4.6 A NIGHT

176 12 1
                                    

Entrei naquele lugar gigantesco tendo certeza que nunca ia encontrar com Fred. A música era muito alta e todas as pessoas cretinamente bonitas, o que significava que eu tinha um bom número de motivos para estar distraída, esbarrando todo mundo ao andar.

O modo como o segurança grandalhão me colocou para dentro depois de eu ter dito apenas metade do meu nome ainda girava na minha cabeça. Tava na cara que eu tinha subestimado o poder que um jogador de futebol poderia exercer naquele tipo de ambiente.

A pulseira verde firmemente presa no meu pulso indicava que eu tinha acesso irrestrito ao camarote e eu logo supus que era lá que eu teria alguma chance de encontrar meu alvo.

Olhei pra cima, entre todos os holofotes coloridos e uma gaiola suspensa onde uma mulher dançava e avistei um piso superior. Deveria ser ali.

Dei a volta no lugar inteiro à procura de uma escada que, claro, estava no último canto pelo qual eu passei. Naquela altura do campeonato eu já estava uns bons quarenta minutos atrasada — minha habilidade para aquilo era surpreendente — e já esperava encontrar Fred com uma loira em cada braço. Isso se eu o encontrasse!

Mais um segurança driblado depois, cheguei a uma área repleta de sofás de camurça e mesas de vidro fumê. A música ali era mais abafada, permitindo que as pessoas conversassem, e a luz também era reduzida, o que resultava em casais e mais casais se pegando em cima dos estofados.

Estreitei os olhos e encontrei Fred em uma mesa com algumas outras pessoas, amigos provavelmente. Ele estava sozinho, comportado, um drink na mão e o olhar nublado fitando ninguém em específico, e eu agradeci aos céus o fato de que pelo menos ele era fiel aos seus compromissos.

Me aproximei sorrateira, com uma careta fofa especialmente pensada para fazê-lo perdoar meu atraso. Ele abriu um sorriso largo ao me ver, me cumprimentou com dois beijos, um em cada bochecha, e me apresentou aos amigos. Três homens malhados como ele, provavelmente de seu time, e cinco garotas com tudo em cima, provavelmente Marias Chuteira.

Elas sorriram um pouco forçado, me identificando como concorrência, mas eu não liguei e logo estava sendo puxada para outra mesa, uma vazia.

Nos sentamos — ele absurdamente próximo, minha coxa quase no seu colo — e iniciamos uma conversa animada sobre a boate.

— Becca, quer beber alguma coisa? — Perguntou-me, simpático, e ainda próximo demais para a minha sanidade.

— Eu sou apaixonada por Mojitos — Sugeri, sem querer demandar nada. Vai saber o preço das coisas naquele lugar.

— Um Mojito caprichado então — Ele sorriu, fazendo sinal para um garçom.

Garçom. Haviam garçons naquele lugar. Numa balada.

Eu precisava ficar rica de uma vez para me acostumar com essas coisas.

— Traga um Mojito para a princesa aqui e mais uma bem gelada pra mim — Fred pediu, sinalizando a cerveja de marca importada que eu nunca tinha visto na vida em cima da mesinha de centro. O garçom acenou e minutos depois voltou com nossos pedidos.

Continuamos conversando por um bom tempo, falando cada vez mais próximos um do outro e entornando drink após drink.

Infelizmente, Henrique estava certo em tudo. Ele não tirou os olhos do meu decote — e eu precisava dizer que estava aliviada de poder mostrar carne com esse homem, porque a Becca comportada de Evan me dava agonia —, mas sempre dava um jeito de fazer a conversa voltar para futebol.

Em cada frase ele mencionava times, jogadores e técnicos que eu com certeza não tinha tido tempo para conhecer ou decorar, e o álcool subia à minha cabeça, deixando meus comentários fazerem cada vez menos sentido.

Amor&SexoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora