lua cheia

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Ten saiu correndo o mais rápido que pode depois de conseguir o molho de chaves. Vomitou em qualquer lugar, entregou a chave do porão para Donghyuck e deixou o restante no armário de Taeyong antes de seguir caminho para seu canto.
O canto era basicamente o lugar onde ia quando estava com a cabeça muito cheia, se sentindo um inútil ou com vontade de morrer, por conta disso acabava por ir lá quase todos os dias.
Era uma casinha na árvore pequena e caindo aos pedaços que ficava em um parque da cidade bem próximo a sua casa. Sempre ia ali na infância quando as coisas estavam muito feias em casa, era um lugar calmo e acolhedor que o protegia do pai bêbado e violento que tinha. Queria poder ter trazido a mãe na época, talvez assim ela não estaria enterrada a alguns metros do chão no jardim de casa.
Entrou na casinha, se certificando de que não estava sendo seguido e deitou no colchonete improvisado que ali havia.
Derramou todas as lágrimas que havia segurado enquanto estava com Taeyong e ainda algumas outras por Youngho.
Sentia falta do mais velho ao seu lado. Ele era o único que o fazia se sentir seguro e amado em meio a tanta merda que era sua vida. Mas no fim, havia perdido a única pessoa que o fazia se sentir bem por culpa daquele Lee desgraçado.
Ainda sentia o gosto dele na boca e chorava de raiva misturado a frustração. Era tanta coisa ruim acumulada que só conseguia chorar, chorar e chorar.
As lamúrias já se tornavam mais fracas e contidas conforme o sono começava a tomar conta do tailandês. Já estava quase fechando os olhos quando ouviu barulho de passos na escada de madeira.
Encolheu-se assustado, com medo de olhar para trás.
Da última vez que aquilo acontecera se tratava de seu pai vindo lhe dar boa noite, - como dizia o velho ao mentir para sua mãe. Temia só de recordar aquilo.
- Ten - ouviu uma voz baixa e calma chamar.
O coração de Ten se acalmou e ele suspirou aliviado quando reconheceu a voz de Youngho.
- Sabia que estaria aqui - ele riu soprado ao ver o garoto encolhido no colchonete fino.
Ten se virou devagar, encarando o Seo e cobrindo parcialmente o rosto molhado pelas lágrimas com o lençol.
O pequeno sorriso que Youngho tinha no rosto morreu no mesmo instante em que notou a tristeza no olhar do outro.
Se aproximou e tirou os sapatos, deitando ao lado de Ten, de frente para o mesmo.
- Por que está chorando? - perguntou, secando o rosto do tailandês delicadamente com as costas da mão e tirando alguns fios que lhe caiam sobre os olhos.
Ten sentiu as lágrimas voltarem e afundou a cabeça no peito do mais velho, tremendo o corpo todo ao chorar ainda mais. Youngho envolveu o corpo magro com carinho, acariciando as costas de Ten e sentindo vontade de chorar só de notar o quão sofridas eram as lamúrias do menor.
- Me desculpe pelo vídeo, Ho - Ten murmurou contra o tecido do moletom do outro - Desculpe por ser tão detestável... eu não mereço você.
- Nunca mais diga isso, Ten - Youngho falou sério, se afastando o mínimo para levantar o rosto do tailandês e fazê-lo olhar em seus olhos - Você merece o mundo. Sei que não foi culpa sua e agora não importa mais, o vídeo foi excluído. Eu que fui um idiota por ter brigado com você por um motivo tão besta. Desculpe, desculpe, desculpe...
A cada pedido de desculpas Youngho deixava um selar no rosto do tailandês, até ele começar a sorrir bobo pela cena tosca e afastar o rosto.
Ten encarou a face bonita a sua frente, se sentindo completo novamente, feito a lua cheia que os observava do céu . Era incrível como Youngho o fazia esquecer de tudo e de todos tão rapidamente.
Seu olhar sereno transmitia calmaria e seu abraço apertado lhe aquecia e protegia do mundo.
Ten aproximou o rosto, beijando calmamente os lábios cheinhos e macios do outro e logo descendo o rosto, descansando a cabeça no pescoço do Seo, sentindo-o apoiar o queixo em sua cabeça.
- Ho - chamou baixinho, o hálito morno batendo contra a pele do pescoço alheio.
- Sim?
- Essa é sua resposta? - perguntou divertido, não esperando ganhar um sim tão rápido.
- Depende da pergunta - Youngho riu soprado.
- Você me ama?
- Então é sim.
Ten sorriu e Youngho aumentou o aperto, acariciando os fios do tailandês carinhosamente até pegarem no sono.

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número de palavras: 743

cool kids | markhyuckOnde as histórias ganham vida. Descobre agora