Capítulo V - Adam

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Seja bem-vinda! — O que ela estava vestindo? Parecia uma adolescente passeando com as amigas numa sorveteria. Será que a escolha da roupa foi feita pensando em tirar o meu foco e diminuir o desejo? Até parece que já não tinha visto o suficiente! Dei uma risada irônica.

— Obrigada. Bom dia — estava um tanto envergonhada.

— Escolha de roupa interessante. Algum propósito? — tentei, mas não consegui controlar o sarcasmo.

— Não acho que a escolha de roupa fará diferença, uma vez que o propósito é estar sem ela. Mas já que lhe interessa, é a minha melhor peça. Tudo que viu antes é da Shades in Red, eles fazem questão que as meninas se vistam bem para acompanhar os frequentadores da casa. Mas se o que estou usando o desagrada, podemos encerrar toda essa loucura aqui mesmo — notei uma lágrima brotar nos olhos de Sophie. Por que falei isso? Por que não pude me controlar? Eu me senti péssimo por tê-la humilhado.

— As suas roupas não me interessam, Sophie. Posso mudar isso com um estalar de dedos. Vamos para o escritório, precisamos ver o contrato — mudei o foco e amenizei a situação.

Caminhamos em silêncio, abri a porta e fiz um gesto para que ela se sentasse no sofá, ao lado da mesa. Peguei as cópias, entreguei para ela conferir e me recostei na beirada lateral da mesa e acompanhar as expressões dela ao ler o documento.

A leitura durou alguns minutos. Foi torturante observar os cabelos emoldurando o rosto e as deliciosas pernas balançando incessantemente. O contrato era simples e ela havia passado poucas informações cadastrais, resumindo, não tinha quase nada para ler.

— E então, acabou? Está de acordo? Precisa que eu explique alguma cláusula?

— Veja bem, senhor Collins, como já disse, não sou leiga no mundo dos negócios, apenas não apresento a experiência que gostaria de ter. Ainda consta no contrato a cláusula onde diz que eu devo dormir aqui. Falei que não concordei com isso. Agradeço a parte que explica ser um contrato sigiloso e que o quadro ficará restrito ao conhecimento de terceiros. Mas confesso que não compreendi o artigo onde diz que devo cumprir as regras da casa, estipuladas pelo senhor, enquanto eu estiver aqui. Que regras são essas? — Sophie disse tudo isso de uma vez só, enquanto olhava para mim como um animal acuado.

— Senhorita Sophie, a insistência para que durma aqui é única e exclusivamente uma preocupação com a sua saúde e bem-estar. Além de pintar na madrugada, quando não estiver se apresentando na casa de shows, tem o fato de ter que atravessar a cidade, reduzindo as suas noites de descanso. Fique aqui. Terá um quarto somente para você, e poderá trancá-lo, se assim o desejar. — Ela deu um suspiro profundo e pareceu concordar. Perfeito. — Regras da casa... Normas são normas, Sophie. Elas existem para que episódios e acontecimentos não fujam ao controle. Garanto que nenhuma das regras será prejudicial ou desfavorável para você. Posso querer, por exemplo, que faça as refeições na minha companhia, ou que use uma roupa ou outra que eu comprar para você — com certeza ela não era tão inocente assim, e pelo olhar, havia entendido o joguinho.

— Quero apenas deixar claro, Sr. Collins, que não aceitarei que me toque ou force alguma situação. Acredite, tenho muita bagagem. Não cairei nas armadilhas de qualquer homem que me julgue inocente e fácil.

Ela se levantou, andou até mim lentamente, olhos nos olhos, me arrepiando da cabeça aos pés. Passou por mim, pegou uma caneta em cima da mesa e assinou os papéis. Entregou uma cópia, voltou ao sofá e colocou a dela na mochila.

— Pronta?

— Isso não chegará nem perto do que já passei na vida. Vamos logo. — tive certeza que aquelas palavras foram um mantra de encorajamento para ela própria.

De repente o destino - Livro 1 - Trilogia De Repente - (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora