2° Capítulo

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Até hoje ele consegue se lembrar do jeito que o cheiro de baunilha encheu o pequeno quarto e a primeira vez que ele estava sozinho com ela. O cabelo dela estava encharcado, ela tinha uma toalha enrolada em volta do corpo cheio de curvas e foi a primeira vez que ele prestou atenção em como o peito dela cora quanto ela fica brava. Ele iria vê-la brava de novo, mas muito brava, mais vezes do que ele podia contar, mas ele nunca, nunca, ia esquecer o jeito que ela tentou ser educada com ele em primeiro lugar. Por nenhuma razão sequer. Ela não deve nada a ele, ela ainda não deve, e ele só pode esperar para vê-la brava com ele de novo e de novo pelo resto da sua vida.

O primeiro dia do semestre de outono é sempre o melhor para observar as pessoas. São muitos idiotas correndo ao redor como galinhas com suas cabeças cortadas, muitas meninas vestidas com os seus melhores trajes na tentativa de chamar a atenção dos homens.

É o mesmo ciclo a cada ano em todas as faculdades de todo o mundo. Apenas acontece que a Universidade do Estado de Washington e aonde eu estou condenado a estar. Gosto daqui o suficiente, é fácil e os meus professores me dão várias folgas. Apesar de eu não dar a mínima, Estou bem decente academicamente. Se "eu me dedicasse mais" eu poderia estar ainda melhor. Mas eu não tenho tempo nem energia para ser obcecado por notas ou planos ou qualquer coisa que eu pudesse ser obcecado.

Sentar na frente da União dos Estudantes é o lugar privilegiado para o show. Ver todos os pais em lágrimas é a minha parte favorita. É divertido pra mim, porque a minha mãe não conseguia se livrar de mim o suficiente e alguns pais aqui agem como se os seus malditos braços estivessem sendo cortados quando os seus filhos, os filhos adultos penso eu, estão indo para a faculdade. Uma mulher com enormes seios falsos e cabelos descoloridos abraça seu insignificante filho, vestindo uma camisa xadrez, e eu estou cheio de sorrir quando ele começa a chorar no ombro da sua mãe. Que merda. Seu pai está mais atrás, longe da visão patética olhando para o seu relógio caro, esperando seu filho e sua esposa parar de choramingar.

Eu não consigo imaginar a sensação de ter meus pais obcecados por mim. Minha mãe sempre foi carinhosa, tão carinhosa quanto ela poderia ser, mas eu lutei conta isso. Eu não aceitava e ainda não aceito. Nem dela, nem de ninguém.

"Ei cara" O Niall se senta na minha frente na mesa de piquenique e puxa um cigarro do bolso. "Qual é o plano para hoje a noite?" Ele pergunta enquanto seus dedos apertam o isqueiro.

"Eu não sei, vamos encontrar a Steph em seu quarto" Eu dou de ombros e puxo meu celular do bolso para verificar as horas.

Niall me irrita para irmos a pé ao dormitório da Steph na União dos Estudantes. Não é uma caminhada longa, leva dez minutos ou algo assim, mas eu prefiro dirigir do que andar no meio dos alunos ansiosos com a sua melhor faculdade.

No momento em que chegamos aos dormitórios, Niall está falando sobre a festa neste fim de semana. É sempre o mesmo a cada fim de semana. O que tem para ficar animado com isso?

Tudo é sempre o mesmo para mim. O mesmo grupo de amigos, mesma quantidade de sexo, mesmas festas, mesmas merdas, dia diferente.

"Devemos bater, lembra como ela ficou chateada da última vez?" Niall me lembra.

Eu ri para mim mesmo. Sim eu lembro aquele dia. Foi no último semestre e eu entrei no quarto da Steph sem bater. E eu encontrei ela de joelhos na frente de um idiota. Eu chamo ele de idiota, porque, bem, porque ele estava usando chinelos. Um homem de chinelos é automaticamente um idiota. Ele estava envergonhado e Steph estava muito chateada, jogou cada item que ela tinha na direção da minha cabeça.

Isso fez com que ela me ignorasse a semana inteira. Para este dia, eu não dou a mínima.

"Sim, eu lembro" eu finalmente paro de rir quando ela grita para nós entrarmos.

Before (Tradução Português/BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora