3.3 SEGUNDA REUNIÃO

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Ao ver Evan sair pela porta, soltei o ar que não sabia estar segurando. Ele me deixava nervosa de um jeito que a adolescente em mim não se controlava.

Levantei da mesa onde tinha me escorado para passar meu número a ele, pronta para pegar o caminho de casa. Aquela cafeteria era bem simpática, e bem entre minha nova casa e o trabalho. Provavelmente eu acabaria frequentando mais vezes.

Fui para o caixa antes, com a intenção de pegar um capuccino para a viagem. Queria tomar alguma coisa gostosa e que esquentasse meu estômago, para continuar com as sensações que Evan tinha me causado por mais tempo.

Minha vez chegou rapidamente, e eu já tinha a carteira na mão para pagar quando reconheci a pessoa do outro lado do balcão.

— Lorenzo? — Perguntei, meio incerta. Já tinha pagado mico o suficiente por toda aquela semana.

Ele levantou a cabeça da máquina de expresso e abriu um sorriso largo ao me reconhecer.

Eram, tipo assim, os dentes mais perfeitos do mundo.

Sério. Precisava do número do dentista dele.

— Rebecca! O que você tá fazendo no meu humilde local de trabalho? — Ele saudou, em uma fofura infinita.

Já tinha decidido não ir mais pra casa. Na verdade, acampar ali pra ficar olhando pra ele indefinidamente me parecia uma ideia cada vez mais agradável.

Ok, vamos lá. Hora de explicar.

Enzo era o irmão mais novo de Victor. Eu o conhecia há um bom tempo já, desde que ele e o irmão vieram parar em São Paulo porque a mãe de Victor não aceitou sua sexualidade. Mas fazia alguns meses que eu não o encontrava, e era seguro dizer que o tempo o fez um bem danado.

Ele tinha os cabelos mais longos desde a última vez, em um topete de lado que me dava vontade de passar os dedos ali. Também tinha dois minúsculos glóbulos azuis que pareciam tão sinceros quanto possível.

Tudo bem, a mãe deles podia ser uma megera, mas ela sabia fazer filho muito bem, obrigada.

— Estava só de passagem. — Eu disse, sem graça. — Quer dizer que você trabalha aqui agora?

Ele começou a me acompanhar pelo balcão, até que estivéssemos longe dos clientes e pudéssemos conversar direito. Tirou o avental e saiu por uma portinha que eu não tinha notado, arrumando a camiseta amassada.

— Ah, depois de tentar duas faculdades diferentes e não ter me identificado com nenhuma, o Vi me arrumou esse furo aqui para que eu possa me estabelecer até tentar de novo. Na verdade, hoje é meu último dia de treinamento, amanhã eu sou transferido para a unidade ao lado do prédio onde vocês trabalham! — Explicou, alegre.

Esse era o Enzo que eu conhecia. Sempre sonhador demais para se contentar com profissões mundanas.

— Entendi. Bom, eu tenho certeza que você vai achar a coisa certa na hora certa. E até lá vai ser ótimo esbarrar mais vezes contigo! — Afaguei seu braço, sentindo os músculos discretos de bíceps por trás.

Boba, eu? Imagina!

— Obrigada, Becca. Mas e você? Continua com o... Qual o nome dele mesmo? — Eu tinha a impressão de ele estar jogando verde, mas o sorriso que abri ao negar com a cabeça deixou claro que ele podia ser descarado o quanto quisesse.

— Bruno. E não, estou solteira agora. — Bati os cílios para ele, e recebi mais um daqueles sorrisos matadores.

— Fico feliz de ouvir isso. Você é bonita demais para perder seu tempo com um idiota daqueles.

Boa, garoto. Gosto assim, atitude!

— É gentileza sua. — Abanei o ar. Sentia minhas bochechas quentes e não queria imaginar o quão patética eu estava parecendo.

— Antes fosse. Escuta, eu tenho que voltar para o trabalho, aqui só fecha às dez. Mas eu realmente espero te ver de novo. — Ele sugeriu, em mais um sorriso, o polegar apontando para o balcão atrás de si.

Alguém fecha a boca desse infeliz? Assim fica difícil responder.

Nós trocamos mais algumas palavras de adeus e eu saí rumo ao meu apartamento.

Estava com a sensação de ter esquecido alguma coisa, mas minha cabeça estava mais ocupada pensando em como Victor seria tudo de bom se fosse hétero também.

Não foi até eu estar confortavelmente jogada no sofá, já sem sapatos e com os olhos no teto que eu lembrei.

O maldito capuccino!

Amor&SexoWhere stories live. Discover now