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-Para! - o empurro, mas não muito pois não tinha assim tanta força- Você sabe que não podemos, não dá Luccas! As nossas vidas se separaram, sua mãe quer que você case com uma burguesa e é com ela que você vai casar. Eu sou pobre, é isso que eu sou, e eu peço que pare de me iludir, como se o meu destino fosse mudar...

-Eu nunca vou me casar com uma burguesa, o meu coração te pertence e você sabe- o mesmo se aproxima de novo, eu estava apenas me deixando levar, ele era a única pessoa que me deixava segura para o meu futuro, e a única que me fazia acreditar no amor.

-Não faça promessas que não possa cumprir. Eu também te amo, mas isto tem que acabar, sua mãe me proibiu de te ver, e a minha também, e deve haver milhares de burguesas querendo casar com você, eu não sou uma delas...

-Eu vou esperar você o tempo que for necessário, e seremos marido e mulher, você terá uma vida muito mais privilegiada e sairá da pobreza. Eu só preciso que acredite em mim, pode ser? - Ele segura meu queixo e o acaricia, me olhando nos olhos.

-Eu não preciso da sua ajuda para sair da pobreza, mas...eu acredito. - Sorrio, e o mesmo me pega e gira comigo, me fazendo gargalhar, sou posta no chão e em seguida ele me abraça.

-Eu vou cuidar de você...-o mesmo fala acariciando o meu cabelo, eu me sentia sempre segura com ele.

O sol estava quase a pôr-se, Luccas já havia ia embora e eu estava completamente apaixonada por ele, mas ainda assim tinha um certo mau pressentimento sobre tudo o que estava acontecendo. Não é fácil para uma pessoa com pouco privilégio, ser aceite em uma classe mais alta que a pobreza. Ouço o portão a bater e logo vejo minha mãe com uma expressão de cansaço no rosto, me deixando meio desanimada, vou ao encontro dela ver se ela necessitava de algo.

-Mãe você está precisando de ajuda? -a mesma me olha com um sorriso disfarçando a dor- Não precisa fingir eu sei que você está cansada, não esconda isso de mim. Descanse, eu vou tratar do jantar e da casa.

-Não sou muito de pedir ajuda, mas desta vez irei aceitar, muitas garotas foram a loja encomendar vestidos de vários formatos e cores, com a maior rapidez possível, elas devem estar se arrumando para o dia da seleção- A mesma começa a sorrir imaginado alguma coisa.

-Então quer dizer que muitas garotas bonitas foram encomendar vestidos? -falo sorrindo por saber que teria ainda menos chances de ser selecionada, eu não quero ser selecionada, pois quem eu realmente amo, também me ama, apesar de não podermos estar juntos agora, estaremos no futuro.

-Havia várias garotas, de todos os tamanhos, todas com o seu charme e a sua beleza, e tons de pele diferentes, mas nenhuma delas era negra, o que faz você mais especial ainda. Mas claramente umas mais ricas que as outras. As garotas mais ricas passavam a frente das pobres, e muitas até desistiram de comprar um vestido por verem o quão "poderosas" eram, mas para mim, você é a mais bonita minha filha- A mesma sorri, e eu dou um sorriso de lado, não sou uma garota de elogios, para mim isso são apenas palavras para iludirem alguém e que muitas das vezes podem ser de boca pra fora.

-Tem algum vestido na loja para mim? -falo preparando a comida.

-Infelizmente não, a dona não me deixou fazer o seu vestido, e se eu o pagar ficamos sem água-vejo a mesma ficar cabisbaixa- Mas...- a mesma fala pensando em algo- eu posso trazer tecidos e podes criar o teu próprio vestido, criar algo teu, e que mostre quem és, um vestido que te descreva!

-Calma mãe, eu não sou lá muito boa costureira, e não faço costura a bastante tempo não sei se irei ser capaz de criar um vestido. Não quero desperdiçar o meu tempo a fazer um vestido, pois não serei escolhida-falo apagando o lume e servindo a comida. -Tenho medo de fazer papel de idiota. Apenas dezasseis garotas serão escolhidas, e elas iram ser provavelmente as mais ricas do reino.

-Eu achei que já havíamos conversado sobre isso Violet, você não chora antes de sentir a dor, e muito menos desiste de algo que ainda não começou, eu acredito em você e eu quero que você seja amada, não estou te dando apoio para algo que não seja bom para a sua vida futura, você vai poder ter uma longa e saudável vida. Eu sou velha de mais para ir para o palácio já tenho a minha vida feita agora falta você começar a sua, e lutar pelos seus direitos e dar orgulho ao seu nome.

-Tudo bem, eu vou ser eu mesma, e se o príncipe me escolher, irei pedir a liberdade do meu pai, se não for irei me casar com Luccas- falo pousando os pratos na mesa e comendo, minha mãe me assusta batendo as mãos na mesa.

-Não! Você não irá se casar com ele, eu humilho você em frente aos burgueses e ainda achas que ele te ama? Ele apenas quer usar o teu bom coração, não faças isso. - a mesma fala furiosa, e com os olhos arregalados.

-Mãe, eu irei tomar as minhas decisões, entrei na seleção pela senhora, se não der certo me casarei com o Luccas. Ele me ama, e eu a ele.

-Tudo bem, se você for feliz limpando casas sem fim, enquanto ele fica com inúmeras amantes, você tem todo o meu apoio. Vamos mudar de assunto isto me deixa mais cansada. Amanhã o carteiro trará os tecidos, aproveita cada um, e usa a sua imaginação. -A mesma fala acabando de comer e indo pro seu quarto, aposto que havia ficado abalada por ter falado de Luccas, ele me fez sofrer por bastante tempo, mas o meu coração aclama por ele, não posso fazer nada.

Peguei os pratos e os lavei, fiquei olhando a lua que estava cheia, isso me faz lembrar o meu pai, saíamos sempre pro campo quando era lua cheia, chegávamos a ver pirilampos a dançar e era a melhor coisa do mundo.

Depois de já ter organizado tudo, fui tomar um banho e vesti a minha roupa de dormir, hoje havia acontecido muita coisa, e a seleção estava cada vez mais próxima. Eu não acredito muito que possa ser uma das escolhidas ou mesmo alguém que possa viver naquele lugar gigante. Mas mesmo que eu não passe eu serei leal a mim mesma e tomarei as decisões corretas pra minha vida, independentemente o quão difíceis elas sejam.

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