1° Capítulo

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A neve caía cobrindo o concreto quando ele se sentou sozinho no estacionamento. Suas mãos estavam segurando o volante de seu velho Ford Capri e ele mal conseguia enxergar direito, muito menos pensar direito. Como ele podia ter feito isso? Como foi tão longe tão rápido? Ele não tinha certeza, mas ele sabia, ele sentiu no fundo de seu interior que não deveria ter feito isso e sabia que ele iria se arrepender. Mas ele já havia feito.

Ela deveria ser um alvo fácil. Uma menina bonita com um sorriso inocente e estranhos olhos coloridos que não deveriam ter significado nenhum. Ele não deveria se apaixonar por ela e ela não deveria fazê-lo querer ser uma pessoa melhor. Ele pensou que estava bem antes, ele estava indo muito bem antes de permitir que ela se tornasse o seu mundo. Ele a amava. Ele a amava tanto que estava com medo de perde-la, porque perde-la significava perder-se e ele não poderia perder alguma coisa depois de passar toda sua vida sem ter algo a perder.

Enquanto ele segurava, mais os nós dos seus dedos ficavam brancos contra o volante preto, os seus pensamentos tornaram-se mais confusos. Ele tornou-se mais irracional e desesperado e ele percebeu naquele momento com o silêncio do lote vazio afogando seus medos que ele faria qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa para mantê-la para sempre.

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TRÊS MESES ANTES...

Os últimos dias de férias de verão são sempre os melhores. Todo mundo fica em um foda frenético, vivendo os seus planos e desejos de verão de última hora. As festas ficam mais lotadas, as meninas ficam mais selvagens, mesmo que eu não consiga esperar para a merda do semestre começar. Não é porque eu sou um calouro idiota, animado para o mundo maravilhoso da universidade. Não, porque se eu jogar as minhas cartas bem, vou me formar na primavera, um ano antes do tempo.

Nada mal para um delinquente, ninguém pensou que um dia eu iria frequentar a universidade. Minha mãe estava tão aterrorizada com o meu futuro que me mandou para a merda do outro lado do mundo para o grande estado de Washington para viver com meu pai.

Ela usou a besteira de uma desculpa de que ela queria que eu me "reconectasse" com ele, mas ela não me enganava. Eu sabia que ela simplesmente não podia e não queria lidar com a minha merda, por isso estou aqui.

"Você está quase lá?" O cabelo rosa e os lábios inchados olham para mim entre as minhas pernas. Eu tinha quase me esquecido que ela estava aqui.

"Sim" eu coloco minhas mãos em torno dos seus ombros e fecho os olhos, deixando que o prazer físico que ela está me dando, me assumir. Uma distração, que é o que ela é. Todas elas são.

A pressão da minha espinha aumenta, e eu tento fingir que eu estou desfrutando da sua companhia por mais de prazer sexual quando eu libero em sua boca quente. Segundos depois, ela está limpando os lábios com as costas da mão e em pé.

"Sabe," Molly pega sua bolsa e tira um tubo de batom. "Você podia pelo menos fingir estar interessado, idiota"

"Eu estou" eu limpo minha garganta. "Fingindo que estou" Eu zombo dela. Ela revira os olhos e levanta o seu dedo do meio para mim. Estou interessado sexualmente, pelo menos. Ela é só uma transa, o suficiente, e ela é uma boa companhia ás vezes.

"Caralho" ela murmura, fechando a tampa do seu batom. Ela estava melhor com os lábios naturalmente cor de rosa, que estavam inchados por ter o meu pênis em sua boca.

Molly é uma conhecida minha. Bem, amiga com benefícios, eu diria... Nossa "amizade" não é exclusiva, nem um pouco, e ambos temos total liberdade para fazer o que quisermos, ou quem diabos quisermos. Ela me odeia metade do tempo, mas eu estou bem com isso. É mútuo.

O resto dos nossos amigos não dão a mínima sobre isso, mas isso funciona. Estou entediado e ela está aqui, ela tem uma boa cabeça, e ela também não fica em cima depois. Situação perfeita para mim, e para ela também, pelo que parece.

"Você vai estar aqui hoje á noite, para a festa?" Ela pergunta.

Eu me levanto também, puxando minha cueca e minha calça jeans até minhas pernas. "Eu moro aqui, não moro?" Eu levanto uma sobrancelha para ela. Eu odeio isso aqui e diariamente me pego perguntando como diabos eu acabei em uma fraternidade?

A merda do meu doador de esperma. É assim. Ken Styles é um nota A, foda-se, o pior tipo. Alcoólico, fodeu toda a minha infância, só para magicamente transformar sua vida e, provavelmente, se casar novamente com uma senhora com um filho apenas dois anos mais novo que eu.

Vai fazer tudo de novo, eu suponho. Ele consegue fazer tudo de novo e eu tenho que estar em uma estúpida merda de fraternidade na faculdade onde ele basicamente tem um cargo. A estúpida merda de fraternidade tem suas vantagens, eu acho. Uma casa enorme, com festas quase todas as noite, um fluxo constante de 'buceta' sem fim. E a melhor parte de tudo isso, ninguém fica no meu pé.

Nenhum dos garotos idiotas da fraternidade parecem se importar com o fato de que eu não faço nada para realmente representar a casa. Eu não uso as suas camisetas estúpidas ou colo seus estúpidos adesivos no meu carro. Eu não participo de qualquer merda de voluntários, e eu com certeza não saio por aí gritando o nome da merda da fraternidade. Eles fazem alguma merda para a comunidade, mas quando você não da a mínima para a comunidade, nada disso importa.

Quando eu olho ao redor do quarto, ele está vazio. Molly deve ter saído sem eu sequer ter notado. Eu pego meu celular e as chaves da estante vazia no canto do quarto desocupado e abro a janela para deixar um pouco de ar no lugar antes que eu use-o novamente esta noite. Todos estes quartos vazios estão a meu favor, eu não suporto ter pessoas no meu quarto. É muito pessoal ou algo assim, eu não sei, mas eu não gosto e todo mundo aprendeu de uma forma ou de outra a não entrar em meu quarto.

Quando eu viro a chave na fechadura, Louis tropeça no corredor com uma garota de cabelos crespos curto debaixo do braço. Ela não esconde o que ela quer fazer com ele e eu não escondo o meu desgosto.

"Arranjem um maldito quarto", eu grito para eles. Ela ri e ele me manda embora. Esse é o padrão por aqui. Todo mundo meio que me ignora, ou simplesmente me diz de uma forma ou de outra, pra mim "se foder". Eu estou bem com isso, eu não me importo com as pessoas de qualquer maneira. Eu prefiro me sentar aqui, no meu quarto, sozinho, á espera da próxima transa.

Meus dedos traçam sobre as prateleiras empoeiradas da minha estante. Eu não posso decidir qual romance eu sinto que vivo agora, Hemingway, talvez? Ele pode me dar uma boa dose de cinismo. Bronte? Eu poderia usar uma besteira de história de amor disfuncional agora. Estendo a mão para Wuthering Heights e chuto minhas botas antes de deitar na minha cama.

Eu não sei o que há neste romance que me leva a ler e reler tantas malditas vezes, mas eu sempre me pego folheando as páginas do conto sombrio. É realmente fodido duas pessoas se unindo em seguida se separando, destruindo a si mesmos e a todos ao redor, porque eles eram muito egoístas e teimosos para ter suas merdas juntos.

Para mim, essa é o melhor tipo de história de merda. Eu quero sentir alguma coisa enquanto estou lendo e sentimentos, rosas e romances ao sol me faz querer vomitar em suas páginas e queimar as provas depois.

"Porra, sim" Eu ouço uma voz feminina gritar através das paredes finas de papel.

"Cale a boca!" Eu bato o punho contra a madeira velha, pegando meu travesseiro e empurrando-o contra os meus ouvidos.

Mais uma merda de ano. Mais um ano de besteiras, de cursos e exames fáceis. Mais um ano de festas chatas cheias de pessoas que se importam demais com o que todo mundo pensa sobre eles. Mais um maldito ano que eu tenho que aguentar aqui e assim poder voltar para Londres, que é onde eu pertenço.

Before (Tradução Português/BR)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora