Como eu vou seguir sozinha?

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Jessica Pimentel

Hospital Israelita Albert Einstein
São Paulo - Brasil
23:01

Em fim chegamos ao hospital, Lucas que estava conosco já sabia o andar, então apenas entramos, o 7º é a UTI.
Paro em frente a uma porta de vidro e lá está minha mãe, dormindo, Karina está ao lado e assim que me vê ela vem até mim.
Antes que ela possa chegar até onde eu estou, as lágrimas começar a rolar pelo meu rosto, Marjorie segura em meu ombro e diz ao meu ouvido que tudo vai ficar bem.

Jessica - O que houve com ela Kah? Cade meu filho? - Pergunto assim que ela fecha a porta de vidro.

Karina - Ele está bem, está na casa da minha mãe. - Diz em tom calmo.
Jess, eu acho melhor você se sentar. - Diz apontando para uma das cadeiras que ficam no corredor da UTI.

Jessica - Karina fala de uma vez! - Digo alto em um impulso de ansiedade.

Karina - Sua mãe tem um Glioblastoma multiforme (grau 4). É um tipo raro de tumor no cérebro que se prolifera rapidamente e afeta as células do cérebro e até do sangue...- Sinto as batidas do meu coração desacelerarem como se ele fosse parar, as forças das minhas pernas somem por alguns segundos e sinto que vou cair pela baixa da pressão mas me seguro em Marjo que está ao meu lado.

Karina fala pausadamente, ela está acostumada a dar esse tipo de notícia, eu é quem não estou acostumada a receber, desde o meu pai eu descobri que não sei lidar com essas coisas.

...Segundo os médicos ela tem isso a 6 anos, eles encontraram no sangue dela, vestígios de um antibiótico que é usando para retardar a aceleração da deterioração causada por esse tumor. - Enquanto ela fala eu tento acompanhar a linha de raciocínio pra tentar entender o que de fato aconteceu e está acontecendo.

Jessica - Mas ela estava bem, se ela tivesse câncer ela teria tratado, tem tratamento não tem? Ela não esconderia isso de mim.
Marjo, ela não esconderia não é? Nós contamos tudo uma para outra, ela não esconderia isso.
- Digo e o desespero na minha voz passa a ser notável, principalmente quando ao término da minha fala meu choro se torna copioso e alto como de uma criança com dor e que não sebe expressar aos pais.

Karina - Jess, você precisa ser forte, eu conversei com o médico dela, eu a trouxe aqui para que ele pudesse cuidar dela, e pelos históricos que ele me passou, ela descobriu a 4 anos, seu pai ainda estava vivo, eles descobriram juntos, e... - Ela faz uma pausa antes de continuar e respira fundo.
Sua mãe recusou o tratamento, ela e seu pai assinaram um termo de responsabilidade pela recusa das orientações médicas, ela não quis tentar se curar, apenas quis retardar a doença, eu sinto muito Jess.

Eu gostaria de poder dizer algo sobre isso mas, tudo que consigo fazer nesse momento é chorar. Sinto minha mão sendo apertada pela Marjo e ela me vira para um abraço, ela sente quando preciso disso.

Passo alguns segundo chorando enquanto Marjorie ainda me abraça dizendo que ela está comigo nisso, e finalmente tenho controle sobre os músculos da minha boca para perguntar como minha mãe veio parar aqui.

Karina - A Vera me ligou por volta da 00:15, disse que estava na cozinha e ouviu o Josh chorar na sala, ela colocou um pouco de suco na mamadeira para levar até ele, quando chegou na sala sua mãe estava estava desmaiada no chão. Em seguida ela me ligou, disse que já havia chamado a ambulância mas que precisava de alguém de confiança para ajudar ela.

Jessica - Então realmente é minha culpa, se eu tivesse em casa não teria acontecido isso. - Digo com raiva notável em meu tom.

Marjorie - Não é sua culpa! Você havia falado com ela minutos antes e estava tudo bem, se você estivesse lá quando aconteceu o máximo que poderia fazer seria correr até ela, sua presença não ia impedir que acontecesse o que precisava acontecer e você sabe disso! - Choques de realidade, Marjo é craque nisso e eu sou grata por ela ter sido meu pé no chão desde sempre.

This Is Us CollidingWhere stories live. Discover now