoto.

No muro os guardas se inquietavam. Quem é aquele?

Não sei - o guarda olhou e reconheceu Jagur –, mas ele está com aquele fedelho. Fique atento.

Entendido.

Aiolos seguiu caminhando tranquilamente pelo caminho que faltava na estrada e – junto com Jagur – parou em frente aos guardas. Depois de um momento de especulações um dos guardas o questionou: Quem é você?! E o que você quer? E o que faz com esse garoto? Ele é um foragido da vila.

Aiolos respirou e olhando para os guardas respondeu: Bom, eu estava caminhando pela floresta, não sei nem se isso pode ser considerado uma floresta, em busca de um lugar para descansar, até encontrar esse menino que se humilhou pedindo minha ajuda – Jagur fez uma careta feia, mas Aiolos, apesar de rir por dentro, externamente ignorou –, então, eu o contratei para cuidar de meu cavalo. Eu sou um andarilho, estou em viagem. Só preciso de um lugar para descansar os pés e de um pouco de alimento para meu animal. Depois vou embora.

Os guardas olharam, analisando o Cavaleiro. Esse garoto é um fugitivo, deve ser preso. Jagur engoliu em seco.

Acho que posso negociá-lo com seu líder. Depois de uma boa bebida, é claro.

Mais uma dose de olhada e com a desconfiança em alta, um dos guardas – quieto até então – perguntou: Vocês viram outros guardas semelhantes a nós na floresta? Eles estão à procura do garoto. Aiolos olhou para Jagur, que continuava em silêncio, soltou um sorriso discreto que foi retribuído pelo garoto e respondeu: Não, não. Apenas galhos e folhas secas... e muitas ravinas.

Conversando entre si, um guarda disse para o outro: Deixe-o entrar. Ele é só um perdido que o desesperado do moleque encontrou na floresta. De cima da torre um dos guardas gritou: Abrem o portão! E em um ritmo tranqüilo, Aiolos continuou e entrou, seguido por Jagur, que segurava seu cavalo pelas rédeas. Alguns passos depois o portão voltou a descer e fechou sob o barulho dos galopes do cavalo.

...

Na vila as pessoas tentavam levar uma vida com o mínimo de dignidade. Aiolos e Jagur caminhavam pelas ruas, Aiolos com o olhar atento, Jagur, desolado. Havia casas de madeira uma colada na outra, sobre o piso de terra amarronzada. Algumas casas estavam aparentemente vazias, apenas uma lembrança da crueldade dos gorgonvinianos e sua intolerância. À medida que os moradores viam Aiolos caminhando, alguns corriam, outros fechavam as janelas ou as portas. E outros apenas olhavam com o mesmo olhar de desconfiança dos guardas. Jagur olhava o lamento de muitos moradores e lembrava dos motivos que o fez abandonar a vila desesperadamente e se arriscar na floresta seca e sombria. Quando avistou alguém conhecido:

Senhora, Bri! gritou animado, o garoto.

Aiolos olhou, mas quando se deu conta, Jagur já estava do outro lado se aproximando de uma senhora. Parecia reconhecê-la, mais do que isso, parecia se alegrar em vê-la.

Crônicas do Zodíaco - Anjo DouradoWhere stories live. Discover now