XLIV Sophie

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Dois meses haviam se passado desde que Ben havia começado a quimioterapia. Ele estava muito fraquinho mas a única alternativa era esse tratamento agressivo. Eu e seu pai fazíamos de tudo para alegrá-lo. O levávamos para passear, ele tem vários brinquedos bacanas, sempre estamos com ele.

Seu cabelo começou a cair e ele se recusou a raspar. Seu cabelo é idêntico ao do pai e por isso ele não quer ficar sem ele. Mas a cada dia que passa ele cai mais e mais. Compramos uma touca do homem aranha para ele usar quando sai de casa e isso o tem ajudado.

Meu filho é muito especial e apesar da pouca idade que tem ele é uma criança compreensiva. Ele entende que ele é diferente das outras crianças e que precisa de cuidados especiais. Enquanto eu viver eu irei lutar pela felicidade do meu garoto.

Acabei de deixá-lo na creche e estou indo para o trabalho. Não tenho me sentindo muito bem esses dias mas acredito que seja o cansaço. Tenho passado por muitas coisas.

Meus sentimentos por Henry crescem a cada dia e eu tenho plena consciência de que não sou correspondida. Ele é um homem frio, não demonstra seus sentimentos. A única hora que ficamos mais próximos é quando transamos. Na cama ele é quente, sempre me elogia e me diz que sou dele.

Ele tem sido um ótimo pai, disso não tenho que reclamar. Ele faz o possível para estar com o Ben. Eu sei que ele tem enfrentado muitos problemas com a gravidez de alto risco de Hannah então não cobro nada dele.

É incrível estar com ele. Ele me leva as alturas com as coisas que fazemos na cama. Mas sempre que ele vai embora eu me sinto usada, como se eu fosse algo que ele usa para ter prazer e depois vai embora. Eu não quero me sentir assim. Eu quero ser amada por ele. Tenho me sentido muito triste esses dias. Tudo me faz chorar, estou a flor da pele. Eu preciso ser forte e já me decidi que assim que eu engravidar vou parar de dormir com ele. Eu tenho que ser forte, por mim e pela minha família.

Quase chegando na empresa, vejo uma senhora vendendo alguns pães de mel e sinto um desejo enorme de comer. Olho quanto dinheiro tenho na carteira e decido comprar um. Entro no elevador me deliciando com meu pão de mel. É maravilhoso! Já vou começar o dia de bom humor.

Ajeito minha mesa para iniciar as atividades do dia. O elevador presidencial se abre e o CEO mais gostoso da face da terra passa por ele. Quando vou lhe dar bom dia sinto uma pontada no estômago e uma vontade louca de vomitar. Corro em direção ao banheiro e coloco tudo para fora.

Sinto uma mão segurar meus cabelos e quando olho vejo Henry me encarando com uma expressão preocupada. Droga. Que vergonha!

__ Você está bem?

__ Sim. Me desculpe por isso. Comi algo na rua que não me fez bem.

Me levanto tentando recuperar minha dignidade. Que mico!

__ Se você não está bem deveria ter ficado em casa.

__ Eu estou bem senhor. Hoje temos uma reunião importante com o setor de criação. Não perderia por nada.

__ Faça como quiser. Qualquer coisa me avise.

Ele sai e me deixa no banheiro. Só queria que o chão se abrisse e eu caísse lá dentro. Não acredito que eu vomitei na frente de Henry Mitchell. Nunca mais como nada na rua.

Volto para minha mesa e me preparo para a próxima reunião. Ainda não tenho amizade com nenhum funcionário daqui. Alguns me conhecem como a filha de Arthur Andrews mas nem sequer me dirigem a palavra. Outros me conhecem como a vadia de Henry Mitchell. Por diversas vezes já entrei no banheiro feminino e ouvi as outras funcionárias falando mal de mim. Claro que eu não deixo essas coisas me abalarem. Depois que recebi meu primeiro salário e pude comprar várias coisas para o meu filho e vê-lo sorrir, me senti mais motivada a trabalhar.

O Despertar de SophieWhere stories live. Discover now