3.5 PRIMEIRO ENCONTRO

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Odiava admitir, mas eu segui todas as dicas de Henrique fielmente.

Quando Evan me mandou mensagem sobre nosso encontro mais tarde, eu disse que não era muito chegada em álcool e sugeri um cinema no lugar. Ele pareceu gratamente surpreso e um bocadinho aliviado.

Então, quando chegou a hora, estava preparada com o vestido mais comportado que meu guarda-roupa já viu na vida, um perfume leve de Patchouli — ainda não sei como Henrique descobriu que ele gostava daquilo -, meus óculos de leitura e uma trança lateral.

Me sentia uma princesa medieval ou algo do gênero. Jurei, olhando no espelho, que eu era virgem. Sério mesmo! Aquele look todo gritava "cabaço intacto".

Aparentemente, Evan era diferente dos caras normais. Pele demais não era com ele, e o look "vadia" não funcionava. Ele era tranquilo, tímido até, e cheio de não-me-toques.

Ou seja, daria trabalho, porque éramos um bocado diferentes. Mas eu estava disposta a tentar.

Cheguei próximo à fila do caixa e o encontrei já me esperando. Olhei no relógio, preocupada que a minha habilidade de me atrasar pra tudo tivesse se manifestado, mas era ele quem estava adiantado mesmo.

— Evan! — Saudei, animada. Queria que aquele encontro fosse um arraso.

Ele me olhou com um meio sorriso tímido e me mostrou a palma da mão em cumprimento.

Poxa, nem um beijinho na bochecha, gato? Isso aqui é o Brasil, tá?

— Oi, Rebecca. Bonitos óculos.

Tudo bem. Você sabe que quando um cara elogia a sua roupa é porque você está gostosa. Sabe que quando ele elogia seu cabelo está dizendo que você é gata. Sabe que quando ele elogia sua boca, é porque quer te beijar.

Mas o que significa quando ele elogia seus óculos?

Que seus óculos... São bonitos? E só?

Gente, que mixaria.

— Ah, obrigada. — Como um reflexo, eu os empurrei para ficarem no lugar. Vi que ele já tinha os ingressos na mão e achei bem cavalheiro da sua parte. — Você já comprou os bilhetes! Eu teria pago a minha parte. — Eu não era muito fã de homem pagando coisa pra mim, mas tentei fazer parecer que eu só estava adoravelmente emburradinha.

— Eu não sou muito de ficar parado em filas no meio das pessoas, então eu comprei por aquelas máquinas de cartão. Não foi trabalho nenhum.

— Não gosta de ficar parado perto das pessoas por quê? Tem medo que elas derramem café em você? — Brinquei, em uma tentativa de nos conectar. Ele riu sem graça e passou a mão por trás da nuca.

— Bom... Vamos? — Ele apontou o caminho e eu fui na frente, sendo seguida de perto. Evan entregou os papéis para o moço que controlava a entrada e logo estávamos acomodados em uma fileira bem no meio do cinema.

Não seria a minha primeira opção... O fundão dava bem mais privacidade, até porque aquilo era um encontro e julgando pelo fato de que eu nem tinha demonstrado qualquer interesse no filme que veríamos, ele deveria entender a deixa. Mas acreditei que devia estar tudo lotado e ele teve que se contentar com aqueles lugares.

Os trailers passaram voando enquanto casais dos mais peculiares já se agarravam ao nosso redor. Evan estava praticamente na ponta da cadeira e não tinha falado comigo até então.

Comecei a ficar nervosa achando que tinha alguma coisa errada.

O filme começou, e eu logo percebi ser um daqueles tão aclamados nos Estados Unidos, de super-heróis. Pensando bem, Evan fazia mesmo o tipo.

Ele estava vidrado em cada imagem que era projetada na tela e eu já estava entediada em menos de 10 minutos. Não era que o filme fosse ruim — ver um homem gostoso salvando o mundo nunca é desagradável -, mas aquele não era o meu propósito ali.

Fiz comentários aleatórios sobre os acontecimentos no meio da pancadaria, tentando puxar conversa. Arrancar pelo menos um sorrisinho. Um olhar. Qualquer coisa.

Ele me fez "shiu".

Tratei de deixar minha mão aberta no apoio para braço para ver se isso dava alguma ideia à ele. Tudo bem que segurar as mãos era o que eu menos queria naquele momento, mas já seria um sinal ínfimo de interesse. Mais do que eu tinha tido até ali.

Ela pairou entre a gente por longos minutos sem qualquer atitude da parte dele.

Eu cruzei e descruzei as pernas incansáveis vezes. Me peguei assistindo um casal mais a frente quase fazer um filho com inveja no coração. Chequei as horas no celular. Três vezes. Só consegui olhares bravos dele pela iluminação fraca atrapalhando o ambiente.

Depois de uma hora e meia naquilo, eu joguei tudo pro alto, puxei ele pela nuca e enfiei sua boca na minha.

Ah, minha paciência não era infinita e eu estava na seca há algum tempo. Fora que só de pensar em estar perdendo a oportunidade, e que minha chefe pudesse ficar possessa se eu estragasse seus planos para a minha coluna, já me dava um leve ataque de pânico.

Surpreendentemente, ele não me rechaçou. Me beijou de volta devagar, como um gentleman, segurando o meu rosto. Eu podia notar ele meio sem reação, sem acreditar que eu tinha o atacado daquela maneira. Nossa posição era estranha, pois ambos tínhamos as mãos no pescoço do outro e um apoio para braço jazia entre nossos corpos.

Com medo de assustá-lo, eu me afastei apenas para levantar aquele obstáculo, e colei meus seios no seu peitoral. Tirei os meus óculos e os dele — não queria mais nada para nos atrapalhar -, e voltei a lhe dar selinhos gostosos e molhados.

Agora sim ele pareceu mais animado. Me beijou com mais vontade, acariciando minha língua, sugando meus lábios. Suas mãos desceram pelos meus ombros, braços, quadril. Até pousarem na parte ínfima da minha coxa exposta, e eu me animei também.

Suspirei na sua boca e puxei sua camisa fechada até em cima na minha direção. Abri uns dois botões, só pra poder riscar minhas unhas pelo pescoço tentador que ele tinha. Ele correspondeu apertando a minha carne nas mãos, se inclinando na minha direção. Agora a coisa estava ficando boa.

Baguncei seus cabelos certinhos e mordi seu lábio inferior. Eu estava doida para desconcertar aquele homem delicioso e só precisava de uma chance.

Passamos o restante do filme naquele amasso com gostinho de proibido, e revelando entusiasmo em conhecer mais do corpo um do outro.

Foi uma delícia, com gostinho de adolescência, e mesmo não tendo passado daquilo, eu cheguei em casa confiante de ter fisgado meu primeiro alvo.

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