2.4 CARTÃO

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— Ainda nessa, Becca? — Victor parou atrás do meu computador e me encontrou com três mil abas abertas, procurando qualquer informação importante sobre os homens da lista.

Infelizmente, o que meus amigos tinham me dito era verdade. Eu precisava arrumar um jeito de encontrá-los na rua ou em algum lugar comum. Abordá-los pela internet não era a melhor maneira de começar uma paquera, era provável que alguns deles achassem que eu fosse uma maníaca por isso.

— Não consigo fazer nada. — resmunguei. — Sei quem eles são, os que eu pesquisei eu sei que ainda estão morando em São Paulo, e sua profissão, alguns achei fotos pra ver como eles estão agora, mas isso é tudo! Simplesmente não sei onde começar.

Victor fez uma cara fofa para mim e me deu um afago no ombro, puxando a cadeira da mesa ao lado para sentar comigo. Ele apoiou o cotovelo na mesa do balão e enfiou seus grandes olhos azuis na telinha.

— Piranhar nunca foi tão difícil, ein? — Brincou.

Dei um tapinha nele e nós dois rimos estupidamente. Ele suspirou e tomou o mouse da minha mão, abrindo a aba de fotos de um dos caras e soltando um assovio.

— Eu disse que tenho bom gosto — dei língua a ele — Você que nunca acreditou em mim.

— Culpa daquele imbecil do seu namorado, né, Becca? — estava prestes a retrucar o que ele estava dizendo quando revirou os olhos e concordou com a cabeça. — Tá. Gato. Mas um imbecil, nem dava pra ver a beleza dele. Só quando estava de boca fechada.

Com isso eu podia concordar.

Victor ainda clicou em mais algumas abas e despejou mais alguns de seus comentários incisivos e sarcásticos, mais fazendo bagunça em minha pesquisa do que me ajudando. Depois, resolveu sair porque tinha uma fofoca quente para colocar no ar.

— E a fofoca nunca espera! — anunciou.

Peguei-me rindo baixinho enquanto voltava para a minha busca. Desfiz alguns clipes, tomei café, comi uma banana, respondi com "aham" todo mundo que falou comigo, sem notar o quanto de tempo eu passara enfiada nas minhas buscas.

Quando vi, já era noite. O escritório estava em silêncio e eu só reparei porque Zara parou em frente à minha mesa, sacolejando as chaves de sua sala.

— Pra casa, Becca — Zara ralhou comigo.

Arregalei meus olhos e encarei o horário do meu computador. Eram quase oito da noite e como eu não tinha tirado hora de almoço, aquilo significava que eu estava passando quase três horas da minha carga. Zara com certeza estaria zangada se eu não tivesse aceitado a sua proposta.

— Ah, é, eu já vou. Deixa eu só... — tentei.

— Rebecca, para casa — insistiu. — Não quero que você se mate de trabalhar, só quero a sua coluna de volta aos eixos, entendeu?

Concordei com a cabeça e encarei meu computador, com pena de ter que fechar todas as abas de pesquisa e começar tudo de novo no dia seguinte. Comecei a favoritar aba por aba e Zara, ao perceber minha movimentação, deu a volta na minha mesa e parou atrás de mim.

— Sabe... Se você tivesse me falado antes...

Zara disse apenas isso e saiu de trás de mim, voltando para a sua sala. Parei de fazer meu trabalho por cinco segundos, encarando-a, antes de voltar freneticamente, sabendo que se eu não tivesse acabado até a hora dela retornar, provavelmente estaria sob perigo de ser escoltada para fora pelo segurança e com uma ameaça risonha de levar um porta-lápis na cabeça. Zara nunca tinha jogado nada em ninguém, mas eu não ficaria para provar a teoria.

Quando ela me alcançou, eu desliguei o monitor rapidamente e agarrei minha bolsa, fingindo que estava pronta o tempo todo. Sorri confiante e me levantei.

Ao invés de caminhar comigo até a saída, ela me ofereceu um cartão de visita.

— Esse é o melhor investigador da cidade. Ele sempre faz uns trabalhos pra gente. Dá uma ligada pra ele, vê se ele está livre pro projeto. — ela me piscou um olho. — Quanto mais cedo começarmos, melhor.

E com isso, ela se foi, me dando liberdade para fazer mais horas extras.

Legal!

Porém, assim que voltei a me sentar, senti meu estômago roncar de fome e decidi ir fazer um lanche antes de ligar para o tal investigador. Ou, talvez, eu ligasse enquanto comia.

Peguei minha bolsa e saí da redação, já completamente vazia, e peguei o elevador. Dois andares abaixo, ele parou e abriu, mas ninguém entrou. Comecei a apertar o botão do térreo impacientemente com a mão que ainda segurava o cartão de visitas do investigador.

— Segura! — ouvi um homem gritar. — Espera!

Estiquei o braço a frente e o sensor do elevador fez com que as portas se abrissem novamente. O homem entrou no lugar segurando um copo de café, com um sorriso agradável de culpa. Ele era muito bonito, mas resolvi encarar o painel de números porque eu sabia que estava alterada pela falta de sexo e tinha doze caras pela frente. Mais um era, com certeza, um problema.

— Cansei de esperar e saí para tomar um café — desculpou-se.

Balancei a cabeça afirmativamente, tentando não julgar a pessoa que colocava cafeína no corpo quando o sol já tinha se posto, e resolvi apertar o botão do térreo mais uma vez, rezando que isso nos fizesse chegar mais rápido lá embaixo para que eu resolvesse tudo logo.

O homem apontou para a minha mão com o cartão e franziu a testa.

— Ei! — riu. Ele segurou meu pulso e antes que eu pudesse sacudir meu braço, puxou minha mão para perto, avaliando o cartão preso entre meu indicador e polegar. — Esse sou eu!

Amor&SexoWhere stories live. Discover now